quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Punta del Este, branca e sofisticada, sonho de consumo de muitos brasileiros.


A cada poucos dias surge uma discussão nova na mídia e nos grupos sociais.
A mais recente relaciona-se com o texto de Paulo Santana sobre Punta del Este que, em alguns momentos, lembra um anúncio mostrando as vantagens. sob uma ótica muito presente dentro do mercado turístico e imobiliário,  de se visitar e, eventualmente, investir no balneário uruguaio.
Ressalta, na verdade,  aspectos que frequentemente em nossa sociedade são tidos como positivos e aparecem incorporados, embora não de forma assim , obviamente, tão escrachada, em´propaganda de venda de condomínios, por exemplo.
frequentadoras de Punta del Este
E são exatamente esses aspectos que leva para Punta del Este um contingente de argentinos e brasileiros à procura de seu ambiente sofisticado e europeizado , uma espécie de Côte d´Ázur sul-americana,  assim como, um pouco segundo aspectos semelhantes, Gramado atrai turistas.
Também , até agora, já se disse muita coisa, de certa forma praticamente tudo que se podia dizer, sobre a natureza racista e xenófoba do texto.
Quase sempre levantando críticas, críticas fortes, procedentes se diria.
A única defesa com um certo alcance partiu de Marcos Coimbra que afirma, inclusive, ser desafeto de Santana.
Surgiu muito, também, a acusação do cronista estar senil.
Não é de duvidar, embora não seja demais ressaltar que senilidade não é exatamente algo a ser atacado, do ponto de vista médico é um processo ao qual todos nós, sem exceção, podemos estar sujeitos com a idade avançada.
Só não caberia, claro, alguém nessas condições ter o espaço que tem para escrever publicamente.
Hotel e Cassino Conrad, símbolo da cultura de Punta del Este
Mas , a  todas essas,  Paulo Santana fica exatamente no ponto onde sempre quis estar e que lhe permitiu ter a notoriedade que tem.
No centro de uma polêmica, do tipo falem mal de mim, mas falem.
Até hoje, porque há leitores que apreciam, o estilo deu certo.
Ou seja,  para ele e para o jornal que o emprega, parece ter sido um bom negócio.
Temos hoje na imprensa brasileira vários exemplos de jornalistas e de programas que, um dia sim outro não, dão voz a um discurso com diferentes graus de golpismo e racismo , para ficar por aqui, com público certo.
Pelo menos, hoje, os blogs e as redes sociais, criam uma alternativa para a expressão de idéias, um contraponto que tem conseguido neutralizar um pouco os efeitos desse tipo de jornalismo.
Mas, para situar melhor a questão, para quem não leu, transcrevemos ( e vejam, lhe dando mais publicidade) o texto de Paulo Santana.

P.R.Baptista

Paulo Sant'Ana: o céu de Punta

Punta del Este é um paraíso encravado no inferno do Uruguai.

Punta del Este foi erguida pelos argentinos para gozar as delícias da praia, a delicadeza do trânsito e, principalmente, a vantagem enorme de não conviver com os uruguaios. Há gente de todo o mundo em Punta, menos uruguaios. Por isso, os argentinos se refugiaram lá.

***

Mas, aos poucos, os argentinos estão cedendo terreno em Punta del Este para os brasileiros, em breve haverá mais brasileiros em Punta do que argentinos.

É que as sucessivas crises financeiras que assolaram a Argentina pós-Perón foram empobrecendo os portenhos e eles passaram a vender suas casas e apartamentos em Punta del Este.

***

Não vou a Punta del Este por sua beleza natural e arquitetônica, que é indiscutível. Vou por dois motivos: os cassinos e os pêssegos.

São os pêssegos mais deliciosos do mundo, os de Punta, mais doces que as tâmaras do Líbano e mais suculentos que as laranjas de Taquari.

Pena que os pêssegos de Punta não dão nas quatro estações. Mas na única estação que vicejam já me bastam para comer centenas deles em apenas 60 dias.

Não é preciso dizer que tanto o Oceano Atlântico quanto o Rio da Prata, que banham as duas margens da península em Punta, têm águas geladas, nem sei como alguns turistas se atrevem a mergulhar nelas.

Se Punta del Este tivesse as águas das suas praias quentes como as de Jurerê, seria a cidade mais frequentada do mundo.

Mas a água é gelada, nem pinguim conviveria com ela.

Mas as ruas e avenidas de Punta são limpíssimas, arejadas por árvores inúmeras e têm um trânsito pacífico e convidativo como não há igual em nenhuma cidade do planeta.

Eu nunca vi um acidente de trânsito em Punta del Este. Dizem que já houve, mas eu nunca vi. É de admirar isso, afinal é estreita a península, mas acontece que o trânsito só é intenso no verão. No inverno, parece trânsito destinado exclusivamente aos pedestres, tão suavemente se comportam os motoristas em Punta.

***

Finalmente, é incrível, mas não há sequer um negro em Punta del Este. A 150 quilômetros de Punta, em Montevidéu, há milhares de negros.

Mas em Punta nenhum empregado, nenhuma empregada doméstica negra, nem camareiras de hotel.

Foi feita em Punta uma segregação racial pacífica e não violenta.

Há mais negros na Dinamarca e na Noruega do que em Punta del Este.

Ou melhor, não há sequer um só negro ou uma só negra em Punta.

LER COMENTÁRIOS NO FACEBOOK >>>

domingo, 28 de dezembro de 2014

Escrever, por Lilian Velleda Soares

Entre os escritores e escritoras que vivem em Pelotas, às vezes encontro Lilian Velleda Soares.
Considerando a desatenção existente com relação aos escritores locais, imagino que ainda pouco conhecida.
No entanto mostra-se uma escritora muito sensível e talentosa, apenas à espera dos leitores.
Transcrevo da autora uma crônica publicada na "Palavraría" sobre o ato de escrever, tema que tem em "Cartas a um Jovem Poeta" de Rilke uma importante referência.

