quarta-feira, 16 de março de 2016

Eu e Naná - Antonio Nobrega













A desproporção com que a vertente cultural ocidental ou americanoeuropeia se sobrepõe à índio-africano-ibérico-popular é de atordoante violência.

Admiro muitíssimo a música de Stravinsqui, de Bach, de Mozart; acho um deleite escutar tanto sinfonias de Beethoven como canções de Bob Dylan, dos Beatles, etc. Mas o seguinte é esse: temos de ser bem mais a favor da música do Brasil, porque se não tivermos o zelo e cuidado que ela merece e precisa, em breve desaparecerá, ou se degenerará. Ou vai virar folquilore!

Vai-se Naná Vasconcelos, acompanha-o um país que se esvai, que se contorce, que sangra...e que não consegue se recompor. Não é simplesmente pelo fato de ser brasileiro que me determino a arrazoar da maneira como aqui estou hoje a fazer!

Essas considerações decorrem da percepção de que o grande armazém, o nosso exuberante caldeirão de representações simbólico-populares – pulsos rítmicos, formas e gêneros poéticos, modos de atuação teatral, etc. e etc. – não é devidamente legitimado, reconhecido. É cada vez mais proscrito, isso sim!

É uma lástima não conseguirmos dar ouvidos a escritores como Mário de Andrade, Darcy Ribeiro, Ariano Suassuna, para citar só os mais recentes dentre tantos outros que já se foram, pensadores que se empenharam em buscar entender e diagnosticar os nossos males e problemas culturais.

Não pensamos Brasil.

SEGUE >>>


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