quinta-feira, 31 de maio de 2018

CIRO GOMES NO PROGRAMA RODA VIVA


 "a politica de preços do seu Pedro Parente é lesiva ao interesse nacional, é entreguista aos estrangeiros ... hoje Bolsonaro, maior aliado dos caminhoneiros, votou a favor da entrega aos estrangeiros ..."

Ciro Gomes, do PDT, fala de seus projetos para o País, caso seja eleito.
Participam da bancada de entrevistadores, José Roberto de Toledo, editor da versão online da revista Piauí; Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo; Brad Hynes, diretor da agência Reuters no Brasil; Débora Freitas, apresentadora e repórter da rádio CBN; e André Perfeito, economista-chefe da corretora de valores Spinelli.

sábado, 26 de maio de 2018

UMA ANÁLISE DA GREVE DOS CAMINHONEIROS

 
A direção entreguista da Petrobras reduziu em cerca de 30% a produção de combustíveis em nossas refinarias, abrindo o imenso mercado brasileiro para a importação de combustíveis. Nossas importações de derivados norte-americanos subiram de 41% para 82%. Estamos exportando óleo cru, ao invés de refiná-lo aqui mesmo, e comprando combustível mais caro no estrangeiro, que muitas vezes é produzido a partir do nosso petróleo. É uma estratégia suicida, que visa a atrair investidores para a privatização da Petrobras. Um crime contra a economia popular e contra a soberania nacional.

A paralisação do transporte rodoviário no país é resultado direto da política irresponsável de preços de combustíveis da Petrobras sob o governo golpista, que atingiu primeiramente a população mais pobre, com os aumentos escandalosos do gás de cozinha. Trata-se de uma crise anunciada e agravada pelo noticiário da Rede Globo, que estimula a corrida aos postos e supermercados, além da especulação com preços dos alimentos. A Globo investe na crise, como fez em 2013 e ao longo do golpe do impeachment de 2016.

O protesto contra a alta dos combustíveis é justo. Foram absurdos 229 reajustes no preço do diesel nos últimos dois anos. Nos governos anteriores  foram apenas 16 reajustes e  preços do diesel, da gasolina e do gás acompanhavam os preços internacionais em ciclos longos. Os reajustes eram feitos de forma espaçada e moderada, conciliando os interesses da empresa com os interesses maiores do bem-estar público e da eficiência global da economia. Já a gestão golpista da Petrobras adotou uma política de transferência compulsória e imediata das oscilações internacionais para o mercado interno e de maximização dos preços dos derivados, com o intuito único de remunerar os acionistas e tornar a empresa atrativa para as privatizações setoriais a que é atualmente submetida. Tal política, que trata a Petrobras como se fosse uma bolha privada desconectada do interesse nacional, provocou uma volatilidade absurda dos preços, que passaram a ser reajustados, em alguns casos, de forma praticamente diária.

É por isso que o preço do diesel no Brasil está hoje bem acima do preço internacional do produto (56% acima). É por isso que o Brasil está com a segunda gasolina mais cara do mundo. É por isso que a população mais pobre não consegue mais comprar botijões de gás. É por tal razão que a economia brasileira está paralisando. É por isso que o Brasil está importando cada vez mais combustíveis de grandes petroleiras norte-americanas, como Chevron, Exxon, etc.

Além disso, a direção entreguista da Petrobras reduziu em cerca de 30% a produção de combustíveis em nossas refinarias, abrindo o imenso mercado brasileiro para a importação de combustíveis. Nossas importações de derivados norte-americanos subiram de 41% para 82%. Estamos exportando óleo cru, ao invés de refiná-lo aqui mesmo, e comprando combustível mais caro no estrangeiro, que muitas vezes é produzido a partir do nosso petróleo. É uma estratégia suicida, que visa a atrair investidores para a privatização da Petrobras. Um crime contra a economia popular e contra a soberania nacional.

Neste contexto, é meramente paliativa a ideia de zerar os impostos federais sobre combustíveis (objetivo das grandes empresas de transporte que se aproveitaram do movimento para realizar um locaute). A volatilidade dos preços internacionais e do câmbio vai continuar a gerar novos aumentos. Além disso, o custo fiscal dessa proposta, que incide sobre o PIS/Cofins, recairá fatalmente sobre o orçamento de programas sociais e políticas públicas, como a do seguro desemprego, que beneficiam o povo mais pobre. Além de inútil, a proposta do governo golpista é injusta.

