terça-feira, 29 de setembro de 2015

CIEPS, um Brasil sabotado

Dizia Darcy Ribeiro há 30 anos: “Ou construímos escolas ou no futuro teremos um exército de trombadinhas(menores) assaltando nas ruas”. Não deu outra. Desde 1984, nos 510 CIEPs teriam estudado cerca de 20 milhões de crianças em turno integral, que era o objetivo. Mas foram destruídos (...).
Em 24 de abril de 2002, o jornalão O Globo publicou que sete mil crianças estavam trabalhando de olheiros do tráfico nas 337 favelas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Ganhavam 600 reais por semana.

Todos os professores que tentaram educar o povo brasileiro foram perseguidos, presos, cassados, banidos, torturados e exilados: Graciliano Ramos, Anísio Teixeira, Josué de Castro, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Florestan Fernandes, Décio Freitas, Manoel Maurício de Albuquerque, Sergio Buarque de Hollanda, Maria Yeda Linhares, Joel Rufino dos Santos, Milton Santos e tantos outros.
Anni Ma

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O DESAFIO ESTA LANÇADO - Clóvis Veronez

No passado, a aristocracia pelotense, abrigada nos seus lindos salões e, sob as máscaras venezianas, tripudiava de quem ficava de fora, na rua (não por acaso a mão de obra da sua riqueza e opulência).

Aqueles pobres, na maioria descendentes de escravos, eram os "pulhas", sua música, sua algazarra, seus tambores eram expressões menores da cultura, não pertenciam a sua Atenas, Veneza ou Paris importadas e alimentadas por "fetiches" mesquinhos.

Com o tempo, esse povo consolidou aqui e no Brasil, mesmo a contragosto das elites, o samba e o carnaval, como expressões maiores, na cultura nacional.

Agora, o governo municipal parece referenciar-se no pensamento aristocrático que alimenta o mito de uma "Atenas Cultural", para excluir das suas prioridades na área da cultura, os "pulhas" e sua algazarra na festa popular.

O tema merece toda atenção e o poder público precisa ser cobrado por essa atitude, repassar valores as entidades sem oferecer estrutura para realização dos desfiles parece, no mínimo, irresponsabilidade.

Diante do descomprometimento governamental, cabe as entidades e aos ativistas da área da cultura a proposição de uma pauta, que encaminhe inicialmente a viabilização de condições mínimas para a realização do evento em 2016 e, logo após, uma discussão de "fôlego" sobre o MODELO conveniente ao desenvolvimento dos fatores culturais, estéticos e econômicos do carnaval em Pelotas.

Atrevo-me a afirmar que, tal modelo não deve tomar por base o carnaval do Rio de Janeiro, mas buscar na evolução de sua raiz histórica a fonte de inspiração para, criativamente, reinventá-lo, agregando valor a sua cadeia produtiva e direcionando vistas ao seu desenvolvimento sustentável, como produto.

EDUCAÇÃO INFANTIL: ONDE E PARA QUEM? - Clóvis Veronez

Há, sempre, que se saudar investimentos na área da educação, especialmente, se voltados a educação infantil. No entanto, o anúncio de compra do prédio e da inauguração, já em 2016, de uma escola modelo para educação infantil, situada numa área - talvez a mais valorizada da cidade, com recursos próprios da prefeitura, me faz refletir sobre os aspectos que seguem.

Segundo matéria do Diário Popular no dia 2 de setembro de 2015 e com informações da própria Prefeitura “Pelo menos 2.287 vagas precisarão ser criadas até o começo do ano na rede municipal de Educação Infantil em Pelotas. É a demanda reprimida reconhecida, hoje, pelo governo para atender a legislação. A partir de janeiro, todas as crianças de quatro e cinco anos de idade devem estar na escola, como estabelece o Plano Nacional de Educação. Simulações feitas pela reportagem, entretanto, apontam que o número pode saltar e ultrapassar a necessidade de mais quatro mil vagas, mesmo contabilizados os estudantes absorvidos pela rede privada.

Segundo o mesmo Jornal, um levantamento - a ser concluído neste mês - deverá indicar onde serão gerados os espaços. Cinco grupos de estudo, organizados por regiões da cidade, analisam a estrutura de todas as instituições - inclusive as de Ensino Fundamental - e verificam a possibilidade de aproveitar ambientes e instituir Pré-Escola onde não existe. Uma sexta equipe da Secretaria de Educação e Desporto (Smed) centra o foco nas plantas baixas das 88 escolas para identificar onde poderiam ser desencadeadas ampliações - explica a assessora de Programas Educacionais, Alice Szezepanski.

Mais adiante a informação de que: a retomada das obras das cinco escolas novas que começaram a ser construídas e pararam no alicerce ainda não ocorreu. Já são nove meses de interrupção. A empresa paranaense MVC Componentes Plásticos descumpriu o acordado com a prefeitura e não retornou ao trabalho durante o mês de agosto. A estimativa de que as instituições pudessem ser inauguradas em março pode ser comprometida. Para a construção das outras nove, a perspectiva é ainda pior: os projetos sequer saíram do papel; um outro processo licitatório terá de definir quem irá responder pelas obras.

Por isso, a urgência em abrir o período de inscrições, para que o Executivo consiga ter um desenho concreto da realidade que, com certeza, não irá impactar apenas em área física. É preciso ter profissionais à disposição, material didático apropriado e espaços adaptados para absorver a criançada.

Nas comunidades, o retrato é de abandono. Areia e brita furtadas, armações de ferro retorcidas e rastros de alimentação e sujeira em contêineres que deveriam servir de sede a operários. Uma deterioração que se agrava, como o Diário Popular pôde conferir na vila Farroupilha e no Residencial Eldorado, ao voltar aos locais. Em Monte Bonito, no 9º distrito, servidores da Escola João da Silva Silveira acompanharam os sacos de cimento ficarem jogados na grama, após um dos depósitos da obra - que deve dar origem à nova instituição infantil - ter sido desocupado nos últimos dias. “Ficamos com pena que isto esteja acontecendo. Será um gasto dobrado e um tempo maior até que a nova escola, erguida ao lado da nossa, esteja pronta”, lamenta a orientadora educacional Maria Venilda Lopes.

