quarta-feira, 18 de março de 2015

Opinião - Surto Coletivo

P.R.Baptista

Sou, por natureza, ponderado sempre procurando observar os vários aspectos envolvidos numa questão. 
Nos recentes acontecimentos nacionais, por exemplo, em que se defrontam simpatizantes do governo Dilma e opositores, posso perceber muitas medidas acertadas do governo mas também alguns erros, muitos talvez.
Os erros que constato, no entanto, não seriam os mesmos dos quais o governo é acusado pela oposição nem vejo em que , pelo menos com base no que se tem conhecimento até esse momento, poderiam justificar um impedimento ou levar a uma renúncia.
Entendo, portanto, que essa bandeira da manifestação do dia 15 de março é descabida.
Ela é, contudo, a mais destacada e que mais apareceu.
Este fato,penso eu, já descredencia a manifestação.
Mas isto seria apenas , talvez, um detalhe diante do quadro que, pouco a pouco, se desvenda através dos registros e depoimentos feitos durante a manifestação.
O primarismo, o radicalismo, a violência que afloram nas palavras e nos gestos registrados comprometem as melhores intenções que pudessem haver por parte dos idealizadores mais bem intencionados ou dos próprios participantes menos avisados.
Por outro lado fica documentado , por parte de muitos manifestantes, uma ingenuidade, um desconhecimento político estarrecedores.
Podemos , assim, claramente verificar que houve duas manifestações no dia 15.
Uma registrada pela Rede Globo distanciada do que efetivamente estava acontecendo ou explicitamente procurando fazer passar a sua versão dos fatos.
A outra revelada através de dezenas, talvez centenas de registros feitos de perto , dentro das manifestações.
Em alguns momentos,aliás, o ódio, a disposição para um confronto inclusive violento, é tão explícito que acabo quase concordando, hipoteticamente, com outra bandeira muito presente na manifestação , a da intervenção militar.

Seria uma forma de conter, pela coerção, esse surto de histeria coletiva, do tipo provar do próprio veneno.
Felizmente, no entanto, não estamos mais nessa época e basta esperar que o surto desapareça pela própria fragilidade.

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