domingo, 24 de agosto de 2014

O uso indevido do espaço público

Um leitor de A Metade Sul envia o seguinte questionamento:
O trânsito nas grandes e médias cidades do Brasil vem se tornando um caos devido ao aumento da frota de veículos. 
Cidades como São Paulo (metrópole com 0,64 veículos por habitantes) e Pelotas (cidade média com 0,51 veículos por habitantes) assistem todos os meses a entrada um número significativo de veículos novos que passam a rodar por suas ruas. 
Este fato faz com que muitas cidades no mundo adotem ações a fim de minimizar os impactos deste crescente número de veículos. 
No Brasil, o aumento da frota automotiva, utilizada em grande parte apenas por uma pessoa, se dá por vários fatores entre eles o da facilidade em se conseguir um financiamento para compra de veículos em detrimento a investimentos na qualificação do transporte urbano público de massa. 
Esse transporte público de massa deve ser encarado como um serviço onde a qualidade seja observada por seus usuários através do bom estado dos ônibus e trens, no cumprimento dos horários, nos abrigos de espera e em outros tantos fatores envolvidos neste serviço. 
Um exemplo de serviço de qualidade em operação, não no transporte urbano e sim no transporte interurbano, é observado na Empresa Expresso Embaixador, empresa esta genuinamente Pelotense da qual nos orgulhamos muito. Pelo que se sabe, é uma empresa que preza por sua responsabilidade social e apresenta um ótimo ambiente de trabalho aos seus funcionários. 
No entanto, juntamente com o Governo Municipal de Pelotas, talvez sem ter se apercebido, vem causando transtornos ao transito na rua Garibaldi, em frente ao portão de entrada e saída de seus ônibus. 
Naquele local foi instalado um semáforo que é acionado pela própria empresa nos momentos de entrada e saída de ônibus fazendo com que o trânsito seja interrompido em detrimento dos interesses da empresa. 
Se a empresa entende que a entrada e saída de seus ônibus está difícil de acontecer pela rua Garibaldi, ela deve, no meu entender, encontrar outra forma para resolver o seu problema sem interferir no espaço público e, por consequência, na comunidade. Fico surpreso com o Governo Municipal que autorizou este tipo ação, delegando a uma empresa privada o controle do transito que deve ser feito pelo governo municipal. Pergunto: posso eu instalar um semáforo na frente da minha casa para que, interrompendo o transito, eu possa entrar e sair da minha garagem com o meu veículo sem precisar me preocupar com os outros?
 Certo que o fato da instalação do semáforo na rua Garibaldi não ter sido uma ação pensada de forma global, entendo que o Governo Municipal tomará as providências cabíveis e a empresa solucionará seu problema de outra forma, não interferindo, ela própria, no trânsito da rua Garibaldi. 
Por fim, num momento em que discutimos com fervor a ocupação do espaço público pelos treilers de lanches de Pelotas, devemos estar atentos a todos os casos de ocupação indevida, incluindo assim o uso do semáforo na rua Garibaldi por um empresa privada de grande porte. 
Dados coletados: Frota São Paulo em 2013: 7.577.216 veículos; fonte Detran – SP Frota Pelotas em out/2013: 174.958 veículos; fonte Detran - RS População São Paulo em julho 2013: 11.821.873 habitantes; fonte IBGE (estimativa) População Pelotas em julho 2013: 341.180 habitantes; fonte IBGE (estimativa)

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1) https://www.facebook.com/prbaptista/posts/10152613793546068?comment_id=10152616979816068&offset=0&total_comments=2&ref=notif&notif_t=share_comment
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4 comentários:

Claudete disse...

Eu até entendo, em parte, o posicionamento do leitor que enviou o comentário pois, realmente, o espaço público tem que ser revisto em várias situações na cidade. No entanto, acho que a empresa teve o bom senso de colocar o semáforo pois poderia fazer as manobras dos veículos sem a preocupação com o trânsito, como fazem outras empresas (p.ex. a Pepsi, na Dom. de Almeida).Além disso, quando a empresa Fonseca Jr doou um caminhão para os bombeiros será que o referido leitor reclamou, alegando que isso era de competência do poder público? Em tempo: não tenho nenhuma relação de parentesco ou amizade com alguém da FJ, sou apenas usuária de seus ônibus!

Anônimo disse...

Aproveito o espaço disponibilizado pela A Metade Sul para externar meu
entendimento sobre espaço público: ? É aquele espaço de uso comum e de
posse coletiva, organizado através de legislação própria?. Sendo
assim, concordo plenamente com o leitor do artigo publicado visto que,
se cada um intervir da sua maneira no público, este deixa de ser
público, não precisando mais do Poder Público e de legislações para
ordenarem a convivência entre as pessoas.

Roberto Silva disse...

Uma ação positiva (doar caminhão de bombeiros) não anula ações negativas (interferir no espaço publico).
Roberto

Lucio disse...

Concordo plenamente com o leitor Roberto. Ações positivas não podem ser justificativas para ações negativas. Lucio