P.R.Baptista
.
Escrever

Diz-me por que escreves, pediu a minha querida Hilda Simões Lopes. 
Não hoje, nem agora. Mas quero partilhar o motivo. 
Um dia encontrei Ernesto Sabato. 
Ele cochichou no meu ouvido haver “provavelmente, duas atitudes básicas que dão origem aos dois tipos fundamentais de ficção: ou se escreve de brincadeira, para entretenimento próprio e dos leitores, para passar e fazer passar o tempo, para distrair ou procurar alguns momentos de evasão agradável; ou se escreve para investigar a condição humana, empresa que não serve de passatempo nem é uma brincadeira nem é agradável”. 
Eu li e reli, alternando dias e meses, esta passagem de O Escritor e Seus Fantasmas. 
E a pergunta feita se insinuou em mim entre um escrito e outro. 
Ela me pertubou por agulhar a necessidade de uma resposta – se eu escrevia para satisfazer minha vaidade, ou por necessidade. 
Eu fugi da resposta, descobrir-me incapaz de contar histórias desconcertava. 
Dor doida.  
Aos poucos descobri que a escrita provedora da vaidade não resiste ao tempo, não suporta a crítica, não enxerga seus limites. 
Narcísica, é incapaz de ver beleza e verdade na escrita alheia – sim, o narcisista desqualifica o que não é seu, por ser incapaz de compreender. 
Acalmei minhas dores ao perceber que sempre se rediz o já dito, cada escritor com uma resposta para  essa indagação. 
E que escrever é difícil, um auto-imolamento. 
Eu me imolo nas canetas e papéis que diante de mim vou amontoando, no pensamento que persigo durante o dia e enquanto durmo em sono profundo. 
Eu me rasgo nesse ato simples e rotineiro de dizer.  
Escrevo atrás de significado para a vida minha e de outros Eus, para repousar os ossos dos dias e entender a calmaria ou o furacão do infinito de dentro. 
Mergulho nessas letras todas, acolherando signos (resiste à tentação de amontoar palavras, adverte-me o escritor!).  
Eles falam de mim e do mundo, e então sinto uma coceira desde os pés até o olho, e vou me entregando endemoniada ao branco da página em branco diante dos olhos turvos pela urgência de dizer. 
O fato é que às vezes sei o início, geralmente sei o fim, busco um meio de caminho, uma ponte que reinstale a minha inteireza e me dê um pouco de paz pelo menos até o próximo rebento. Sim, são meus filhos os meus escritos, eles re-significam a vida. 
Talvez eu não deva, talvez não tenha nada a dizer ao Outro. 
Mas se eu disser apenas para mim (também outro um instante depois), está bom. Posso, pela escrita, me salvar.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Cidade argentina proíbe concursos de beleza por considerá-los sexistas

A questão do feminismo, ou seja, da luta por parte da mulher por direitos com destaque para a dignidade de seu papel dentro da sociedade, tem ganhado, ultimamente, aspectos novos. 
Há muito, por exemplo, são contestados eventos nos quais a mulher se expõe de forma, muitas vezes, discutível . 
Mesmo considerando que são situações, em grande parte,  às quais  a própria mulher se submete  aparentemente de bom grado, cabe sua discussão.
E a notícia, a seguir reproduzida, de recente proibição em uma cidade argentina parece ser um pretexto bem interessante para isso. 

P.R.Baptista
Editor de A METADE SUL


Com desfiles e exibições dos atributos físicos femininos, os concursos de beleza discriminam a mulher e são sexistas, considerou a Assembleia municipal de uma cidade dos Pampas argentinos, que decidiu proibir eventos deste tipo.
A medida foi adotada pelos vereadores de Chivilcoy, 160 Km a oeste de Buenos Aires, uma cidade situada em meio a verdes campos cultivados de soja e que tem uma população de 60.000 habitantes.
"Estes concursos de beleza entre meninas, adolescentes e jovens reforçam a ideia de que as mulheres devem ser valorizadas e premiadas exclusivamente por sua aparência física", diz o texto da lei, aprovada por ampla maioria.
A casa legislativa é controlada pela peronista Frente para a Vitória, no poder em nível federal, e a iniciativa é a primeira do tipo adotada em uma cidade argentina.
Os concursos para eleger a mais bela se baseiam em "estereótipos, promovendo assim, em muitos casos, uma verdadeira obsessão pela beleza física, por um ideal de perfeição que nunca se alcança", prossegue a resolução.
Os parlamentares consideraram, inclusive, que os concursos "desatam doenças como bulimia, anorexia e outros transtornos alimentares".
"A beleza não é um fato objetivável. Portanto, qualificá-la e organizar um cenário de competição é uma situação discriminatória e violenta", acrescenta a norma.
No lugar do concurso, os legisladores aprovaram que a festa municipal de Chivilcoy seja substituída por "uma convocação que reconheça pessoas de 15 a 30 anos que, de forma individual ou coletiva, tenham se destacado em atividades solidárias, com vistas a melhorar a qualidade de vida de bairros desta cidade ou localidades de campanha".
Fonte AFP 

sábado, 20 de dezembro de 2014

A vingança dos coronéis - Roberto Amaral

Empolgado pela candidatura de Eduardo Campos, o PSB após sua morte enveredou por um caminho determinado por circunstâncias momentâneas. Primeiro a candidatura de Marina que demonstrou uma fragilidade rapidamente percebida pelo próprio eleitorado e, a seguir, o apoio a Aécio Neves no segundo turno que foi o epílogo desta curta e equivocada trajetória que colocou a perigo uma longa e honrosa trajetória política do PSB de Arraes.. Roberto Amaral que discordou desse projeto ao final derrotado expõe sua visão.

