domingo, 13 de setembro de 2015

Depoimentos a respeito da Casa Azul e a reserva técnica do Museu da Baronesa

Mariana Boujadi
Formanda em Museologia

Realmente muito triste o descaso que a prefeitura está tendo com o patrimônio da cidade.
Saiu uma nota no Diário Popular (dia 30/08) comentando que o Museu da Baronesa irá perder a reserva técnica da Vila Stela (Casa Azul) onde localiza-se a maior parte do acervo em reserva do museu.
Aparentemente irão se mudar para o local duas secretarias que disseram que a "casa azul" não estava sendo usada para nada, apenas como um depósito de coisas. Quem visitou a reserva sabe que ela está longe de ser o ideal, mas com certeza é muito mais adequada do que a antiga reserva do museu que ficava em uma sala de 50 metros, incapaz de abrigar, mesmo que minimamente, o acervo de forma a não danificá-lo e que de tanta umidade verte água pela parede no inverno.
Temos que no mínimo, tornar esse descaso público!
Se irão tirar essa reserva para ceder o espaço a secretarias, que ao menos tragam uma solução para a reserva técnica do museu que guarda acervo referente a (uma certa) história da cidade, que está longe de ser um depósito...

Noris Leal
Professora do bacharelado em museologia da UFPel - Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural

O Museu da Baronesa sofre do descaso de pessoas irresponsáveis. A Casa Azul pertence ao Museu, a área foi doada pela família Antunes Maciel para ser Museu e não secretarias! Era para uso da população! Enquanto se gasta milhões com um futuro museu, se esquece o outro que conta uma parte da história de Pelotas, com ressalvas ou não sobre a forma que a história ali é contada, não podemos deixar que mais esta barbaridade aconteça. A CASA AZUL É DO MUSEU DA BARONESA!

Infelizmente desconsideram-se sempre os técnicos, aqueles que estudaram para fazer. A atual reserva técnica foi uma conquista a duras penas dos técnicos do museu conservadores, museólogos, melhoraram a antiga que só foi montada no lugar que estava pois a principio não tinha outro lugar depois de muitos anos o Museu retomou a Casa Azul para chegar em condições de guarda de seu acervo. Apesar de gastos que a prefeitura fez para esta mudança, basta a vontade de um dos CCs da prefeitura e se desmancha tudo, mesmo que isto va prejudicar o acervo. Agora pergunto porque esta secretaria que querem colocar na casa azul não vai para o prédio vazo que esta sendo alugado pela prefeitura há muito tempo? Por que tem que ser na Casa Azul? Qual a resposta técnica para desalojar a reserva técnica de um museu? As pessoas que querem fazer isto conhecem a lei federal 11.904?

Para quem não sabe o que é uma reserva técnica de museu : "Termo que opõe-se ao de depósito, define um conjunto de áreas com atividades distintas e espacialmente interligadas, com características próprias de segurança, iluminação e climatização, destinado a armazenar o acervo museológico não exposto ou em transito em condições adequadas de conservação, segurança e fácil acessibilidade. Espaço que tem a função primordial de guarda do acervo. Portanto, precauções especiais quanto a sua localização, proteção contra roubo e incêndio e condições ambientais precisam ser rigorosamente seguidas. Nos museus presta-se pouca atenção aos lugares de guarda das peças do acervo. Erro grave este, já que a experiência indica que são muitos os danos ocasionados nas coleções pelo inadequado projeto da área definida para servir como reserva técnica.
A importância da reserva técnica, é fundamental, é nesta área em que as coleções ficam por períodos mais prolongados de tempo. De fato, é a reserva o lugar onde se inician e terminam todas as operações e movimentos de peças, desde seu ingresso na institução até sua ida para a exposição. "


Éder Oliveira 

Bacharel em Museologia  formado pela UFPel em 2010. Museólogo do Museu Antropológico Diretor Pestana - UNIJUÍ.

O interessante nisso tudo é refletir sobre o fato de usar a casa azul para abrigar secretarias ao mesmo tempo em que despejam a reserva técnica, sem levar em consideração o aluguel pago de prédios parados e vazios, como o antigo supermercado da coopebra na rua Lobo da Costa. Praticamente desde o início da atual gestão o contrato de aluguel foi firmado e nenhuma utilidade prática foi dada ao prédio. Sem deixar esquecer o fato do no mínimo polêmico projeto museu ultra high-tech que mais parece um cinema sem cadeiras, repleto de falhas conceituais e sendo conduzido por uma equipe irregular profissionalmente (sem registro no COREM ou COFEM). Querem fazer um museu sem sequer considerar as carências da instituição que já existe é no mínimo despreparo, para não dizer burrice. Confirmo sem sombra de dúvida que as pessoas que tomaram esta decisão detêm um meritório diploma de burrice cursado na escola da professora vesga (mito popular sobre a educação completamente falha) dada a afirmação de que a casa azul é "um depósito de coisas". Fazer um museu(?) trabalhando na destruição de outro já existente é, como diz Gregório Duduvier "limpar o chão com bosta".
Por mais que a questão cultural careça de reflexões mais profundas é inadmissível conceber a idéia de dilapidação da infraestrutura de um museu que já existe há anos. Por mais que ele trate de (uma certa) história, como frisou muito bem Mariana Boujadi, o museu antes carregado nas costas pelo Museologia da UFPel, sem desmerecer o curso de História e Conservação e Restauro que também colaboraram muito, faziam todo o possível com escassos recursos e lidando com personalidades tacanhas e metodologias ultrapassadas. É  primordial que as intervenções e projetos não sejam somente escalofobéticos e purpurinados para "inglês ver". Uma intervenção/iniciativa valorosa não se qualifica pelo vulto/impacto visual e sim pelo caráter conceitual. Não é o cerne da questão debater, neste momento analisando a postura , de falta de disposição em ouvir um parecer técnico com respaldo de anos de estudo e dedicação. Claro que deve ser discutida a filosofia de trabalho que norteia esta administração cultural desastrosa, mas a questão expressa nas linhas do post reflete que é a falta de tato e conhecimento sobre o que fazer e como proceder. Chamar uma reserva técnica de depósito de coisas é ultrajante. Fazer um projeto de um novo museu para a cidade descartando o produto de esforço de anos e equipes dedicadas a conquistar um espaço melhor para abrigar o acervo do museu é certamente fruto de uma filosofia da administração municipal pobre e desconhecedora dos paradigmas da área. Ridículo. Precisamos de revisão filosófica? Evidente que sim. Faço minhas as palavras da Noris reafirmando toda a inexistência de conhecimento sobre o que se pretende fazer. Fazem e pronto? Coisa lamentável advinda da escola da professora vesga mesmo!

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