O acordo anunciado nesta noite (24/05) confirma essas fragilidades, já que, além de não revolver adequadamente o problema, vai onerar a União, que terá de remunerar a Petrobras caso ela tenha algum prejuízo com as medidas tomadas. Trata-se de uma total inversão de valores, na qual os interesses privados dos acionistas da empresa se sobrepõem aos interesses públicos.

A saída para mais esse desastre do governo golpista está na recuperação da Petrobras e do papel estratégico que nossa maior empresa sempre exerceu no país, inclusive na regulação dos preços dos combustíveis. É urgente reverter a política ultraliberal de Pedro Parente, que trata a Petrobras como se fosse uma empresa privada, com foco no lucro de quem detém ações (grande parte estrangeiros), em detrimento do maior de todos os acionistas: o povo brasileiro.

A reversão deste processo, em benefício do país e do povo, só será possível quando tivermos um governo eleito pela maioria, com legitimidade para enfrentar as pressões do mercado, ao invés de submeter-se a ele como fazem Michel Temer e Pedro Parente. Esta é mais uma razão para lutarmos pela liberdade de Lula e pelo direito do povo de votar livremente num projeto de país melhor e mais justo, um país soberano, com desenvolvimento e inclusão social.

Alertamos, por fim, para as tentativas de manipulação política da paralisação dos transportes e suas consequências. Uma crise dessas dimensões, diante um governo que já não tem sequer a capacidade de dialogar, por absoluta falta de credibilidade, pode se transformar em terreno fértil para aventuras autoritárias. Principalmente porque o campo dos golpistas não consegue apresentar uma candidatura e um projeto de país com viabilidade eleitoral.

Fonte: Assessoria do PT

domingo, 20 de maio de 2018

REVISTA CARTA CAPITAL COMENTA A CANDIDATURA DE CIRO GOMES

Interessantes comentários de Mino Carta, diretor da CARTA CAPITAL, revista que tem sido uma referência no pensamento de centro-esquerda no Brasil, sobre CIRO GOMES, candidato presidencial. Para ouvir e pensar.

sábado, 19 de maio de 2018

A PRESENÇA DA TORCIDA XAVANTE, A PRESENÇA INDISPENSÁVEL


Impensável pensar jogos do Brasil em Pelotas e até fora sem presença significativa de sua torcida. A torcida do Xavante pelo número e pela paixão é um diferencial enorme que o clube tem em relação a outros times.
O vídeo mostra, dentre muitos e muitos outros, um desses momentos.
Vale lembrar, nesse jogo, a presença de Diogo Oliveira, um brilhante jogador que faz falta na Baixada. 
Esta noite o Grêmio Esportivo disputa no Bento Freitas jogo muito importante contra o Sampaio Corrêa para se afastar da zona de rebaixamento.
É uma disputa direta porque estão separados por 1 ponto e o Sampaio é o primeiro dentro da zona.
Obviamente fundamental a presença da torcida.
A direção do Xavante mantém, no entanto, a política de ter um dos ingressos mais caros da série B aparentemente como uma forma de pressionar os torcedores para se associarem.
Até agora não parece ter funcionado, o torcedor só compareceu em grande número quando o valor do ingresso foi diminuído .
Além disto, para ajudar a afastar o torcedor do estádio o jogo está marcado para 21 horas.
De onde parte a decisão desses horários esdrúxulos?

NÃO ESTAMOS MAIS SÓS (*)