P.R.Baptista
Editor de A METADE SUL

Uma das mais belas características da militância de esquerda, na realidade um dos seus valores mais caros, é a solidariedade. Perseguidos em seus países, ameaçados em sua sobrevivência material ou mesmo sua integridade física, socialistas, comunistas, progressistas em geral muitas vezes puderam contar com a imprescindível ajuda dos seus pares. Outras tantas vezes, foram abrigados por gente simples, trabalhadores pobres, camponeses, ignorantes de quase tudo mas não desse valor universal, que antecede e transcende o embate político: a solidariedade humana.
Justiça seja feita, militantes perseguidos pelo ‘crime’ de pensar e opinar encontraram abrigo, inclusive, no seio da burguesia. Durante a última ditadura militar, grupos empresariais os mais poderosos, incluída a emissora de televisão que começava a tornar-se um império em conluio com o regime castrense, contaram com o talento e a criatividade de jornalistas, escritores e artistas de esquerda perseguidos pelo regime. Oduvaldo Viana Filho e Dias Gomes, por exemplo, mantiveram o sustento de suas famílias escrevendo telenovelas para a vênus platinada.
Na França conturbada pela guerra da Argélia, oficiais de seu Estado-Maior pediram ao presidente De Gaulle que perseguisse Jean-Paul Sartre, por incitar os argelinos à luta pela independência. O general reagiu com sabedoria: “- Não se prende Voltaire!”
Faço essas observações para contestar o mais novo gesto lamentável da troika que tomou de assalto o PSB: exonerar funcionários ligados a mim, todos de competência jamais contestada, como forma de punição pelos meus ‘crimes de opinião’. Partem, agora, para destituir os presidentes de regionais provisórias que guardam a independência e a dignidade, que deveriam ser o apanágio de todo presidente. Começaram pelo Rio de Janeiro e pelo deputado Glauber Braga. Em vez do debate, em vez da salutar contraposição de reflexões, de argumentos, que faz a vida de qualquer agremiação digna do nome “Partido” (e muito especialmente dos partidos ditos de esquerda)… em vez disso, a reprimenda obtusa, com ranço de coronelismo.
E assim depõem as respectivas digitais no crime de desconstruir um partido. Quem viver, verá.
Após a surpreendente (fiquemos com o suave adjetivo) guinada do segundo turno da última disputa presidencial (guinada que de há muito vinha sendo costurada pelos setores mais atrasados do partido), em que optou por aliar-se à direita dita social-democrata que sempre combatera – quando sob as lideranças vigorosas de Jamil Haddad e Miguel Arraes –, o ainda PSB encontra-se numa espécie de limbo do qual dificilmente poderá sair. Renegando seu Programa, seu Estatuto, as decisões do seu último congresso, o Partido afastou-se da esquerda, mas reluta em integrar-se, de corpo e alma, às fileiras da oposição reacionária e de direita ao governo Dilma. Tampouco apresentou à sociedade brasileira suas credenciais de catalisador de uma ‘terceira via’ alternativa à dicotomia PT-PSDB. Nessas condições, vai-se assemelhando – e aproximando, como é natural – tanto ao camaleônico PSD quanto ao minguante PPS, melancólica contrafação do PCB, entre outras agremiações do estilo. Agora, o partido que sempre integrou e muitas vezes liderou blocos de esquerda, constitui na Câmara Federal um bloco bem à feição da troika, pois integrado pelo nosso PSB, pelo famigerado Solidariedade do Paulinho da Força e o citado PPS. Isso – pasmem! – sem a devida consulta à bancada atual, e menos ainda à que tomará posse em fevereiro próximo.
O PSB é conhecido do eleitorado pelas administrações municipais e estaduais que comandou, no geral com bom êxito. Mas que projeto defende, hoje, no plano nacional? Que compromissos assume (não se iludam: não se faz política sem assumir compromissos)? Está comprometido com a inovadora emergência das massas, com a superação da estrutura ‘Casa-Grande e Senzala’ que ainda molda a nossa sociedade? Ou, pelo contrário, filia-se ao velho projeto do patronato brasileiro, de fazer as mudanças necessárias para que tudo permaneça como está?
E no plano internacional? O Partido afastar-se-á, doravante, da causa palestina e árabe em geral que tanto empolgava Miguel Arraes, do compromisso com a integração latino-americana e do diálogo com países amaldiçoados pelo Departamento de Estado dos EUA, rasgando de novo toda a sua história?
Tudo isso são questões fundamentais, para as quais é fundamental haver respostas, ainda que tentativas. Trata-se, claro, de um desafio. É pena que a nova direção do ainda PSB se mostre incapaz de enfrentá-lo, e tente intimidar, com exonerações sumárias, quem o propõe.
Em lugar da Política, em lugar do debate, o gesto espúrio, a iniquidade. Ao invés da grande Política de que nos falava Gramsci, a pequena política, rasteira, pedestre.

Roberto Amaral

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Escritores Brasileiros - Manoel Magalhães

Observo, com alguma tristeza, que de um modo geral dá-se muita atenção ao que vem de fora, de preferência de Paris ou Londres, e pouca ao que é local ou até mesmo nacional.
Diria que isto se aplica a Manoel Magalhães, escritor de grande talento, mas que nem sempre recebe a atenção que lhe seria devida.
Até bem pouco mantinha o blog Cultive-Ler, de grande qualidade, mas que optou por encerrar em parte devido exatamente ao aspecto que levantei.
Aproveito para transcrever um texto de sua autoria dentro do espírito de A METADE SUL  de criar espaços de contraponto às formas de dependência.