Diante da situação do ensino infantil, expostos na matéria, é importante questionar:
1- Que tipo de indicadores levou a prefeitura a definir a abertura (com recursos próprios) de uma escola “diferenciada” tanto na estrutura física, quanto na qualidade dos serviços que deve prestar, em zona tão nobre da cidade?
2- A que demanda especifica por vagas a escola atenderá no quadrante em que se localiza?
3- Com que critérios serão preenchidas as vagas?
4- Como será atendida a demanda reprimida, especialmente nos bairros e zona rural e, com que prazo?

Política do Asfalto - P.R.Baptista

Noticiado que está projetado estender o asfaltamento da rua Tiradentes.
Trata-se de um trecho com paralelepípedo regular que existe há décadas com baixo custo de manutenção.
Apresenta desníveis em razão do longo tempo sem cuidados e  de intervenções promovidas pela própria Prefeitura.
Não é um trecho de tráfego particularmente intenso e certamente não seria prioridade.
Asfaltar significa, conforme se observa por toda a cidade, dispendiosa e permanente manutenção e agravar o quadro de alagamentos que caracteriza aquela zona.
A notícia, no entanto, não chega a ser surpresa pois, no governo anterior, havia previsão de asfaltar a rua Santa Tecla, com recursos intermediados pelo deputado Marroni, que tem também  pavimentação com pedras regulares, aliás uma das melhores existentes.
Parece que esse projeto foi adiado mas, a julgar por esta linha de pensamento, deve voltar.
É a "política do asfalto" que ajuda a eleger candidatos e tem levado a pavimentar até passarelas pela cidade inteira para carnavais itinerantes.
A última foi na zona do Porto em frente ao portão principal e, a julgar pelo anúncio de abandono do evento por parte da Prefeitura, será mais uma peça arqueológica da cidade.
Na foto podemos ver a primeira dessas passarelas, no coração do centro histórico, autorizada pelo prefeito Bernardo de Souza.
Agora, no orçamento de 1 milhão para o "ajardinamento" da praça, consta estar incluído o custo com a obra de retirar o asfalto.
Enquanto isso em inúmeros pontos nos bairros, em percursos de transporte coletivo, prevalecem trechos de chão batido.


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Um Tiro - P.R.Baptista

Hoje é um dia importante da vida brasileira.
Na novela Verdades Secretas de Alcyr Carrasco, Carolina ( Drica Moraes) encontra o marido Alex ( Rodrigo Lombardi) na cama com a filha Angel ( Camia Queiroz).
Como diz, intimamente já sabia do romance entre os dois mas não queria admitir.
Agora está vendo, não pode mais ignorar o que o país inteiro tinha conhecimento.
São os recursos da criação.
O leitor ( ou o espectador) frequentemente tem dos enredos um conhecimento que foge aos personagens.
Mas na novela, nesse momento, personagens e espectadores se encontram.
No penúltimo capítulo, o de ontem, Carolina toma um revólver (por isso nunca tenha um revólver ao alcance dentro de casa) e entra no quarto onde marido e filha estão abraçados.
Antes ainda tem tempo de ouvir ele dizer para a filha que a ama.
Com o revólver nas mãos, apontando ora para um lado , ora para o outro, parece escolher em quem vai atirar primeiro.
Ou se não vai atirar nos dois.
Numa novela que abordou duma vez só vários pontos que costumavam aparecer por partes, em doses muito medidas (prostituição, drogas, sexo, etc.) ficou destinado para o final , costurado ao longo de quase toda a novela, um tema que não era muito comum.
O incesto.
Embora Alex não seja pai biológico, seja seu padrasto, essa é a questão de fundo.
A traição dentro da família.
Hoje, portanto, a Rede Globo, aposta suas fichas numa grande audiência.
Como nossa Hollywood brasileira investe como tábua de salvação, à falta de jornalismo sério, numa programação que da tarde à noite apresenta novelas.
E no encerramento de Verdades Secretas aposta na direção da bala que vai ser disparada.
O tiro tem que ser certeiro.
Na mente do roteirista ele já foi dado.
Entre o elenco já se sabe quem vai ser atingido porque a cena já foi filmada.
O que deve ser,então, considerado é que do ponto de vista exatamente literário da criação a novela só pode ter um desfecho.
O castigo que Alex e Angel podem merecer não é a morte.
Deve ser uma pena que carreguem pelo resto da vida e para a qual não tenham perdão.
Devem portanto seguir vivos, cada um em seu canto, amargando sua condenação que é justamente de permanecerem vivos.
 O tiro deve, assim, retirar da cena quem não teria condições de suportar a revelação.
Não vejo necessidade, portanto, de ver o último capítulo para saber o desfecho.
Ele já é conhecido.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

CHARGE - Jardel pensando

foto Marcelo Bertani

Aumento de Impostos : Deputado Catarina se justifica

foto Marcelo Bertani
"Quero falar sobre a votação que encerrou agora e sobre os embates que tivemos no Plenário. Ninguém, por óbvio, gostaria de aumentar impostos. Mas a situação financeira do Estado é delicada demais. Temos que honrar os salários dos salários dos servidores. Nós, do PSB, não temos por tradição votar a favor de aumentos de impostos. Mas é preciso. E falo, a seguir, sobre isso. Quem puder ler, peço que o façam.

Temos hoje, aqui no Rio Grande do Sul, um debate que não pode ser tomado de forma isolada.

Todos sabemos a situação que o atual governo herdou: uma dívida imensa e que só faz aumentar. Um déficit que nos engessa. E, para piorar, um cenário de crise que se agrava cada vez mais.

Nacionalmente, o cenário não é tão diferente.
Uma grave crise toma conta do país.

A herança de Dilma, porém, é dela e de Lula. São 12 anos de gestão do PT. Aqui no RS, não. Portanto, já há uma clara diferença.

O Rio Grande do Sul, diferente do Brasil, vive uma crise gerada por décadas de administrações que apenas criaram despesas e não receitas.

Mais, a presidente Dilma não é solidária com os gaúchos e jpa bloqueou por duas vezes nossas contas. Logo ela, que prometeu, em plena campanha, renegociar as dívidas dos Estados. Nós, gaúchos, esperávamos por essa negociação. Mas tudo segue no papel. E seguirá por muito tempo.