Pelotas 18 de maio de 2018, nem se passaram 5 dias pós a “comemoração” dos 130 anos da abolição (uma falsa abolição) e a Escola JÁ de Desenho e o Jornal Diário da Manhã, permitem vincular em seu jornal uma propaganda preconceituosa sobre cabelos, dizendo assim: “Cabelo ruim é como assaltante... Ou tá armado, ou tá preso”! Inaceitável permitir esse tipo de propaganda que comunga com esse pensamento de inferiorização dos tipos de cabelos de origem africana, o destinando à categoria “Cabelo Ruim”, em oposição ao cabelo liso do branco! Trazendo à tona um ideal de civilização, justificando assim todo tipo de violência!
É inaceitável e ao mesmo tempo decepcionante visualizar esse tipo de propaganda ofensiva nesse veículo de comunicação que sempre se colocou à disposição dos movimentos sociais e sobretudo do Movimento Social Negro. Contudo dessa fez não houve cuidado, nem respeito a essa grupo étnico-racial que construiu essa cidade com o trabalho forçado dos africanos e seus descendentes!
Basta! Não dá mais para engolir esse tipo de racismo com tapinhas nas costas, dizendo: “Somos a favor da livre expressão”, ou não é de nossa responsabilidade, foi do anunciante!
Basta! Não podemos mais permitir que nossas crianças negras se deparem com esse tipo de publicidade preconceituosa e racista que mantém e propaga esse sentimento de inferiorização!
(*) Ativistas e organizações negras na luta antirracista da cidade de Pelotas

segunda-feira, 14 de maio de 2018

RECITAL DE MÚSICA DE CÂMARA


Evento artístico imperdível.
Programa muito bem direcionado, bem focado, com composições de Beethoven e do casal Schumann.
Um pequeno passo para que tenhamos em Pelotas concertos mais regulares e, eventualmente, um Quarteto de Cordas.
Mas se vive a luta de reerguer a tradição musical na cidade.
Seria um evento para ser realizado num Teatro Sete de Abril restaurado , no Conservatório de Música ou, alternativa perfeita, no excelente auditório do Centro de Artes da UFPel.

P.R.Baptista

USP fazia triagem ideológica de estudantes e professores na ditadura - CARTA CAPITAL

A reitoria da Universidade de São Paulo (USP) mantinha uma agência de informação que fazia triagem ideológica e fornecia dados aos órgãos de segurança para perseguir alunos, professores e estudantes contrários à ditadura civil-militar (1964-1985). 

O registro de parte dessas violações consta do relatório da final da Comissão da Verdade da USP, concluído e entregue ao reitor da universidade, Vahan Agopyan, no final de março. O relatório é composto de 10 volumes, e contém documentos que trazem luz aos fatos ocorridos na época e esclarecem a responsabilidade da universidade nas violações.

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A MAIS TERRÍVEL DE NOSSAS HERANÇAS - Darcy Ribeiro

Apresado aos quinze anos em sua terra, como se fosse uma caça apanhada numa armadilha, ele era arrastado pelo pombeiro – mercador africano de escravos – para a praia, onde seria resgatado em troca de tabaco, aguardente e bugigangas.

Dali partiam em comboios, pescoço atado a pescoço com outros negros, numa corda puxada até o corpo e o tumbeiro. Metido no navio, era deitado no meio de cem outros para ocupar, por meios e meio, o exíguo espaço do seu tamanho, mal comendo, mal cagando ali mesmo, no meio da fedentina mais hedionda. Escapando vivo à travessia, caía no outro mercado, no lado de cá, onde era examinado como um cavalo magro. Avaliado pelos dentes, pela grossura dos tornozelos e nos punhos, era arrematado.

Outro comboio, agora de correntes, o levava à terra adentro, ao senhor das minas ou dos açúcares, para viver o destino que lhe havia prescrito a civilização: trabalhar dezoito horas por dia todos os dias do ano. No domingo, podia cultivar uma rocinha, devorar faminto a parca e porca ração de bicho com que restaurava sua capacidade de trabalhar, no dia seguinte, até à exaustão.

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quarta-feira, 9 de maio de 2018

CIRO GOMES, O BRIZOLA QUE O BRASIL NÃO PÔDE EXPERIMENTAR- P.R.Baptista

Aberta a discussão para buscar, dentro da centro-esquerda, a melhor alternativa capaz de viabilizar uma composição vitoriosa na eleição presidencial
Governador do Maranhão e aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PR), Flávio Dino (PC do B) defendeu que o seu partido, o PC do B, e ainda o PSOL e o PT abram mão de suas pré-candidaturas para apoiar Ciro Gomes (PDT) na eleição para a presidência da República.
A matéria foi publicada na Folha de São Paulo.
Dentro do próprio PT declarações de Jacques Wagner e Fernando Haddad  ( se desconsiderarmos declaração desastrada de Gleici Hoffman ) parecem dar sinais nesse sentido.
Outras fontes sugerem que o PSB, que perdeu uma possível candidatura de Joaquim Barboza, poderia  também integrar essa frente.
Dessa forma Ciro Gomes, que procura se inserir dentro de uma proposta política de resgate da linha de afirmação nacional propugnada por Leonel Brizola e, antes dele, por Getúlio Vargas, ganha pontos importantes na disputa eleitoral. 

