segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A UNIDADE NECESSÁRIA - Clóvis Veronez

O tema da frente de esquerdas é recorrente. Quase todos na base do campo da luta democrática, parece, têm a convicção da sua necessidade. E, não é para menos.
A frente, constituída nas lutas recentes, mesmo que informalmente, demonstrou capacidade de reação a pauta conservadora imposta pelo consórcio golpista no Brasil.
Ampliou-se exponencialmente (por exemplo) a resistência dos trabalhadores e da juventude contra a PEC do Fim do Mundo, que ajudou a desgastar o governo e o próprio congresso, que aumentou a percepção crítica sobre o tema na sociedade, ganhando parte significativa da opinião publica.
Outros fatos, com a mesma relevância, comprovam a força da esquerda unificada: A greve da educação federal em unidade com as ocupações do movimento estudantil, a construção da unidade em torno da grande marcha da educação em Brasília no dia 29 e as manifestações que também ocorreram no dia 13 foram vitórias políticas importantes. Sem dúvida, foram o maior enfrentamento contra Temer e o Congresso desde o impeachment consolidado. 
Mesmo com a derrota na votação, a esquerda acumulou forças, como nunca, no enfrentamento aos golpistas.
No embate que virá, com a luta contra a reforma da previdência e trabalhista, será preciso reforçar a atuação conjunta das frentes Brasil Popular e Povo sem medo no chamamento às ruas contra as politica de desmonte do estado e por eleições diretas, como a única alternativa capaz de recompor a legitimidade do poder político. Esse momento reafirmará, de forma mais consistente ainda, a força das pautas unificadas.
De outro prisma, a discussão sobre a alternativa eleitoral, não menos importante, deve ser disparada desde já. Uma divisão no enfrentamento das urnas, à exemplo do que ocorreu nas eleições municipais poderá ser letal. O quadro que se desenha aponta para um potencial crescimento da candidatura de Marina Silva. Não menos potencial é o crescimento da candidatura de extrema direita representada na figura de Jair Bolsonaro. Certamente, teremos um pleito multi polarizado em primeiro turno.
Marina, provavelmente obterá o apoio de uma frente evangélica. Seu “distanciamento” do cenário de “escândalos”, somado a um percentual consolidado nas duas últimas eleições amplia, e muito, a chance de presença num segundo turno.
Bolsonaro, “surfando” uma onda de intolerância e ódio infundados, inflamados pela grande mídia conservadora em nível mundial, é outro que tende a crescer.
O PSDB, o PMDB e os seus satélites, apoiados nas oligarquias, venderão a alma ao diabo para dar sequencia ao ciclo de desmonte inaugurado no golpe “branco” do impitimam.
Assim, a discussão eleitoral é fundamental ao projeto da esquerda brasileira. Sua negativa implica numa falta de responsabilidade com a história. Entretanto, cumpre observar que a unidade necessária não surgirá da burocracia de partidos, sindicatos e movimentos tradicionais, mas por pressão irresistível das suas bases sociais.

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