Diferente do RS, o Brasil vive uma realidade inventada! Até novembro não tínhamos inflação, não tínhamos crise, não tínhamos nenhum problema. Foi só a eleição passar, que toda essa realidade surgiu? É o que tentam nos impor alguns defensores do governo Dilma.

Quero, então, fazer uma reflexão aqui "

SEGUE >>> ( com comentários)

VEJA O VIDEO >>>

Subsídios para o Debate entre as Entidades e o Poder Público sobre o Carnaval - Clóvis Veronez

No momento que presenciamos a tomada de decisão unilateral do governo Municipal descomprometendo-se com o evento Carnaval de pelotas, considero importante a consideração das seguintes questões:

O carnaval é apontado como o PRINCIPAL PRODUTO CULTURAL BRASILEIRO em diversos estudos que avaliam tendências e oportunidades regionais. Entre os principais destaques - relacionados diretamente com o tema ECONOMIA DO CARNAVAL - estão a capacidade que possui o evento para tem para gerar emprego e renda; promover pesquisas científicas; realizar negócios; e fortalecer a economia.

Quem se aprofundar minimamente sobre o tema constatará que as comunidades do samba nada devem ao poder público. Os governos municipal, estadual e federal que devem oferecer às comunidades, que realizam o carnaval, no mínimo, a infraestrutura adequada, alem é claro, de atuarem como motivadores da sua auto organização e constante aprimoramento estético
Estética (do grego aisthésis: percepção, sensação, sensibilidade) é um ramo da filosofia que tem por objetivo o estudo da natureza da beleza e dos fundamentos da arte)

Segue, abaixo, itens que julgo importantes numa ampla agenda de trabalho que reúna o poder público e as organizações (entidades) com relação a construção de uma debate que mire o desenvolvimento das manifestações populares, em especifico, o carnaval.

1. Valorização dos desfiles técnicos das escolas de samba e em arena adequada. Auxiliar o melhor desenvolvimento desse produto para aumentar as possibilidades de receita adicional. Além dos desfiles, os barracões das respectivas agremiações.
2. Auxiliar o desenvolvimento do perfil turístico que a Cidade, por suas características histórico culturais, potencialmente pode desempenhar, por exemplo, o projeto de um museu temático do carnaval em pelotas;
3. Valorização dos desfiles da vasta gama de categorias, muito especialmente as bandas, envolvidas no carnaval de pelotas. Em particular, é importante dar apoio para criação de espaços alternativos integrados ao centro histórico.
4. Projeto de investimento da Prefeitura na construção da Cidade do Samba e dos tambores (arena ou teatro dos desfiles)
5. Discussões em torno da elaboração da Escola de Carnaval e de outras medidas de estímulo à profissionalização, como maior participação no programa de empreendedor individual. Por exemplo, recomenda-se a criação de cadastro da mão de obra envolvida na Cadeia Produtiva do Carnaval;
6. Consolidar a ideia que o Carnaval é um “centro de pesquisa” poderoso. Recomenda-se criar um prêmio em conjunto com outras ações de coordenação para estimular teses acadêmicas e pesquisa científicas, assim aprofundando o olhar da sociedade sobre a importância do tema.
8. Avanço em um plano de ação e planejamento mais organizado para reduzir sazonalidade e dividir melhor as atividades por todo ano (atualmente, as atividades são concentradas do final de um ano ao começo do seguinte). Uma questão fundamental é buscar antecipar os repasses de recursos da Prefeitura.
9. Capacidade de incorporar de forma adequada elementos positivos do mundo dos negócios, como patrocínios e merchandising de grandes marcas. Isso é fundamental para reduzir a dependência de recursos públicos para sustentação da atividade.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O Enredo do Prefeito não dá Samba - Clóvis Veronez


Rainha e princesas do Carnaval com o Prefeito e Vice-Prefeita
Que o governo municipal não dá a menor importância para a cultura e suas manifestações, todos sabem. 
No máximo, alimenta privilégios de poucos alinhados históricos. 
Os governos de Fetter e Eduardo Leite tornaram as movimentos artístico-culturais, em todas as suas áreas, em fantasmas cambaleantes. 
Agora, justo no momento em que as entidades carnavalescas reorganizam-se com vistas ao aprimoramento dos desfiles, o prefeito anuncia que não tem condições de dotar a festa popular da estrutura necessária e, sem noção, propõe como alternativa, desfiles descentralizados, o que não faz um minimo sentido, se tomarmos como referencia a cultura carnavalesca local. 
É preciso discutir alternativas quanto ao modelo, ao tipo de arena, a sustentabilidade, valorização de raízes e outros fatores envoltos no carnaval de Pelotas. 
No entanto, simplesmente eximir-se da tarefa, como fez ao longo da gestão ou transferir a responsabilidade, como fez agora, é apostar na desorganização da qual tem enorme cota de responsabilidade. 
O tiro pode sair pela culatra.

O furo é mais embaixo

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Impeachment - Não se fazem golpes como antigamente


No campo político, Nobre vê “perda de paciência” com a incapacidade do PSDB de resolver seu racha interno. 
Os presidenciáveis tucanos Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin têm posições diferentes. 
Aos dois primeiros, convém a queda de Dilma. 
Serra sonha em ser protagonista em um governo Temer, enquanto Aécio quer nova eleição para chegar ao Planalto. 
Para Alckmin, melhor mesmo é esperar por eleições normais em 2018.

MARCHA DOS "HURGADORES" (CATADORES) EM MONTEVIDÉU



Os "hurgadores", catadores de lixo que empregam carroças, promovem marcha e protesto contra a medida que pretende impedir sua circulação. O protesto durou quase 3 horas , afetou o trânsito nas zonas do Palacio Legislativo, 18 de Julio, Ciudad Vieja e Intendencia.
A notícia não é recente mas demonstra como essa questão afeta uma cidade do porte de Montevidéu.