P.R.Baptista
Editor



O silêncio é bom filósofo. E conselheiro.
 Em uma sociedade barulhenta como a nossa, a maioria das pessoas sentem-se desconfortáveis com ele. Geralmente deseja comunicar-se com nosso interior, com o intuito de ouvir-nos e recomendar-nos instantes de reflexão. 
Entretanto, fechamo-nos a ele, ouvidos atentos ou não aos ruídos característicos da vida contemporânea. 
Confesso-lhe, amigo leitor, que gosto muito do silêncio e de estar em silêncio.
Criei-me numa zona da cidade onde à noite ouvia-se claramente o coaxar dos sapos nos charcos, o estalar da madeira da casa, o piar da coruja, o vento confessando mistérios às árvores e outros fenômenos causados pela falta de barulho. Tudo isso reforçado pela luz do lampião a querosene, aumentando o sossego e diminuindo a fronteira entre o visível e o invisível. À noite tudo me parecia mágico. 
À cabeça do menino que fui havia a certeza de que a quietude causava a magia que se desenrolava à minha volta. Sem pressa, quase como num ritual, pegava lápis e papel na tentativa de relatar as sensações oriundas do momento.
 O relato, em letras praticamente ilegíveis, ia brotando de meu interior, aquecendo-me o peito, tornando o silêncio absurdamente palpável. 
Hoje, ao sentir-me sacudido pelas inquietações, fecho os olhos e tento materializar a mesma paz.
 Aos poucos sobrevém o sossego, o coração se desacelera e sou capaz de ouvir, de forma tímida inicialmente, a sinfonia dos sapos, o piar da coruja, o segredar do vento às árvores, o estalar de tábuas...
E no fundo dos olhos brilha a chama do lampião.

Manoel Magalhães

.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Aécio vs Alckmin, golpismo vs. jogo político, a disputa dentro do PSDB




Enquanto Aécio Neves, procurando manter o espaço obtido nas eleições, com ar meio tresloucado envereda por uma estratégia kamikaze de incentivar manifestações na avenida Paulista. sob o vão do Masp, que pregam o impeachment de uma presidenta que acabou de ser eleita e a volta dos militares ao poder, seu  oponente dentro do PSDB, o governador eleito Geraldo Alkmin toma um caminho diverso no qual, inclusive, tece elogios à presidenta Dilma.     

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), marcou um gol político ao criticar os pedidos de impeachment da presidente Dilma e de intervenção militar no governo. Ele se distanciou de um segmento mais radical, que não aceita o resultado da eleição e que não tem apreço pela democracia.

A democracia é tão boa que permite que haja uma manifestação em que se defenda o seu fim. Quem pede intervenção militar deveria se lembrar de que, se estivesse numa ditadura, não poderia estar na rua defendendo o golpismo. Portanto, Alckmin acertou.

O senador Aécio Neves (MG) e Alckmin certamente vão disputar a indicação do PSDB para concorrer à Presidência em 2018. E têm estratégias diferentes para atingir seus objetivos. Aécio vai assumir uma linha mais radical do que Alckmin. Ao condenar o golpismo,o governador de São Paulo saiu na frente do senador mineiro.

Alckmin também deverá dialogar com a presidente Dilma sobre a oferta de ajuda para combater a falta de água em São Paulo. Como tem de governar um Estado  e não terá de enfrentar Dilma em 2018 se for candidato à Presidência, ele pode fazer uma oposição mais moderada ao governo federal.



A página do Facebook “Vem pra rua Brasil!” fez campanha ao longo de toda a semana para reunir pessoas. Em posts, a página pede para que todos os seguidores participem do ato marcado e que, de verde e amarelo, também convidem outros manifestantes para participar.

Na rede social, foram postados vídeos de políticos e personalidades, tais como dos senadores Aécio Neves (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM) e Aloysio Nunes (PSDB), além do ex-candidato Eduardo Jorge (PV), e o cantor Paulo Ricardo, que chamavam as pessoas às ruas.

Aécio Neves, aparecendo em vídeo um tanto descomposto, como se estivesse sem dormir, afirma que  "mais do que nunca devemos estar mobilizados. Essa é a arma que nós temos, a nossa mobilização e a nossa capacidade de indignarmos com tudo o que aconteceu e acontece no Brasil”,



Fonte : BLOG DO KENNEDY
 DANIELA MARTINS



sábado, 29 de novembro de 2014

Cultive-Ler , uma pausa

O editor vai descansar um pouco. Voltaremos em breve.

Com uma postagem intitulada "Férias" e o anúncio " O editor vai descansar um pouco. Voltaremos em breve"  o blog CULTIVE-LER faz uma pausa em sua atividade.

O contador de visitas,no momento desta interrupção, aponta 532 794 acessos um número bem significativo.

Segundo comenta Manoel Magalhães, escritor, cineasta e editor do blog ",
"meu ingresso no universo digital é recente, entusiasmado com a escrita e com o compartilhamento de informações, as quais fomentam discussão e, por via de consequência, cultura. 
O Cultive-ler é o resultado desta paixão, editado com responsabilidade, focado na atividade de filtrar cotidianamente fatos que estejam dentro da linha editorial, atendendo as expectativas do leitor já conquistado e procurando atingir as necessidades de informação, análise e entretenimento dos futuros leitores. 
Enfim, gerar conteúdo"

Em contato com Manoel ele nos afirma que ainda não sabe se retorna.
Ficamos na expectativa de que sim.
O blog CULTIVE-LER , pela qualidade, já se tornara uma referência de relevância no nosso mundo digital.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

OPINIÃO : EMANCIPAÇÃO DO LARANJAL

"Certamente os oportunistas querem arrumar novos cargos para si e seus parentes e amigos.