VEJA OS COMENTÁRIOS >>>

FONTES:
1) Folha de São Paulo
2) Blog do Rovai

domingo, 6 de maio de 2018

200 ANOS DE MARX - Vladimir Safatle

 Inauguração da estátua de Karl Marx na cidade alemã de Trier (*)

Se me permitem, gostaria de relatar um fato de ordem pessoal. Fiz minha graduação no Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo no começo dos anos 1990. A princípio, aquele era, na época, um dos polos de reflexão marxista na universidade.
No entanto, em quatro anos de graduação não tive um curso sequer sobre Marx, mesmo que tivesse cursos de liberais com John Locke ou ainda Hobbes e Stuart Mill.
Se lembro deste anedotário, é para mostrar como Marx é desconhecido, embora muito falado. Amanhã se completarão 200 anos de seu nascimento, o que é uma boa ocasião para se perguntar quem, de fato, é Marx. Pois é certo que um dos eixos maiores de nossa época diz respeito à distância ou à proximidade que estamos dispostos a tomar de Marx.
O que não poderia ser diferente, já que o século 20 fica simplesmente incompreensível sem entender o quanto suas ideias, assim como as leituras de suas ideias, nos definiram. Dificilmente encontraremos um nome que cause tantos arrepios em alguns e entusiasmo em outros. Sendo pró ou contra Marx, é indubitável que a força de seu pensamento moldou nosso passado recente.
Mas aqui começa o paradoxo. Mesmo sendo fonte de uma força enorme, a discussão de seu pensamento é muito menor do que aparenta. Os clichês (economicista, messiânico, necessitarista, autoritário) são legião. No entanto, certamente um retorno a Marx seria proveitoso para nosso tempo.
Pois a radicalidade da experiência prático-teórica chamada Marx vem, entre outros, da junção entre três níveis de exigências que muitos gostariam de dissociar: uma reflexão sobre a liberdade e seu exercício, uma reflexão sobre a emergência de novos sujeitos políticos e sua força revolucionária, uma crítica implacável à vida possível no interior das sociedades capitalistas e em outras formas sociais incapazes de se fundar em estruturas de exploração e violência. O que Marx mostrou é como nenhum destes três níveis de exigência caminham separados.
Que Marx seja um pensador da liberdade e da emancipação, eis algo que vale sempre a pena lembrar. Sua pergunta fundamental não é apenas pelas condições sociais para a realização da liberdade, já que não posso ser livre em uma sociedade não livre, mesmo que acredite que me exilar em minha interioridade seja possível.
A questão de Marx gira em torno de uma crítica implacável a outros modelos de liberdade, em especial esse no interior do qual liberdade e propriedade estão associados. Pois temos a ilusão de podermos ser livres quando somos proprietários de nós mesmos, quando possuímos a nós mesmos.
A base material, jurídica e política das sociedades capitalistas se encontra na generalização da estrutura da propriedade, até mesmo para as relações a si. Mas uma liberdade sem possessão é a única liberdade concreta real, lembrará Marx.
Essa liberdade exige uma transformação radical dos modos de reprodução material da vida. Ela exige que a atividade humana seja liberada da forma do trabalho produtor de valor, trabalho que faz da atividade uma ação unidimensional, disciplinar e alienante.
Ela exige que as relações à natureza deixem de ser uma possessão para ser um "metabolismo". Ela exige que as relações humanas não sejam mais pensadas como a relações entre proprietários que passam entre si contratos. Ao movimento dessa transformação, Marx dá um nome: comunismo.
Essa experiência comunista, experiência da emergência de um comum que não será posse de ninguém exige a reflexão sobre como sujeitos que não tem mais nada que os vincule à vida mutilada das sociedades capitalistas afirmam seu desejo de transformação e agem de forma revolucionária.
Uma revolução não apenas da estrutura do poder e de sua base econômica, mas da forma do exercício do poder e de desativação da exploração econômica.
Um dos teóricos fundamentais do pensamento econômico pensa, na verdade, em como permitir a emergência de uma sociedade pós-econômica, para além das injunções disciplinares que fizeram da economia a verdadeira forma de produção de subjetividades. O que um retorno a Marx nos permitiria seria repensar a importância de uma experiência comunista para nossa época.
Vladimir Safatle
Filósofo, é professor livre-docente do Departamento de Filosofia da USP (Universidade de São Paulo).