VER A REPORTAGEM

Viviane Mosé - "A crise brasileira não tem contexto, as pessoas não tem informação"



Em entrevista para  Observatório da Imprensa a filósofa Viviane Mosé critica a maneira como a imprensa noticia os desdobramentos da crise brasileira e os impactos de outras crises mundiais no Brasil.
Segundo ela a "crise brasileira não tem contexto.
As pessoas não tem informação.
A imprensa não mostra a realidade.

sábado, 19 de setembro de 2015

Paris no tempo das charretes



Je vous recommande cette vidéo d'une qualité exceptionnelle de Paris en 1920
Posted by Jean Claude Vasseur on Sexta, 18 de setembro de 2015
Paris em 1920, vibrante, charmosa e.... repleta de charretes puxadas à cavalo.
No início do século vinte 74 milhões de cavalos viviam sobre a Terra dos quais perto de 3 milhões na França,
Cada manhã as ruas de Paris contavam perto de 80 mil cavalos que transitavam em evoluções indescritíveis.

domingo, 13 de setembro de 2015

Depoimentos a respeito da Casa Azul e a reserva técnica do Museu da Baronesa

Mariana Boujadi
Formanda em Museologia

Realmente muito triste o descaso que a prefeitura está tendo com o patrimônio da cidade.
Saiu uma nota no Diário Popular (dia 30/08) comentando que o Museu da Baronesa irá perder a reserva técnica da Vila Stela (Casa Azul) onde localiza-se a maior parte do acervo em reserva do museu.
Aparentemente irão se mudar para o local duas secretarias que disseram que a "casa azul" não estava sendo usada para nada, apenas como um depósito de coisas. Quem visitou a reserva sabe que ela está longe de ser o ideal, mas com certeza é muito mais adequada do que a antiga reserva do museu que ficava em uma sala de 50 metros, incapaz de abrigar, mesmo que minimamente, o acervo de forma a não danificá-lo e que de tanta umidade verte água pela parede no inverno.
Temos que no mínimo, tornar esse descaso público!
Se irão tirar essa reserva para ceder o espaço a secretarias, que ao menos tragam uma solução para a reserva técnica do museu que guarda acervo referente a (uma certa) história da cidade, que está longe de ser um depósito...

Noris Leal
Professora do bacharelado em museologia da UFPel - Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural

O Museu da Baronesa sofre do descaso de pessoas irresponsáveis. A Casa Azul pertence ao Museu, a área foi doada pela família Antunes Maciel para ser Museu e não secretarias! Era para uso da população! Enquanto se gasta milhões com um futuro museu, se esquece o outro que conta uma parte da história de Pelotas, com ressalvas ou não sobre a forma que a história ali é contada, não podemos deixar que mais esta barbaridade aconteça. A CASA AZUL É DO MUSEU DA BARONESA!

Infelizmente desconsideram-se sempre os técnicos, aqueles que estudaram para fazer. A atual reserva técnica foi uma conquista a duras penas dos técnicos do museu conservadores, museólogos, melhoraram a antiga que só foi montada no lugar que estava pois a principio não tinha outro lugar depois de muitos anos o Museu retomou a Casa Azul para chegar em condições de guarda de seu acervo. Apesar de gastos que a prefeitura fez para esta mudança, basta a vontade de um dos CCs da prefeitura e se desmancha tudo, mesmo que isto va prejudicar o acervo. Agora pergunto porque esta secretaria que querem colocar na casa azul não vai para o prédio vazo que esta sendo alugado pela prefeitura há muito tempo? Por que tem que ser na Casa Azul? Qual a resposta técnica para desalojar a reserva técnica de um museu? As pessoas que querem fazer isto conhecem a lei federal 11.904?

Para quem não sabe o que é uma reserva técnica de museu : "Termo que opõe-se ao de depósito, define um conjunto de áreas com atividades distintas e espacialmente interligadas, com características próprias de segurança, iluminação e climatização, destinado a armazenar o acervo museológico não exposto ou em transito em condições adequadas de conservação, segurança e fácil acessibilidade. Espaço que tem a função primordial de guarda do acervo. Portanto, precauções especiais quanto a sua localização, proteção contra roubo e incêndio e condições ambientais precisam ser rigorosamente seguidas. Nos museus presta-se pouca atenção aos lugares de guarda das peças do acervo. Erro grave este, já que a experiência indica que são muitos os danos ocasionados nas coleções pelo inadequado projeto da área definida para servir como reserva técnica.
A importância da reserva técnica, é fundamental, é nesta área em que as coleções ficam por períodos mais prolongados de tempo. De fato, é a reserva o lugar onde se inician e terminam todas as operações e movimentos de peças, desde seu ingresso na institução até sua ida para a exposição. "


Éder Oliveira 

Bacharel em Museologia  formado pela UFPel em 2010. Museólogo do Museu Antropológico Diretor Pestana - UNIJUÍ.

O interessante nisso tudo é refletir sobre o fato de usar a casa azul para abrigar secretarias ao mesmo tempo em que despejam a reserva técnica, sem levar em consideração o aluguel pago de prédios parados e vazios, como o antigo supermercado da coopebra na rua Lobo da Costa. Praticamente desde o início da atual gestão o contrato de aluguel foi firmado e nenhuma utilidade prática foi dada ao prédio. Sem deixar esquecer o fato do no mínimo polêmico projeto museu ultra high-tech que mais parece um cinema sem cadeiras, repleto de falhas conceituais e sendo conduzido por uma equipe irregular profissionalmente (sem registro no COREM ou COFEM). Querem fazer um museu sem sequer considerar as carências da instituição que já existe é no mínimo despreparo, para não dizer burrice. Confirmo sem sombra de dúvida que as pessoas que tomaram esta decisão detêm um meritório diploma de burrice cursado na escola da professora vesga (mito popular sobre a educação completamente falha) dada a afirmação de que a casa azul é "um depósito de coisas". Fazer um museu(?) trabalhando na destruição de outro já existente é, como diz Gregório Duduvier "limpar o chão com bosta".
Por mais que a questão cultural careça de reflexões mais profundas é inadmissível conceber a idéia de dilapidação da infraestrutura de um museu que já existe há anos. Por mais que ele trate de (uma certa) história, como frisou muito bem Mariana Boujadi, o museu antes carregado nas costas pelo Museologia da UFPel, sem desmerecer o curso de História e Conservação e Restauro que também colaboraram muito, faziam todo o possível com escassos recursos e lidando com personalidades tacanhas e metodologias ultrapassadas. É  primordial que as intervenções e projetos não sejam somente escalofobéticos e purpurinados para "inglês ver". Uma intervenção/iniciativa valorosa não se qualifica pelo vulto/impacto visual e sim pelo caráter conceitual. Não é o cerne da questão debater, neste momento analisando a postura , de falta de disposição em ouvir um parecer técnico com respaldo de anos de estudo e dedicação. Claro que deve ser discutida a filosofia de trabalho que norteia esta administração cultural desastrosa, mas a questão expressa nas linhas do post reflete que é a falta de tato e conhecimento sobre o que fazer e como proceder. Chamar uma reserva técnica de depósito de coisas é ultrajante. Fazer um projeto de um novo museu para a cidade descartando o produto de esforço de anos e equipes dedicadas a conquistar um espaço melhor para abrigar o acervo do museu é certamente fruto de uma filosofia da administração municipal pobre e desconhecedora dos paradigmas da área. Ridículo. Precisamos de revisão filosófica? Evidente que sim. Faço minhas as palavras da Noris reafirmando toda a inexistência de conhecimento sobre o que se pretende fazer. Fazem e pronto? Coisa lamentável advinda da escola da professora vesga mesmo!