Os problemas do Laranjal não serão resolvidos com o "novo município". Apenas os "novos políticos" e "suas tropas" é que serão beneficiados. 

Querem emancipar o Laranjal? Primeiro construam um hospital e depois voltem a discutir o tema.

Emancipação do Laranjal é uma piada.
E de muito mau gosto "

Rogério Guimarães

COMENTÁRIOS NO FACEBOOK >>>

domingo, 23 de novembro de 2014

Dilma prepara guinada à direita na economia

Governo planeja ajuste fiscal e fará setor privado protagonizar crescimento. Com guerra no front político graças à Operação Lava Jato, é preciso trégua na economia
por André Barrocal (*)

Não importa o escolhido para o cargo de ministro da Fazenda. Dilma Rousseff dará uma guinada à direita na economia no início do novo mandato e já prepara o terreno. O ritmo “devagar quase parando” do PIB e a situação apertada das contas públicas deixaram o Palácio do Planalto sentindo-se sem opções. Para incentivar o crescimento, ficou indispensável acertar-se com os empresários e fazê-los tirar a mão do bolso.

O governo estuda uma expressiva contenção de gastos em 2015 ao mesmo tempo em que negocia com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a elaboração de medidas de estímulo às empresas. A intenção é deixar claro que está disposto a segurar verba pública e a abrir caminho para o investimento privado reinar como motor do crescimento do PIB pelo menos até meados de 2016.

No esboço do próximo orçamento, a chamada LDO, o governo propôs economizar 2% do PIB em 2015, mas a meta é considerada pouco crível. Nada indica que o País crescerá a ponto de gerar arrecadação suficiente para o alvo ser alcançado. Por isso, a equipe econômica refaz os cálculos e estuda cortes de gastos.

Os novos parâmetros macroeconômicos relativos ao ano que vem, como a previsão de crescimento, seriam enviados ao Congresso nesta sexta-feira 21. Nos próximos dias, será anunciado um plano de redução de gastos. Tudo a tempo de o relator da LDO 2015, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), apresentar seu parecer na quinta-feira 27.

Com o ajuste fiscal no forno, a Casa Civil tem sido palco de reuniões de autoridades federais com dirigentes e técnicos da CNI, numa tentativa de viabilizar medidas do agrado ao setor privado ainda este ano. Uma ideia com chances de vingar é a unificação de dois tributos federais, PIS e Cofins. Já é conhecida desde a eleição, mas não teve aval de Dilma para ser lançada naquele momento.

A unificação, segundo se ouve no governo, busca facilitar a vida das empresas, ao reduzir um pouco a burocracia. Embora os dois tributos sejam muito parecidos, eles seguem legislações diferentes, o que exige por parte de juristas, contadores e financistas privados um conhecimento específico da cada um deles.

Uma tentativa semelhante foi proposta pelo governo no ano passado, a unificação das 27 legislações do ICMS, principal imposto estadual. O projeto está no Senado, e o Planalto pretende voltar a trabalhar por sua aprovação no ano que vem. Até lá, já estarão empossados os novos governadores, com os quais Brasília terá de negociar. No passado, três estados haviam se colocado contra: Ceará, Goiás e Santa Catarina.

Nos sonhos federais de estimular o setor privado, o filé será – de novo – o repasse de bens públicos à exploração particular, as chamadas concessões. O governo tem esperança de promover a partir de 2015 uma nova rodada de licitações, com foco em ferrovias, portos e aeroportos regionais. Em 2014, foram leiloados somente algumas rodovias.

Mas não será fácil. Os negócios com ferrovias esbarram em divergências com os potenciais investidores privados, partidários de um modelo um pouco diferente do defendido pelo governo. As operações com portos esperam desde o ano passado por autorização do Tribunal de Contas da União. Na aviação regional, é preciso antes aprovar uma medida provisória que provavelmente vencerá na segunda-feira 24 por falta de votação no Congresso – o governo terá de providenciar uma solução jurídica, caso a MP caduque de fato.

A inflexão à direita na economia, comenta-se no Planalto, ajudará o governo a arriscar-se a ir um pouco à esquerda na seara política, trabalhando, por exemplo, por uma reforma proibidora de doações empresariais para campanhas, vistas como foco de corrupção.

A guinada talvez seja também uma questão de sobrevivência. A Operação Lava Jato, diz um ministro, fará um estrago tão grande no front político a partir de 2015, com a revelação de nomes de parlamentares e processos judiciais, que o governo não terá como encarar ao mesmo tempo uma guerra no front econômico. Uma trégua com o setor privado na economia seria indispensável.

(*) André Barrocal é repórter de CartaCapital em Brasília

Festival de Jazz de Pelotas




Pelotas acaba de vivenciar, durante 3 dias, uma lua de mel do jazz com a cidade.
É o tempo que durou o Pelotas Jazz Festival ( traduzindo, Festival de Jazz de Pelotas) , terceira edição de uma proposta que surgiu em 2010 por intermédio do Clube de Jazz a partir das "jams" mantidas pelo grupo , de fato um quinteto, formado por Daniel Zanotelli (saxofone e flauta), Guilherme Ceron (baixo), Renato Popó (bateria), Gustavo Otesbelgue (guitarra) e Eduardo Varela (piano), todos músicos pelotenses.
A eles o mérito da iniciativa  interrompida durante 2011 e 2012, retomada em 2013 e consagrada este ano.

foto Marcelo Soares
Na edição deste ano o evento contou com um espaço privilegiado incrustado no centro histórico da cidade com a destinação para sua realização não só do magnífico Theatro Guarany  mas de uma área externa constituída pelo quarteirão à sua frente que se denominou Rua do Jazz.
Entre os artistas que se apresentaram grandes exponentes da música brasileira como João Bosco, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos.
Um evento que se destina a ficar, supõe-se agora definitivamente, como um marco da maior expressão cultural.



video Marcelo Soares

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Em questão: a que atribuir o esvaziamento do Pronto Socorro ?