(*) Manifestantes de lados opostos levantaram cartazes e bandeiras que diziam "Abaixo o Capitalismo" e "Pai de todos os ditadores" na inauguração da estátua de Karl Marx na cidade alemã de Trier, neste sábado (5), refletindo o legado ... A escultura de bronze com mais de 5 metros de altura incluindo sua base é um presente da China para marcar os duzentos anos do nascimento do pai do comunismo. Marx passou os primeiros 17 anos de sua vida em Trier, uma pequena vila ao Oeste da Alemanha

sábado, 5 de maio de 2018

BELEZA E ENTROPIA - Tau Golin


Na plasticidade estética e aparentemente equilibrada da natureza existe a força entrópica da desordem. Neste entardecer na enseada do Araçá, na Reserva de Itapuã (Rio Guaíba, Viamão, RS) e sua perspectiva para Oeste, estava contida a tempestade que levou o pânico aos ancoradouros durante a madrugada de primeiro de maio, arrastando embarcações para a praia. Uma noite para jamais esquecer... Poesia e caos!!!

quarta-feira, 2 de maio de 2018

OLÍVIO DUTRA: “O PT TEM QUE FAZER SUA AUTOCRÍTICA, SE EXPLICAR” - Rafael Moro Martins

Foto: Omar de Oliveira /Fotoarena/Folhapress

COM SUA FIGURA mais emblemática no banco dos réus, o PT precisa vir a público admitir os erros que cometeu, que incluem não expulsar figuras que “achavam que poderiam disputar, em esperteza, com as artimanhas da elite tradicional”, afirmou o ex-governador gaúcho e ex-ministro das Cidades Olívio Dutra. O fundador da legenda e um de seus nomes mais respeitados conversou com The Intercept Brasil, nesta segunda-feira, em Porto Alegre, onde participa de manifestações de apoio ao ex-presidente Lula.

Crítico contumaz das direções recentes do partido, Dutra crê que os problemas legais e éticos enfrentados pelo petismo nos últimos anos se devem, fundamentalmente, ao descolamento entre as bases do partido e seus dirigentes.

“Fizemos concessões a um tipo de política em que as negociações de cúpula valem mais do que o envolvimento do povo”, lamentou. “E não teríamos entrado nesse funil em que estamos. Ele também disse ver com preocupação o domínio cada vez maior da figura de Lula sobre o partido — a ponto de caciques da legenda dizerem que não há alternativa à candidatura dele à presidência em outubro. “O partido, que é uma construção coletiva, passa a ficar dependente ou coadjuvante nesse processo”, afirmou.

Aos 76 anos, Olívio Dutra é um político sui generis para os padrões brasileiros. Desloca-se de ônibus por Porto Alegre, mesmo em dias agitados como essa segunda, quando a cidade começou a receber caciques de todo o país para o julgamento do recurso de Lula contra a sentença em que foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz federal de primeira instância Sérgio Moro. A Curitiba, para o primeiro depoimento a Moro, no ano passado, Lula viajou num jato particular que pertence ao ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, enroscado no escândalo do mensalão tucano em Minas Gerais.

Olívio Dutra participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980, um ano depois de ser preso pela ditadura militar por comandar uma greve de servidores públicos gaúchos – à época, ele presidia o sindicato dos bancários do estado. Ele foi prefeito de Porto Alegre (1989 a 93), governador do Rio Grande do Sul (1999 a 2003) e ministro das Cidades (2003 a 2005).