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
DISCUSSÃO MANTIDA NO FACEBOOK
1) https://www.facebook.com/groups/890827434266040/permalink/1147550921927022/

2) https://www.facebook.com/groups/890827434266040/permalink/1148473318501449/

3)https://www.facebook.com/noris.leal.18/posts/541430566022277


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

11 de setembro, lembranças de golpes



 "El pueblo debe defenderse, pero no sacrificarse. El pueblo no debe dejarse arrasar ni acribillar, pero tampoco puede humillarse. Trabajadores de mi patria, tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo en el que la traición pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor". Salvador Allende, ultimo mensaje

O que precisa ser ouvido sobre a "crise imigratrória" na Europa - Fatou Diome, escritora senegalesa



Fatou Diome, escritora senegalesa, falou num programa francês sobre imigração e racismo.
Posted by Empodere Duas Mulheres on Quarta, 9 de setembro de 2015
"Vamos encontrar uma solução coletiva ou então mude-se da Europa porque, você gostando ou não, tenho a intenção de permanecer aqui"

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Novidades - Nei A. Pies


Reino encantado de Luzé

Reino encantado de Luzé

Categorias: conto, Cultura, luz, Nei Alberto Pies, reino encantado de Luzé
Num reino encantado, bem longe daqui, mas perto de Susa, reina Luzé. Luzé de luz com muito brilho. O rei tem estranha mania de tocar e intervir em tudo. Onde toca e intervém, joga suas luzes e seus brilhos. Alimenta a ilusão de que reina sobre tudo e sobre todos. Tem pretensão de sempre ser paparicado e exaltado, mesmo quando …
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Espetáculos maniqueístas

Espetáculos maniqueístas

Categorias: Cultura, jorge a. salton, Livro, maniqueísmo, O Maniqueísmo em nossas vidas, sueli frosi
Sei que em todas as multidões há quem sequer saiba por que esta lá e que o direito à manifestação é algo necessário e sagrado. (Sueli Ghelen Frosi) Vivemos espetáculos e somos midiáticos. Sem escrúpulos e sem vergonha, exibimos, instintivamente, o melhor do que carregamos, do que somos ou do que temos. Vimos, assistimos e acessamos - pelas mídias e …
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Espaço autores passo-fundenses

Espaço autores passo-fundenses

Categorias: autores passo-fundenses, biblioteca, Cultura, Literatura, Livros, Nei Alberto Pies, Passo Fundo
Desde o mês de agosto de 2013, a Biblioteca Pública Municipal de Passo Fundo Arno Viuniski abriga estande Autores Passo-fundenses. Este espaço pretende-se parte de uma ação de incentivo à produção de cultura local e representa um compromisso com os escritores que enriquecem a história da cidade. Este projeto retomou também as ligações da Academia Passo-fundense de Letras e a …

Muros - Neiff Satte Alam

Muro israelense na Palestina
Muros são estruturas necessárias no sentido de preservação da propriedade, em geral servem para impedir entrada de intrusos.
Por muitos séculos estes sistemas de proteção estão sendo utilizados com objetivos distintos do original, para o bem ou para o mal, seguindo sempre os princípios morais, mas nem sempre da boa ética, mais convenientes e sempre úteis aos mais poderosos.
O primeiro muro a cair foi o do Jardim do Éden, quando Adão e Eva libertaram-se para conquistar o Planeta Terra. Outro que teve queda recente foi o muro de Berlim que separava alemães orientais de alemães ocidentais. Este tinha um objetivo interessante: não era para impedir entrada de intrusos, mas para impedir a saída de Berlim oriental para o ocidental.
Outros muros permanecem em pé, curiosamente construídos por países que festejaram a queda do muro de Berlim. Entre os Estados Unidos da América e o México há um muro que impede que os americanos sejam “invadidos” pelos mexicanos e outros “subterceiromundistas” e, desta forma, não transformarem o sonho americano em um pesadelo. São as castas ocultas do continente americano muito bem camufladas pelos defensores da Democracia.
Entre judeus e palestinos também se reinventou o muro de contenção, diferentes não podem conviver, pois respeito à diversidade cultural, ideológica e religiosa somente servem para ilustrar os livros de faz-de-conta e os contos de fadas, neste caso, nem uma hipotética e fantasiosa reunião entre Maomé e Moisés resolveria o assunto!
Alguns muros, pelo gigantismo, são denominados de muralhas, como a da China, cuja origem se perde no tempo, mas com certeza não foi construída para turista ver, os propósitos foram outros e não diferentes dos atuais.
Tem muros que servem a projeções metafóricas (recentemente transformado em obra concreta para que os inoportunos manifestantes anti--governo atrapalhassem a festa da Independência), como é o caso dos muros que separam os neurônios de certos cérebros e impedem que se manifeste qualquer resíduo de inteligência, aliás, muito comum este tipo de muro no Planalto Central brasileiro, bem ali onde se juntam Deputados e Senadores e outros que lutam para convencer que pensam no bem estar do cidadão escondendo-se “em cima do muro”, pensando que moralista e “murista” é a mesma coisa, o dia que estes muros caírem veremos que há um horizonte a ser conquistado.
Enquanto isto, sem muito a fazer, apostamos na fonte milagrosa do Muro das Lamentações, em Jerusalém, pois só um milagre para salvar a humanidade destes muros que impedem a grande e definitiva conquista do Planeta Terra pelo homem, por todos os homens e para todos os homens!