A Prefeitura de Pelotas, através de sua assessoria de imprensa e também, na pessoa da vice-prefeita Paula Mascarenhas, divulga o esvaziamento do Pronto Socorro, referindo-se a "corredores vazios" fato que atribui " a um trabalho incansável do prefeito Eduardo Leite e da equipe da Secretaria da Saúde desde o ano passado. Contratualização de novos leitos e qualificação das UBSs começam a mudar a imagem da saúde em Pelotas"

Antonio Ernani Pinto, sempre atento observador dos fatos relativos a Pelotas e ao país, tem outra opinião. 
Segundo suas palavras "as pessoas continuam admiradas com o fim do atendimento nas macas pelos corredores do Pronto Socorro de Pelotas. Não tem milagre.
O próprio Prefeito Eduardo Leite disse o que está ocorrendo.
Em razão do atendimento eficiente do Programa Mais Médicos, houve uma redução de 9% para 3% do público que ia até as Unidades Básicas de Saúde e depois ia para o Pronto Socorro. As UBS não atendiam por falta de médicos e não tinham resolutibilidade. 
Com os Médicos Cubanos, especialmente estes, as pessoas estão sendo bem atendidas nas UBS e não necessitam ir ao Pronto Socorro, que só fica com os casos de urgência e emergência. 

Não vamos ideologizar! O Programa Mais Médicos está sendo muito bom para os pacientes. Isto deve estar se refletindo, também, na diminuição do serviço do médico especialista e dos exames. Todos vão ganhar! As consultas necessárias aos especialistas e os exames vão acontecer em menor tempo"

.
Considerando que o atendimento do Pronto Socorre tem sido, de forma recorrente e de de longa data, assunto de muita discussão e utilizado politicamente das mais diferentes maneiras, seria interessante entender corretamente o que teria, exatamente, provocado o novo quadro.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Laura Capriglione: Quem são os bandidos que batem em jornalistas e pedem o impeachment de Dilma

Laura Capriglione

Acostumados a se esgueirar pela noite, sempre em bandos, em busca de homossexuais e negros andando desacompanhados (para cobrir de porradas, quem sabe matar), predadores neonazistas agora deram para exibir sua truculência à luz do dia.
Como participantes das manifestações que a direita paulistana vem promovendo para disseminar seus ideais golpistas, esses órfãos de Hitler parecem ter encontrado uma turma disposta a acolhê-los e legitimá-los, como se fossem apenas mais alguns entre os opositores do governo da presidente Dilma Rousseff, do PT, recém-eleita.
Seria apenas uma moçada jovem, careca e muitas vezes musculosa exercendo o sagrado direito democrático de manifestação e expressão.
Só que não.
Nas redes sociais, essa gente reúne-se em comunidades com nomes carregados de simbolismos de violência explícita, como Carecas do ABC, CCC (uma homenagem ao velho Comando de Caça aos Comunistas, organização paramilitar de direita que teve seu apogeu nos anos 1970), Frente Integralista Brasileira (uma contrafação de organização nazista), Confronto 72 (anti-semita e skinhead), além do Combate RAC (Rock Contra o Comunismo) e do Front 88 (a oitava letra do alfabeto é o H; HH dá “Heil, Hitler”, a saudação dos nazistas).
Trata-se de grupos que cultivam o ódio como definição existencial, como se viu no ato público realizado no sábado (15/11) pelo impeachment de Dilma.
Pois bastou a tais lobos encontrarem a repórter-fotográfica Marlene Bergamo, da “Folha de S.Paulo”, que registrava a manifestação tendo ao lado Marcelo Zelic, vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais-SP, para começarem a salivar.
Armados de socos ingleses, muitos carecas, vestidos com camisetas ilustradas com a bandeira de São Paulo, ou com os dizeres “Fora Dilma”, ou “Hate” (Ódio), ou “Proud” (Orgulho), acharam-se no direito de urrar nos ouvidos de quem desconfiavam ser “petralha”: “Comunistaaaaa!”, “Vai pra Cubaaaaaa!”
Como hienas excitadas, e sempre em bando, prometiam “limpar a rua desses malditos”. Logo um deles desferiu cusparada no rosto de Zelic. Outro estapeou Marlene quando viu que ela filmava a agressão.
Covardes.
É claro que a direita “fina” quer parecer distante dessa turma. Não pega bem aparecer ao lado de facínoras tatuados com o número 88, ou exibindo a Cruz de Ferro com a suástica, com que se condecoravam os militares alemães, durante o Terceiro Reich.
O candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), totalmente sem eixo, perspectiva e nem noção, achou de comparecer ao ato, mas sem subir nos carros de som.
Sua adesão, entretanto, foi comemorada pela malta. Que o tucano, agora, não alegue desconhecimento sobre quem seriam seus companheiros de passeata.
A última que essa gente patrocinou,no dia 1º de novembro, acabou nas portas do Comando Militar do Sudeste, o antigo Segundo Exército, no bairro do Paraíso, em São Paulo, implorando pela “Intervenção Militar Já”.
Foi, aliás, nas tristes instalações do Segundo Exército, em seu anexo mais soturno, o DOI-Codi, que o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado em 1975, por bandidos anti-comunistas como esses que cuspiram no rosto do ativista e bateram na fotógrafa.
E o que dizer da paralisia da Polícia Militar diante das ameaças dos fascistas? Estaria inebriada com os gritos de “Viva a PM!”, entoados pela turba?
Todos se lembram quando, nas manifestações contra a Copa, a PM revistava mochilas e confiscava qualquer apetrecho “suspeito”, levando preso o seu proprietário.
Foi assim que um frasco contendo líquido amarronzado e cheirando chocolate, que depois a perícia provou ser Toddynho mesmo, custou quase dois meses de prisão a um manifestante.
No ato pelo impeachment da presidente Dilma, contudo, a polícia fez-se se de morta, enquanto rapazes com socos ingleses, canivetes e nunchakus (arma usada por praticantes de artes marciais) desfilavam impunemente, arrostando sua violência e arreganhando os dentes.
Na hora em que essa gente matar alguém, que pelo menos o senador Aloysio e o comando da PM não digam que foram pegos de surpresa.
Seu silêncio e inação são cúmplices.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Uma Carta Aberta a FHC que merece ir para os livros de história

