quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A HISTÓRIA JULGARÁ SARTORI - Juremir Machado da Silva



O PMDB é sabidamente um dos partidos mais ideológicos do Brasil embora imagine o contrário. A sua ideologia se reflete na defesa do pragmatismo neoliberal em favor de privatizações e de isenções de impostos para grandes empresários. Não é exclusividade. Mas cada vez que o PMDB governa o Estado perde um pedaço.
Mera coincidência de um olhar com
disposição para ações de força 
As extinções das fundações do Rio Grande do Sul pouco ou nada tem a ver com economia.
É ideologia pura. O Estado 20/20 faz questão de ser mínimo.
O próprio governo vem enfatizando que não é seu papel ter, por exemplo, televisão.
No futuro, historiadores perguntarão:
– Quem extinguiu a TVE? Sartori.
– Quem acabou com a FEE? Sartori.
– Quem liquidou a Fepagro? Sartori?
– Quem juntou Cultura, Esporte e Lazer? Sartori.
– Quem fulminou a Fundação de Desenvolvimento de Recursos Humanos? Sartori.
– Quem matou a Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional? Sartori.
– Quem assassinou a Fundação Zoobotânica? Sartori.
– Quem desmontou o Estado numa madrugada quase na véspera do Natal? A base do Sartori.
– Qual era o projeto de governo de Sartori na campanha eleitoral? Nenhum.
– O que ele escondia na manga? O modo PMDB de governar.
– Quem não quis abrir a caixa preta das isenções fiscais? Sartori.
A história julgará Sartori. Hoje, o veredicto seria o seguinte: o pior governo de todos os tempos.
Como definir o governo Sartori para um estrangeiro?
– O governo do parcelamento permanente dos salários do funcionalismo.
– O governo que paga atrasado, mas deixa o Banrisul cobrar o que por isso ficou a descoberto (não venham trovar que o Banrisul não é do governo. Aliás, para quando a venda do Banrisul?)
– O governo que deixou a violência tomar conta de cidades como Porto Alegre.
– O governo que fez do caos uma estratégia política para aprovar seus planos maquiavélicos.
– O governo cuja base não se deu o trabalho de ir à tribuna defender o presente grego de Natal que ofereceu aos servidores públicos com os quais o Estado tinha contrato a ser cumprido por concurso.
– O governo que nada tentou contra a guerra fiscal que serve às empresa e asfixia os Estados.
– O governo que tenta tirar do eleitor o direito de decidir em plebiscito temas essenciais.
A história um dia julgará os deputados gaúchos. Questionará:
– Por que eles não passaram uma noite votando o fim da aposentadoria especial que lhes foi concedida pelos colegas da legislatura anterior (muitos dos quais os mesmos da legislatura predadora da era Sartori) na contramão da reforma da Previdência proposta pelo PMDB sem votos do presidente pelo atalho Michel Temer citado mais de 40 vezes em delação da Lava Jato e ainda assim impávido colosso prestes certamente a propor a revogação da lei Áurea?
Um dia, aposentado, Sartori pensará no seu passado e confessará:
– Que coisa, eu acabei com a TVE. Foi o que fiz de mais marcante na vida.
Televisão pública era coisa de Estados anacrônicos como a Inglaterra, a França, a Alemanha…
Resta uma pergunta: o que liquidará o próximo governador do PMDB?
Quem sabe o Palácio Piratini?
Dá para fazer uma baita torre de apartamentos de luxo ali.
Ah, e o Banrisul.
Serviço público e pagamento de impostos revelam atraso.
Só na Suécia mesmo!
O futuro julgará Sartori.
Talvez ele seja visto como o exterminador do passado.

CORREIO DO POVO - 21 DE DEZEMBRO DE 2016
O homem que não suportava fundações públicas de pesquisa.

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