segunda-feira, 18 de junho de 2018

APROVAÇÃO DO ABORTO NA CÂMARA DE DEPUTADOS NA ARGENTINA


A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta quinta-feira (14) a legalização do aborto, após 20 horas de discussão, divulgou a imprensa do país. Foram 129 votos a favor, contra 125 contra e uma abstenção. O placar variou durante todo o período da votação. Durante esta madrugada esforços foram feitos para convencer ao menos dois deputados a mudarem seus votos e aprovarem a lei. Por volta das 8h da manhã desta quinta-feira, o deputado peronista Sergio Zillioto confirmou que seu voto mais os de dois colegas indecisos dariam margem para a vitória da legalização.
Desde quarta-feira (13) pela manhã a votação polarizava o país: de um lado um mar de lenços verdes, inspirados pelos lenços símbolo do movimento Mães da Praça de Maio, que defendem o direito à assistência médica às milhares de mulheres que abortam no país todos os anos. Do outro lado da praça, em frente ao Congresso, aqueles que optaram por defender “as duas vidas” e que entendem que a legalização do aborto seja um atentado contra os direitos humanos. “Nós viemos aqui porque os abortos existem, queira ou não queira. Não é uma questão moral, é preciso legalizar para que as mulheres deixem de abortar em condições indignas. Para que possam ter apoio após o aborto, tanto psicológico, como médico, que possam recorrer a um hospital sem que a julguem”, justifica a estudante Mora Calderón de apenas 19 anos. Nem mesmo o frio de 7 graus amedrontou as milhares de mulheres que circularam pela Praça do Congresso durante a jornada de horas. “O aborto já acontece, é algo que existe”, pontua Florencia Perez ao explicar porque veio da cidade de La Plata para participar da vigília. “Aqui não estamos falando de aborto sim ou aborto não. É uma questão de discutir se as pessoas tem o poder de decidir sobre o seu corpo”, completa sua companheira de militância Rocio Morroni . Surgimento do projeto de Lei O movimento pró-aborto já vinha ganhando maior visibilidade desde as marchas contra a violência masculina do movimento Ni Una Menos, em 2015. Contudo, um discurso do presidente Maurício Macri ao abrir o ano legislativo em fevereiro, no qual disse que ainda que seja “Pró-vida”, ele não se oporia à inclusão do tema na agenda dos legisladores, foi o empurrão que faltava para a votação ser realizada. O projeto de lei de interrupção voluntária da gravidez chegou ao Congresso em março deste ano pelas mãos do movimento Campanha pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito, encabeçado pelas deputadas Victoria Donda (Libres del Sur), Brenda Austin (Unión Civica Radical), Mónica Macha (do Kirchnerista, Frente para la Victória) e Romina del Pla (Frente de Izquierda). A proposta apresentada pretende convencer os legisladores de que, para além das crenças pessoais de cada um, é dever do Estado garantir o acesso ao atendimento adequado àquelas mulheres que optem pela interrupção da gravidez até a 14ª semana de gestação, e que lhes seja garantida a assistência por equipes de saúde preparadas a prestar o serviço, tanto na rede pública quanto na privada. 

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