Carta Aberta de Theotonio dos Santos, economista, cientista político e um dos formuladores da Teoria da Dependência. Hoje é um dos principais expoentes da Teoria do Sistema Mundo. Mestre em Ciência Política pela UnB e doutor “notório saber” pela UFMG e pela UFF. Coordenador da cátedra e rede UNU-UNESCO de Economia Global e Desenvolvimento sustentável – REGGEN.

Meu caro Fernando,
"Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960.
A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete contudo este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação.Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população.
Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependência: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000). Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartilhar com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação.
Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário. No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos.
TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”.
ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese? Conclusões: O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999
.
Segundo mito – Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do exterior em moeda forte a juros nominais de 3 a 4%, não pode fugir do fato de que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava.
Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou drasticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. Vergonha, Fernando. Muita vergonha. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.
Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição os 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID.
Tudo isto sem nenhuma garantia. Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em consequência deste fracasso colossal de sua política macroeconômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações.
A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa. Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este país.
Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entrou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional.
Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o verdadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista.
E dessa política vocês estão fora. Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a frequentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.
Com a melhor disposição possível, mas com amor à verdade, me despeço."

Francisco Antônio Vidal : Noite Gaúcha

Transcrevemos texto de Francisco Antônio Vidal publicado em seu blog Pelotas Capital Cultural, sobre a artista pelotense Carmen Garrez.
Interessante contribuição para o conhecimento de nossa arte e de nossos artistas.

O naïf de Carmen Garrez, para um espectador brasileiro, tem traços europeus, como o geometrismo, a nitidez, a minúcia. Aos olhos europeus, no entanto, as cores tão vivas da natureza e a simplicidade colonial das construções evocam o modo de vida latino-americano. Essa fusão de características se faz possível porque nós, como pessoas, somos uma mescla de origens culturais e porque nossos campos e cidades são misturas de recortes do Velho Mundo dentro do Novo.

De fato, é no Morro Redondo, município gaúcho da Serra dos Tapes, que Carmen vem observar essas colagens visuais e humanas, para esboçar um tratado de antropologia sensível, ao modo da arte. O próprio nome do quadro, "Noite Gaúcha", vem reiterar que esta visão é brasileira, e mesmo tropicalista, pois só nos trópicos uma Noite pode ser tão brilhante e cheia de vida. O calor ambiental está sugerido pelo azul claro no céu, e a umidade, pelo halo lunar.

Mas sabemos que o quadro é de Carmen, e não qualquer naïf, por algumas de suas marcas nestas paisagens: o pontilhismo que contrasta com a ingenuidade, a profusão de flores das árvores (como querendo combinar com as estrelas), a perspectiva na distância e a grande variedade cromática dos verdes.

Percebe-se também uma anotação que faz com bom humor: duas pessoas escondidas no declive da estradinha. É inevitável pensar que elas vão conversando e caminham lentamente.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Bruxelas em Chamas - manifestações invadem as ruas



Estimados 120 000 manifestantes ocuparam as ruas de Bruxelas em protesto contra as medidas de austeridade.
Os choques com a polícia foram muito violentos.
Segundo as notícias vários feridos e muitos prejuízos.

Uma foto

Sempre fica aquela dúvida, o que a palavra pode acrescentar ao objeto de arte?
Há quem sustente que nada. Mas ainda me arrisco a buscar o seu auxílio.
 No caso da foto de Marcelo Soares salientaria que a foto subverte nosso olhar.
O que é encima, o que é embaixo? Sem referencias, somos subjugados a uma realidade na qual não temos a que nos agarrar para manter o equilíbrio.
 Perdemos o sentido da verticalidade e quase temos que sentar para nos orientar.
O meio-fio de pedra vai cair em nossas cabeças?
 O prédio vai se dissolver na poça? O céu, tão explicitamente expressionista ( Munch, van Gogh ?) é também a poça.
 E a flor ainda nos lembra, como referência temporal, que é primavera.
Tudo isto sendo de fato uma foto

 P.R.Baptista

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Frei Betto: PT despolitizou país nestes 12 anos