THE INTERCEPT BRASIL Lula será julgado nesta quarta-feira na segunda instância num processo em que já foi condenado por Sérgio Moro a nove anos e meio de prisão, pela alegada posse de um apartamento tríplex. Também responde a processos por conta de um sítio em Atibaia, um terreno para o Instituto Lula e um apartamento em São Bernardo. Tudo isso, segundo a acusação, foi presente de empreiteiras. O senhor acha que Lula é inocente?

OLÍVIO DUTRA Eu acredito na imparcialidade do Judiciário. Mas quem tem que comprovar essa imparcialidade é o próprio Judiciário. Toda decisão que vier tem que ter provas, e não suposições. Estamos aqui para dizer que uma parcela significativa do povo brasileiro não está satisfeita com a maneira como estão funcionando os três poderes. Nenhum deles está funcionando na maneira de um estado de direito, democrático.

O Judiciário está usando de parcialidades, de subjetividades, até de preconceitos, que são próprios da elite brasileira, para buscar enquadrar o Lula em crimes.
Lula é uma liderança, construída ao longo de décadas. Penso que essa liderança, evidentemente, tem que responder muita coisa, e ele não está fugindo de responder isso, está no campo de batalha. Para mim, Lula tem evidentemente uma enorme simbologia, surgiu do interior da classe trabalhadora, chegou à Presidência, fez um governo de transformações importantes, inclusão social enorme, ainda que tenha mantido as estruturas, — reforma política não houve, reforma tributária não houve, reformas agrária e urbana não aconteceram. O Judiciário está usando de parcialidades, de subjetividades, até de preconceitos, que são próprios da elite brasileira, para buscar enquadrar o Lula em crimes. A sociedade tem que exigir provas concretas. Ou não se tem confiança [numa sentença judicial]. O Judiciário não pode viver numa redoma de vidro, numa sociedade democrática. Democracias mais consolidadas têm setores do  Judiciário eleitos pelo voto dos cidadãos. Se falar nisso no Brasil, dizem que é uma agressão à democracia. A qual democracia? As elites brasileiras têm a democracia como algo que pode ou não ser do seu interesse.

O PT não é o partido do Lula, não é o partido do Olívio. É um projeto coletivo.

TIB Numa entrevista à Rádio Gaúcha, em 2016, o senhor disse o seguinte: “Não adianta querer dizer que não [aconteceram mensalão e petrolão], culpar o adversário, a grande mídia. Tudo isso existiu sim”. Mas não é exatamente nessa linha de negação desses episódios que vai a defesa do PT e de Lula? Não falta autocrítica ao PT?

Dutra Houve pessoas, no PT, que achavam que estavam construindo um poder que poderia disputar, em esperteza, com as artimanhas da elite tradicional, com seus partidos históricos, que sempre usaram e abusaram do espaço público para satisfazer interesses pessoais. O erro do Partido dos Trabalhadores foi sua direção não ter separado essas condutas individuais do projeto coletivo. O PT não é o partido do Lula, não é o partido do Olívio. É um projeto coletivo. Que vai para o governo, e não para governar sozinho. Tem que compor, numa realidade que não depende da vontade do governante, mas de conjunturas, e o partido não discutiu essa realidade com sua própria base, e muito menos com o conjunto da sociedade. E foi se deixando envolver nessa malha. Ele precisa dizer isso, publicamente, evidente que sim. Ainda não disse o suficiente.

TIB Que pessoas são essas, do PT, a quem o senhor se referiu?

Dutra Eu não sou de nominar, fulanizar a política. Mas é evidente, está ali, não preciso ser eu a apontar o dedo. Mas tem problemas, ou não estaríamos nessa situação. O impeachment não foi porque a Dilma cometeu erros, roubou, tem conta no exterior, acumulou riqueza. Foi uma urdidura que se montou por cima de alguns argumentos de que figuras do PT se envolveram em coisas não claras, de que a política tradicional é useira e vezeira, e a elite aproveitou-se disso para dar o golpe de agosto de 2016.

TIB Quais são os erros que trouxeram o partido à situação em que ele está agora?

Dutra Não sou o juiz do PT. Até estranho, por que a fixação no PT?

A conduta do PT poderia ter sido melhor. Se avançou bastante [nos governos petistas], mas no fazer se imitou muito a conduta de quem nós sempre condenamos.

