segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O DESAFIO ESTA LANÇADO - Clóvis Veronez

No passado, a aristocracia pelotense, abrigada nos seus lindos salões e, sob as máscaras venezianas, tripudiava de quem ficava de fora, na rua (não por acaso a mão de obra da sua riqueza e opulência).

Aqueles pobres, na maioria descendentes de escravos, eram os "pulhas", sua música, sua algazarra, seus tambores eram expressões menores da cultura, não pertenciam a sua Atenas, Veneza ou Paris importadas e alimentadas por "fetiches" mesquinhos.

Com o tempo, esse povo consolidou aqui e no Brasil, mesmo a contragosto das elites, o samba e o carnaval, como expressões maiores, na cultura nacional.

Agora, o governo municipal parece referenciar-se no pensamento aristocrático que alimenta o mito de uma "Atenas Cultural", para excluir das suas prioridades na área da cultura, os "pulhas" e sua algazarra na festa popular.

O tema merece toda atenção e o poder público precisa ser cobrado por essa atitude, repassar valores as entidades sem oferecer estrutura para realização dos desfiles parece, no mínimo, irresponsabilidade.

Diante do descomprometimento governamental, cabe as entidades e aos ativistas da área da cultura a proposição de uma pauta, que encaminhe inicialmente a viabilização de condições mínimas para a realização do evento em 2016 e, logo após, uma discussão de "fôlego" sobre o MODELO conveniente ao desenvolvimento dos fatores culturais, estéticos e econômicos do carnaval em Pelotas.

Atrevo-me a afirmar que, tal modelo não deve tomar por base o carnaval do Rio de Janeiro, mas buscar na evolução de sua raiz histórica a fonte de inspiração para, criativamente, reinventá-lo, agregando valor a sua cadeia produtiva e direcionando vistas ao seu desenvolvimento sustentável, como produto.

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