terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Museu da Cidade, visões diferentes

O anúncio da contratação de uma empresa para a criação do Museu da Cidade foi acompanhada de uma discussão na qual a Secretaria de Cultura defende os procedimentos escolhidos e profissionais vinculados à área de Museologia da UFPel , tendo à frente a Profª Noris Leal, contestam.

Para situar uma parte da discussão encaminhamos o link de matéria divulgada na televisão

A seguir reproduzimos, também, manifestação da ex-secretária de Cultura Beatriz Araújo, defendendo os critérios da Administração Municipal ao mesmo tempo em que faz acusações ao movimento de profissionais ligados à UFPEl.

"E pensar que um grupo da UFPel - ainda que pequeno - acredita que pode assumir a criação do Museu da Cidade! Ao contrário disso, deviam aproveitar a vinda de uma realizadora experiente, responsável pela criação de museus importantes no Brasil, a qual desde sempre afirmou que contratará profissionais de Pelotas para montar sua equipe de trabalho, e aprender sobre a criação, instalação e manutenção de museus. 
Minha experiência com a criação, instalação e manutenção do Instituto João Simões Lopes Neto, Jardim Lutzenberger (PoA), restauração da Bibliotheca Pública Pelotense e do Museu Histórico Farroupilha me credenciam a afirmar que não basta discurso e teoria pra realizar. Na vida real a coisa é bem diferente! 
Usar os "companheiros" para tentar inviabilizar uma das ações mais importantes que Pelotas terá na área da cultura é muito mesquinho e de uma pequenez inacreditável. 
Registros como este do Diário da Manhã podem contribuir para escancarar a real capacidade de realização deste grupo e até elucidar suas reais motivações neste movimento"

De sua parte Diego Lemos Ribeiro, Museólogo e Coordenador do Curso de Bacharelado em Museologia da UFPel , desenvolve a seguinte argumentação :

"Os museus são lugares privilegiados para a construção, gestão e apropriação de memórias e patrimônios. Nada mais gratificante para um profissional de museu do que acompanhar o nascimento e o amadurecimento de uma instituição museológica. Mas o museu também é um ato político, imbuído de ideologias e de escolhas – nunca um lugar de neutralidade. Nesse aspecto, há dois pontos que merecem destaque. Ponto um: como cidadãos, cabe a nós zelar pelo destino e uso da verba pública. Transparência hoje não é concessão, mas obrigação na condução da coisa pública. Ponto dois: o Curso de Museologia da UFPel representa uma área, que tem um lastro que remonta a 1932, quando foi criado o primeiro curso de graduação no Brasil. Cumpre mencionar também que a profissão de Museólogo é regulamentada por Lei Federal (Lei Nº 7.287, de 1984) e os museus brasileiros estão sob a égide do Instituto Brasileiro de Museu, autarquia criada pela Lei Federal Nº11.906, em 2009. Há atualmente no Brasil centenas de Museólogos autônomos qualificados e mais algumas dúzias de empresas especializadas cadastradas nos 6 Conselhos Regionais de Museologia (COREM). Aqui em Pelotas o Curso de Museologia é coirmão do Curso de Conservação e Restauro e do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural, e já formou perto de 50 Museólogos. Unindo os pontos, temos todo o respaldo para questionar a contratação da empresa Texto e Imagem Ltda. para a elaboração de um projeto para o Museu da Cidade, por “módicos” meio milhão de Reais. Pois é. Não se trata de trazer para a Universidade a responsabilidade pela criação de um museu da Cidade, mas de cobrar, como cidadão e como profissional de museu, os parâmetros e os porquês da “escolha” que subsidiaram a contratação – e pior, sem licitação" 

O registro do jornal Diário da Manhã mencionado acima pode ser conhecido através do link.
http://diariodamanhapelotas.com.br/site/o-destino-do-malg/

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