TIB Porque o PT surgiu e cresceu com a promessa de que seria diferente da velha política brasileira.

Dutra A conduta do PT poderia ter sido melhor. Se avançou bastante [nos governos petistas], mas no fazer se imitou muito a conduta de quem nós sempre condenamos. Portanto, o PT tem sim que fazer sua autocrítica, se explicar, mas isso se faz no campo democrático. Também temos que lutar para que a democracia não se estreite, para que quem deu o golpe em 2016 não comece a criminalizar os movimentos [sociais], para não ter o Estado como uma cidadela dos interesses dos poderosos. Os partidos políticos são importantes numa democracia, deveriam ser escolas de formação política permanente, não apenas para ensinar, mas também para aprender. E não são.

TIB Falando no papel dos partidos: tem se falado em eleições com candidatos independentes, sem filiação partidária. O senhor acredita nisso? Os partidos são instituições ultrapassadas?

Dutra Os partidos precisam ter uma estrutura democrática para falar em democracia. Grande parte dos partidos, historicamente, no Brasil, surgiu de cima para baixo. O PT, não. Surgiu de lutas sociais num momento crucial da história brasileira. Portanto, tinha o compromisso de não retroceder.

Fizemos concessões a um tipo de política em que as negociações de cúpula valem mais do que o envolvimento consciente dos amplos setores populares. 

TIB Retrocedeu?

Dutra Fizemos concessões a um tipo de política em que as negociações de cúpula valem mais do que o envolvimento consciente dos amplos setores populares. A solução do problema democrático no país não é estreitar os espaços até aqui conquistados, mas radicalizar, ampliar a participação consciente do povo. Tínhamos o orçamento participativo, por exemplo. O partido tinha que ter mantido essa orientação e essa prática. Os partidos políticos não devem ser mesas de negociação, de toma lá, dá cá, de ocupação de cargos ou aproveitamento de espaços públicos. As direções partidárias têm o dever de aprender com as bases partidárias, os movimentos sociais, a sociedade brasileira.

TIB Seu diagnóstico é de que o PT se afastou das bases, virou um partido como os outros, e precisa retomar o contato com as bases. Como se faz isso?

Dutra  As bases do PT nunca se entregaram totalmente a essa visão verticalizada, das coisas decididas de cima para baixo. O PT surgiu questionando a ideia de uma direção partidária que é onde os deuses se encontram e de lá baixam suas ordens. O PT poderia ter ido mais longe do que foi na forma de fazer política, mas enfrentou conjunturas que independem da vontade do governante. Estamos devendo muito, ainda, para a nossa base e a sociedade. Mas isso não nos faz merecer o sal da terra e muito menos ficar nos chicoteando a toda hora. O partido é um ser vivo, um projeto coletivo.

É um problema que, a meu ver, não está solucionado, [ter] uma figura importante como Lula como para-raio de tudo que acontece
TIB Mas não está individualizado, nessa obsessão pela candidatura presidencial de Lula?

Dutra Esse é um problema sério, em toda a América Latina, a ideia de pessoas que incorporam e passam a ser um símbolo quase isolado, tanto pela direita quanto pela esquerda. É um problema que, a meu ver, não está solucionado, [ter] uma figura importante como Lula como para-raio de tudo que acontece, e o partido, que é uma construção coletiva, passa a ficar dependente ou coadjuvante nesse processo. Não é [uma situação] exclusiva do PT.

TIB Nas eleições de 2016, tivemos uma abstenção recorde, principalmente entre os jovens. Como a política faz para se reconectar com esse público?

Dutra Não é tarefa de um partido, de meia dúzia de partidos. É uma questão cultural, de conscientização. Mas a elite brasileira não pode ser a condutora disso, ela é o problema, não é a solução. Há quem propõe a não obrigatoriedade do voto…

TIB O senhor concorda?

Dutra Acho que é um processo. E não é o momento, ainda [para isso]. E é bom lembrar que na Venezuela o voto não é obrigatório, e a direita aqui condena a Venezuela, por várias razões, algumas até que se justificam. Tem havido eleição quase todo ano na Venezuela, mas isso por si só resolve, garante uma democracia estabilizada? Não. Tem questões sociais, culturais, que têm de ter sujeitos coletivos capazes de fazer os desdobres, a qualificação democrática. Nos Estados Unidos, Trump, o presidente perdeu no voto popular. Não existe democracia que não precise ser aperfeiçoada.