terça-feira, 8 de setembro de 2015

CHARGE

" Senhor, temos razões para acreditar que nossos inimigos não tem armas de jeito nenhum"  ( A Queda do Império Onomatopaico)

Por Uma Nova Consciência Ambiental - Andrea Silveira

Vivemos um momento de perigo de vida para a humanidade. Usamos e abusamos de todos os recursos disponíveis em nosso planeta, degradamos o ambiente, produzimos um infindável volume diário de resíduos… O chamado lixo não tem mais pra onde ir, por que, em se tratando de resíduos, não há onde botar fora nada, de alguma forma tudo o que produzimos vai se acumulando na superfície do planeta.
            Os impactos de nossa ação predatória sobre o meio já começam a aparecer e assustar a todos: catástrofes naturais, falta de água potável e alimentos, superaquecimento global, desflorestamento, poluição, entre tantos outros.
            Faz-se urgente desenvolvermos conhecimentos, habilidades e atitudes que permitam mudanças de comportamento, um consumo responsável e sustentável. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei 12.305/2010, vê exatamente na Educação Ambiental um de seus instrumentos transversais que através de programas e ações voltadas a não geração, redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos permitirá uma mudança considerável no padrão de consumo e produção.
            Um dos papeis da Educação Ambiental é estimular uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social, incentivando a participação individual e coletiva, fortalecendo a cidadania, autodeterminação e solidariedade.
            Nossa relação com o ambiente precisa ser equilibrada, compensando os impactos com tecnologias apropriadas que preservem a vida para as gerações presentes e futuras, repensando, inclusive mecanismos de descarte para os resíduos, bem como sua não utilização. Uma nova consciência e senso de responsabilidade coletiva precisam ser gestados para que a VIDA seja mantida na Terra. 

Andrea Silveira- Estudante de Pós Graduação em Educação Ambiental-UFPel

domingo, 6 de setembro de 2015

Dança das Rosas - Consuelo de Paula



Dança das Rosas de Consuelo de Paula CD que foi lançado no Theatro Municipal de São Paulo

 ...a mesma dor, o mesmo mar... ...olhos do oriente, olhos judeus/ olhos palestinos, índios, ateus/ luz do olhar de qualquer lugar/ são teus sinais/ são olhos meus/ olhos do ocidente, olhos cristãos/ olhos africanos, latinos, irmãos/ olhos negros, americanos/ vão ancorar no mesmo cais...

(Retina, Consuelo de Paula e Rubens Nogueira). (fonte: site da artista). Nas lojas (físicas e digitais) e no site: www.consuelodepaula.com.br

sábado, 5 de setembro de 2015

Marinha do Brasil realiza resgaste, salvando 220 migrantes no Mar Mediterrâneo

Corveta "Barroso"
Neste momento em que tantos líderes europeus envergonham seus países, a Marinha brasileira nos dá razões para nos orgulharmos.
Nesta sexta-feira, cerca de 13h30  (18h30 na Itália), a corveta “Barroso”, da Marinha do Brasil, navegava no Mar Mediterrâneo, a 170 milhas da Sicília, Itália, com destino a Beirute, no Líbano, quando recebeu um comunicado do Centro de Busca e Salvamento Marítimo  italiano, sobre a existência de um barco com risco de afundar com cerca de 400 migrantes, rumo à Europa.
O Centro de Busca italiano solicitou ao navio brasileiro que se aproximasse da embarcação, a cerca de 150 milhas de Peloponeso, na Grécia. Ele chegou ao local após uma hora de navegação.
Dois navios-patrulha italianos de pequeno porte se juntaram a eles e, impossibilitados de receberem os migrantes a bordo, a Guarda Costeira italiana solicitou o apoio da Marinha do Brasil para efetuar o resgate e seu transporte para o porto italiano de Catânia.
O comandante da Marinha do Brasil prontamente autorizou a prestação desse apoio, a fim de salvaguardar a vida daquelas pessoas e a transferência dos migrantes para a corveta brasileira acaba de ser completada, tendo sido recebidas 220 pessoas: 94 mulheres, 37 crianças e 4 bebês de colo, muitos deles extremamente debilitados. Já é noite no local, porém o mar está calmo, facilitando a operação em curso.
Com uma tripulação de 191 militares a bordo, a corveta “Barroso” saiu do Rio de Janeiro em 8 de agosto para substituir a Fragata “União” na Força-Tarefa Marítima da ONU no Líbano, a fim de atuar como Navio Capitânia do comandante da Força-Tarefa, cargo exercido por um almirante brasileiro desde 2011, e realizar tarefas de interdição marítima e capacitação da Marinha libanesa.
O  navio permanece no Líbano até fevereiro de 2016. 