A disputa presidencial se resumiu em um verbo predominante na campanha: desconstruir. 
Em 12 anos de governo, o PT construiu, sim, um Brasil melhor, com índices sociais “nunca vistos antes na história deste país”. Porém, como partido, houve progressiva desconstrução.
A história do PT tem seu resumo emblemático na fábula “A cigarra e a formiga”, de Ésopo, popularizada por La Fontaine. Nas décadas de 80 e 90, o partido se fortaleceu com filiados e militantes trabalhando como formigas na base social, obtendo expressiva capilaridade nacional graças às Comunidades Eclesiais de Base, ao sindicalismo, aos movimentos sociais, respaldados por remanescentes da esquerda antiditadura e intelectuais renomados.
No fundo dos quintais, havia núcleos de base. Incutia-se na militância formação política, princípios ideológicos e metas programáticas. 
O PT se destacava como o partido da ética, dos pobres e da opção pelo socialismo. À medida que alcançou funções de poder, o PT deixou de valorizar o trabalho da formiga e passou a entoar o canto presunçoso da cigarra. O projeto de Brasil cedeu lugar ao projeto de poder.
O caixa do partido, antes abastecido por militantes, “profissionalizou-se”. Os núcleos de base desapareceram. E os princípios éticos foram maculados pela minoria de líderes envolvidos em maracutaias.
Agora, a cigarra está assustada. Seu canto já não é afinado nem ecoa com tanta credibilidade. Decresceu o número de sua bancada no Congresso Nacional. A proximidade do inverno é uma ameaça.

Mas onde está a formiga com suas provisões? Em 12 anos, os êxitos de políticas sociais e diplomacia independente não foram consolidados pela proposta originária do PT: “Organizar a classe trabalhadora” e os excluídos.
Os avanços socioeconômicos coincidiram com o retrocesso político. Em 12 anos de governo, o PT despolitizou a nação. Preferiu assegurar governabilidade com alianças partidárias, muitas delas espúrias, em vez de estreitar laços com seu esteio de origem, os movimentos sociais.

Tomara que Dilma cumpra sua promessa de campanha de avançar nesse quesito, sobretudo no que diz respeito ao diálogo permanente com a juventude, os sem-terra e os sem-teto, os povos indígenas e os quilombolas.
O PT até agora robusteceu o mercado financeiro e deu passos tímidos na reforma agrária. Agradou as empreiteiras e pouco fez pelos atingidos por barragens. Respaldou o agronegócio e aprovou um Código Florestal aplaudido por quem desmata e agride o meio ambiente.

É injusto e ingênuo pôr a culpa da apertada e sofrida vitória do PT nas eleições de 2014 no desempenho de Dilma.
Se o PT pretende se refundar, terá que abandonar a postura altiva de cigarra e voltar a pisar no chão duro do povo brasileiro, esse imenso formigueiro que, hoje, tem mais acesso a bens materiais, como carro e telefone celular, mas nem tanto a bens espirituais: consciência crítica, organização política e compromisso com a conquista de “outros mundos possíveis”.

FONTE: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/frei-betto-pt-despolitizou-pais-nestes-12-anos/

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Ilustrador quer processar o PT pelo uso de desenho de Dilma

Sattu Rodrigues quer ser indenizado pelo PT por não ter sido consultado a respeito do uso de sua ilustração na campanha da presidente
"Quando vi, no final do primeiro turno, já estava rolando", disse o ilustrador

O ilustrador Sattu Rodrigues, responsável pela criação do desenho estilizado de Dilma Rousseff (PT), feito sobre uma foto de 1970, e usado ativamente pela sua campanha à Presidência neste ano, afirmou que nunca permitiu que a imagem fosse utilizada para tais fins e quer que o partido pague indenização por direitos autorais. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.


foto Rocha Lobo/ Futura Press
Segundo a publicação, o autor da imagem diz que nunca foi procurado por nenhum integrante da campanha do PT para que desse autorização do uso do desenho. "Ninguém nunca me procurou. Fiquei surpreso. Quando vi, no final do primeiro turno, já estava rolando", disse à Folha.

O ilustrador explica que fez a ilustração em 2010, a pedida da revista Época, para estampar uma das capas da publicação. Quatro anos depois, a imagem foi amplamente usada pela campanha de Dilma, na televisão, em banners, em folhetos, na internet, em comícios e em diversos materiais de divulgação.

A ilustração foi utilizada em camisetas e em diversos materiais de campanha de Dilma
O advogado de Sattu, André Marsiglia diz que "houve uso indevido da obra, de forma comercial e também com implicações ideológicas". "Houve violação autoral e buscaremos uma forma para que Sattu se sinta protegido e ressarcido", explica.

Embora o contato com a campanha não tenha sido feito por meio do advogado, a Folha de S.Paulo, após a entrevista com o ilustrador, procurou a campanha da petista. Eles confirmaram que nunca entraram em contato com Sattu e afirmaram que o caso foi encaminhado para a análise de seu setor jurídico.

Cena cotidiana na Palestina



Na zona de guerra da Palestina e dos territórios ocupados a violência deixa marcas profundas e os direitos são ignorados. 
A cena de uma criança ser conduzida detida como uma criminosa dá bem a dimensão dessa realidade

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Morte de policiais em serviço: alarmantes estatísticas



 O enterro do corpo do sargento Alexandre Hiath de Lima, que morreu após ser baleado em uma abordagem policial em São Paulo, aconteceu nesta sexta-feira (26), no Cemitério Areia Branca, em Santos, no litoral de São Paulo. 
O Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Benedito Roberto Meira, acabou se emocionando durante a cerimônia e desabafou. 
Segundo Meira, o Brasil vive uma 'situação de guerra'. 
Ele afirma também que é preciso repensar os modelos de segurança pública no país com urgência mas também salienta que as responsabilidades são de vários setores e as soluções exigem ser pensadas em sua integralidade.
Depoimento que merece atenção já que aponta, de forma bem ponderada, para um fato de grande gravidade que costuma ser pouco salientado nos meios de comunicação e nas discussões.