TIB Está na moda, nesse momento de crise do sistema político-partidário, falar em refundação dos partidos. Se fosse para refundar o PT, em que bases isso teria de se dar? Quais as diferenças em relação ao PT atual?

Dutra Primeiro que eu não simpatizo com a ideia de refundação. As fundações de um prédio às vezes, conforme o movimento das placas tectônicas embaixo, precisam ser reforçadas. Um partido é um corpo vivo, precisa ser sempre questionado por suas bases.

Um partido que não surgiu de cima para baixo, tinha e tem a obrigação de levantar a política como construção do bem comum
TIB Então refaço a pergunta dessa forma: as queixas das bases, no PT, tem a atenção da cúpula?

Dutra Evidente que não. Se estivessem ecoando o suficiente, não teríamos entrado nesse funil em que estamos. Houve uma postura de [decisões impostas] de cima para baixo, por contingências as mais variadas, explicações as mais diversas. Temos que tirar essa lição. As relações com a base não podem ser passageiras, episódicas, eleitoreiras. Têm que ser permanentes. Assim como queremos para a sociedade; não queremos que o cidadão seja um cidadão ocasional, eventual. Um partido que não surgiu de cima para baixo, tinha e tem a obrigação de levantar a política como construção do bem comum, e não simplesmente se mobilizando em ocasiões eleitorais, para disputar cargos. A construção do bem comum é muito mais que isso. Luto para que o PT retome seu caminho, para que o povo o corrija.

TIB Quando liguei para o senhor para avisar que já estava aqui, o senhor estava a caminho, no ônibus. Não é uma situação comum a dirigentes de outros partidos, inclusive de esquerda, do PT. A proximidade com o dinheiro, com grandes empresas, empreiteiras, que a Lava Jato transparece, estragou o PT?

Dutra Há vários ditados populares, que dizem que o coração está onde está o dinheiro, que têm que ser negados na prática. Tem a frase, acho que do [ex-secretário de Estado dos EUA durante os governos de Richard Nixon e Gerald Ford Henry] Kissinger, de que o poder é afrodisíaco. Tem a história da mosca azul, de quem chega a um cargo e passa a se achar mais importante que o próprio cargo – aliás, o Frei Betto tem um bom livrinho sobre essa questão (rindo). [Se refere a “A mosca azul“, lançado em 2006, logo após o auge do Mensalão, em que o frei dominicano analisa o que era então a maior crise vivida pela esquerda brasileira]. É bom ler (ainda rindo). Tem sempre essa contradição na vida. O ser humano não é um anjo.

Foto em destaque: João Pedro Stédile (à esquerda), Olívio Dutra e o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) participam de Marcha do MST a favor do ex-presidente Lula em Porto Alegre.

FONTE >>>  The Intercept Brasil

terça-feira, 1 de maio de 2018

TEMER, O FORAGIDO


Temer definitivamente está muito mal assessorado e, tampouco, está atualizado com o noticiário.
Pois deveria saber que sua popularidade é a menor que se tem notícia na política brasileira.e deveria evitar lugares públicos nos quais não esteja devidamente isolado da população..
Mas, ao contrário, achando que seu governo está agradando, jogou-se a ir ao local do incêndio em São Paulo.
O resultado foi lamentável.
Sob vaias ainda declarou : "Eu não poderia deixar de vir aqui, sem embargo dessas manifestações, porque, afinal, eu estava em São Paulo e ficaria muito mal eu não comparecer aqui para dar exatamente apoio àqueles que perderam, enfim, suas casas".
Mas após brevíssimas palavras aos repórteres presentes teve que se retirar às pressas pois, do contrário, seria linchado.
São os desdobramentos do golpe.

UMA SEMANA COM TEATRO

Grupo Oi Nóis Aqui Traveiz-  oto Pedro Lucas
QUARTA - 19h
Ói Nóis Aqui Traveiz
Evocando os mortos
Sala Carmem Biasoli, UFPel

SEXTA-  20 h
Cia.Marginal do Rio de Janeiro
Eles não usam tênis naique
Auditório IFSul