Museu da Baronesa - Alex Lettnin


Museu da Baronesa
Crayon de Alex Lettnin

Um gesto concreto- Eliézer Oliveira

Ouso falar sobre um gesto simbólico, ainda que tudo que se possa dizer, sobre ele, jamais será esgotado por intermédio das palavras. Por isso, antes de tudo, perante ele me calo e deixo que ele, por si só, me fale, a fim de que eu possa, minimamente, balbuciar sobre o seu significado.
Gesto que fala e cala!
Trata-se de um gesto carregado de significados, promovido na SEMANA DE GREVE UNIFICADA DOS SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS, promovido pelos e pelas estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Colônia de Pescadores Z-3, Pelotas, Rio Grande do Sul. Gesto particular e ao mesmo tempo gesto-símbolo, expressão de tantos outros gestos realizados em tantas outras paragens gaúchas.
Gesto local com expressão simbólica regional!
Um gesto que significa solidariedade, amorosidade, partilha, sensibilidade humana e todos os sentimentos mais nobres desenvolvidos pela humanidade, e ao mesmo tempo, expressa crítica dura, luta combativa, indignação ética, rejeição da injustiça promovida pelo atual Governo Estadual contra os servidores – atitudes estas, igualmente, muito nobres.
Gesto de amor e luta!
Um gesto educativo, criado por jovens estudantes, encharcado de amor e de luta, pleno de cidadania e humanidade, inundado de generosidade e crítica, cadenciado pelas batidas do coração e pelos gritos de quem diz “não, não” à opressão!
Gesto de acolhida e rejeição!
Gesto novo, nascido nas férteis margens da Laguna dos Patos, regado pelos sonhos de novas relações humanas.
Um gesto envolvente, surgido numa Colônia de Pescadores, pescado pela criatividade jovem de quem não se deixou contaminar pela poluição do egoísmo.
Um gesto rico de fraternidade, oriundo de uma Escola pobre, situada numa comunidade economicamente empobrecida, que luta coletivamente pela transformação das atuais e precárias condições materiais oferecidas pelo Governo do Estado.
Gesto nutrido na Escola que não tem merendeira.
Gesto limpo, asseado na Escola desprovida de funcionário para os serviços gerais.
Gesto desbravador de novos caminhos, abertos pela Escola que não tem garantido o seu direito de difícil acesso.
Gesto que marca presença no atual momento histórico através da Escola para onde muitos profissionais, compreensivamente, rejeitam ir.
Gesto firmado na direção certa, criado pelos e pelas estudantes que têm uma Diretora que dirige a Escola, faz merenda, limpa as salas e os auxilia nas questões extra-escola.
Gesto educativo originado pela Escola na qual os educadores teimam em educar contra toda a corrente que insiste em lhes colocar empecilhos diversos.
Gesto que começou a ser produzido pelo gesto que lhe é oposto, provindo do Governo Estadual, que sequer cumpre, minimamente, com a sua obrigação de pagar os salários integralmente em dia e ainda pretende arrochar a vida dos servidores estaduais com os seus pacotes de maldades na Assembleia Legislativa.
Gesto de educandos e educandas, que ao saber do desespero de sua Diretora resolveram dar-lhe um sinal de esperança. Gesto de quem rejeita a forma como uma educadora é tratada em pleno século XXI e nesse mesmo gesto a acolhe de forma amorosa no seio da comunidade.
Gesto nosso, anti-gesto-governamental!
Gesto de indignação diante da fala de uma Diretora que diz “não sei até quando vou aguentar”, “acho que terei de ir embora daqui”, “não consigo mais pagar o aluguel”, “se eu pudesse até viria morar na escola”;
Gesto de desespero!
Gesto que responde ao gesto da Diretora, e que através do gesto dos e das estudantes fala silenciosamente a ela: “nós estamos contigo porque tu estás conosco”, “deixaste tudo e vieste para cá e te tornaste uma de nós”, “não te abandonaremos porque jamais nos abandonaste”, “conta com a gente”, “ânimo mulher, não desista, pois foi isso que sempre nos ensinaste”, “esse aluguel ai resolveremos, na solidariedade, na vaquinha solidária dos pobres para com os pobres”.
Gesto de esperança!
Gesto de quem tem relações pessoais com quem soube fazer relações pessoais, verdadeiramente humanas, para além de qualquer funcionalidade administrativa.
Gesto humano!
Gesto de quem sabe que a Escola é pública, de estudantes que sabem que têm direito a uma educação gratuita, pública e de qualidade, sabem que é dever do governo pagar os servidores integralmente em dia, sabem que uma escola deve ter as condições necessárias para a relação de ensino-aprendizagem... mas nem por isso lavam as suas mãos desresponsabilizando-se pelos que sofrem na pele as consequências de um governo inconsequente, e por isso socorrem a necessitada, e fazem deste socorro um grito de luta contra as situações políticas que geraram essas dores.
Gesto de compromisso!
Gesto de jovens que tiram as poucas moedas do próprio bolso, pedem algumas para os vizinhos, aos pobres professores que nesse mês receberam 600 reais, ao pescador que vive do seguro-defeso, à vó aposentada, ao desempregado que vive de bicos, à casa que sobrevive de bolsa-família, ao sub-empregado que sequer tem carteira assinada, contribuições de professores que desenvolvem trabalhos na Z-3, do padre que atende a comunidade, da caixinha de formatura da turma... e de moeda em moeda vão honrando a história de uma comunidade que sempre soube coletivamente se mobilizar, se organizar na luta por direitos, defender quem precisa, solidarizar-se com quem sofre.
Um gesto capaz de abarrotar de felicidade os membros daquela comunidade.
Que enorme prazer, para qualquer pessoa, poder conviver com gente tão humana.
Gesto de quem crer no poder da união de uma comunidade e por isso, em nenhum momento, se preocupou se o valor arrecadado seria o suficiente para pagar o aluguel. Se não chegasse ao valor final, mesmo assim valeria o gesto; se chegasse, que bom; se o ultrapassasse ainda melhor; porém não foi esse, em nenhum momento, o foco da ação. O importante estava na decisão de agir, realizar o gesto simbólico de solidariedade a ela e de crítica ao governo.
Gesto centrado na ação humana, não no dinheiro!
Gesto que certamente não resolverá o problema, e por isso mesmo, é um gesto engendrador de outros futuros gestos que começam ser cogitados, gestos mais duros, gestos mais combativos, gestos que comprometam aqueles que não querem se comprometer com esse caos. Gestos guardados em segredo, até que se realizem.
Gesto gerador de gestos futuros!
Para realizar esse gesto, num período de greve, a articulação não foi pouca. Uns coletavam num lugar e outros noutro, houve desencontros de horários, dificuldades de comunicação, o segredo deveria ser mantido para que a Diretora sequer desconfiasse do que estava ocorrendo. O que cada um doou foi anotado num caderninho para a prestação de contas para os doadores, para ela, apenas o resultado da coleta e os nomes dos doadores, sem a discriminação de qualquer valor, com a certeza de que todos doaram a mesma coisa, ou seja, tudo o que podiam doar segundo a sua condição.
Gesto de igualdade!
Gesto nascido da escuridão na qual o atual governo colocou o Estado e ao mesmo tempo gesto capaz de iluminar essa realidade. Gesto que valoriza a desvalorizada. Gesto generoso que não deixa a opressão se realizar de forma cabal. Gesto bom nascido da realidade ruim. Gesto que demonstra que a humanidade do ser humano não está ainda totalmente desumanizada. Gesto que simboliza e serve de exemplo para os casos semelhantes, além de denunciar todos os descasos do (des)governo atual. Um gesto com a força de nos educar, e que deveria, sobretudo, educar o governo, incapaz de qualquer gesto semelhante – só capaz de contra-gestos como esse.
Gesto educativo!
Gesto que não quer expor a humilhação violenta pela qual passa uma Diretora, visto que se há alguma vergonha a ser sentida, ela deveria estar estampada no rosto dos sem-vergonha que a produziram no Palácio. Gesto que não quer fazer desta pessoa singular (a Diretora) a heroína desta conjuntura, visto que há muitos casos semelhantes, e quem sabe até piores que este, ocorrendo pelos pagos gaúchos. Gesto que quer chamar a atenção para um problema geral através de um exemplo local.
Gesto simbólico!
Gesto através do qual os nossos alunos e as nossas alunas nos ensinaram lições de solidariedade e luta, nos comprometeram com a pessoa necessitada e com o combate à opressão, nos envolveram na luta contra as causas e os efeitos da injustiça estrutural, e, com isso tudo, nos humanizaram através de seus diversos exemplos: indignação, choro de raiva, sofrimento, compaixão, mobilização, ação organizada, compromisso e afins.
Gesto de jovens sujeitos!
Gesto, como aludido no princípio, inesgotável. Por mais que se escreva sobre ele é impossível descrevê-lo. Por mais que se diga, ele se encontra no âmbito do indizível. Seus significados são, pessoalmente e coletivamente, variados e a sua multiplicação em outros gestos infinita.
Bons gestos a todos os indigestos que não engolem essa situação. Gesto de solidariedade, luta e indignaçã

