sábado, 1 de novembro de 2014

Capitalismo criou ser humano adequado ao consumo



Ester Vaisman, organizadora de 'Lukács: Estética e Ontologia', diz que a manipulação do capital atravessa relações humanas, apoiando conservadorismo.        
O ano de 1848 marca, na Europa, a emergência de um novo sujeito histórico: a classe trabalhadora. A partir daí, o pensamento da direita, enraizado no capital, entra em declínio, no que é considerada a decadência ideológica burguesa. 
Essa é a análise de Ester Vaisman, professora de filosofia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). 
Organizadora do livro Lukács: Estética e Ontologia, ela cita o filósofo húngaro György Lukács para exemplificar como o capital mostrou no decorrer dos últimos séculos “uma sobrevida, uma capacidade de autoperpetuação e reprodução inimagináveis”.
 “A decadência ideológica se manifesta, primeiro, na afirmação de uma impotência do ser humano, não só de conhecer a realidade, mas de mudar e transformar o mundo. Portanto, qualquer ideia de libertação ou emancipação é considerada como uma utopia, ou uma recaída tardia às tendências socialistas, de constituição de um mundo onde todas as pessoas possam viver bem em todos os níveis, não só no material, mas também no cultural”, analisa. 
“O capital não é algo material. Pelo contrário, é uma relação social. Porém, ele ganha uma autonomia, como se tivesse uma vontade própria, construindo um ser humano adequado a ele. 
Portanto, o fato de um shopping center se tornar um lugar de lazer no fim de semana é um símbolo maior dessa alienação que se dá no nível do consumo. 
Logo, a alienação não se dá apenas na fábrica, na indústria: ela atinge a todos, mesmo os que não atuam, no chão de uma fábrica”, analisa. 

Fonte : Dodô Calixto e Rodolfo Machado | São Paulo - 30/10/2014 -  http://operamundi.uol.com.br


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