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Greve dos Institutos Federais


foto Jô Folha - Diário Popular

E a greve dos Institutos Federais?
Iniciada em 20 de julho coloca muitas questões à espera de respostas compatíveis com a importância do ensino técnico e tecnológico no contexto da Educação brasileira.
Na foto saguão do campus Pelotas no qual estudam cerca de 4000 alunos.

Notícia na imprensa >>>

Verdades de uma greve de servidores públicos - Nei Alberto Pies

São muitas as verdades que precisam ser anunciadas:
1. Os funcionários grevistas assumem compromisso ético e político muito sério: a greve não é em causa própria, mas em nome de todos os seus colegas. Por isso mesmo, a greve sempre é sustentada pelos mais coerentes, mais conscientes e mais seguros de si;
2. Críticas sempre são bem-vindas ao movimento, mas somente serão aceitas aquelas que vierem de quem luta. É muita covardia esconder-se atrás de certas críticas para não vir somar-se com a luta;
3. Além de ser um compromisso sério que tem horas e horários definidos, a greve também se faz de alegrias, de encontros, de convivências, de muitas trocas. Uma greve tem certa espiritualidade e se faz com compromissos de quem se soma para lutar. Por isso mesmo que grevistas tem todo direito de rir, de tomar chimarrão, de sentar em rodas, de ouvir músicas, de exibir-se em fotos. Uma luta boa se faz com alegria!
4. Quem luta também educa. Quem educa verdadeiramente, desestabiliza os acomodados. Ao nos organizarmos pacificamente, estamos ensinando ao conjunto da sociedade que é preciso organização quando os direitos são atacados;
5. Jornalistas e parte da imprensa que tentam nos jogar contra a população precisam nos escutar primeiro para entender nossas causas. Não somos, definitivamente, responsáveis pela situação na qual nosso último recurso foi a greve;
 6. Os números de grevistas não são o principal parâmetro para sustentar e legitimar uma greve. O que vale e sustenta as lutas é o que buscaremos numa negociação;
7. Mentes tranquilas, serenas e convictas incomodam os adeptos dos terrorismos, das ameaças, das punições e das simulações que tentam desestabilizar os manifestantes para desmerecer o mérito das lutas;
8. Greve do funcionalismo municipal ou estadual sempre busca aperfeiçoar e aprimorar a qualidade dos serviços públicos. Servidor valorizado cumpre função pública com maior interesse e motivação;
9. O desejo maior de quem está em greve é voltar ao trabalho, pois o local de trabalho é seu lugar de realização e a garantia de seu ganha-pão;
10. Todos os que ousam participar de uma greve, voltam transformados e revigorados para seus locais de trabalho. Aprendem, como ninguém, que não é bom ser escravo e que ser sujeito da sua história sempre tem preço, que sempre vale a pena pagar. Aprendem também que o ombro a ombro, o cara a cara e a solidariedade nos humanizam, transformando-nos em seres humanos melhores.

Nei Alberto Pies, professor, escritor e ativista de direitos humanos.

"EU ACUSO" - Mário Madona : a morte induzida do jornalismo

No momento em que órgãos de comunicação como a Globo e a Veja demitem pessoal de imprensa, o jornalista Mário Marona escreve apontando os verdadeiros responsáveis pela crise e perda de credibilidade dos jornalões: os empresários e seus estrategistas.
O título remete à expressão J'Accuse, célebre artigo escrito por Émile Zola em 1898, em que o escritor cobrou do presidente da França a libertação do oficial Alfred Dreyfus, vítima de uma grande injustiça judicial.


EU ACUSO!
Por Mario Marona
"Aos donos dos jornais e seus estrategistas:
Na última década e meia vocês destruíram de maneira sistemática a credibilidade das empresas que dirigem e condenaram o jornalismo a um período de degradação só comparável aos tempos da "imprensa marrom" dos anos 50.
Na última década e meia vocês tentaram matar a reportagem e trabalharam de forma metódica contra seus próprios veículos, expondo-os ao ridículo perante os leitores e assinantes, muitos dos quais decidiram abdicar de hábitos antigos para procurar alternativas na internet.
Na última década e meia vocês interditaram seus veículos à presença de articulistas e colunistas moderados, isentos ou progressistas, optando por entregar praticamente todos os seus espaços de opinião a jornalistas e especialistas facciosos, grosseiros, deselegantes, manipuladores e mentirosos, quando não assumidamente golpistas.
Vocês - donos e estrategistas - estão enterrando o jornalismo.
Vocês são responsáveis pelo empobrecimento de suas empresas.
Vocês são os únicos culpados por demitir dezenas e dezenas de bons profissionais a cada passaralho.
Assumam sua responsabilidade perante a história do jornalismo brasileiro.