quinta-feira, 21 de março de 2019

LAMA NO CASSINO - João Luis Cunha


Este é um tema de nosso interesse. Logo, me permita discorrer - lentamente sobre o mesmo e a inércia do poder público em torno dele. Em 2013, diversos periódicos online publicaram notícia intitulada Porto do Rio Grande projeta expansão. Para entendimento e compreensão vou resgatar fragmentos de texto pronunciado pelo então superintendente da SUPRG a época Dirceu Lopes (PT). "A partir de 2005, o Porto do Rio Grande se tornou um ponto de interesse para o desenvolvimento de projetos de implantação de estaleiros. Desta forma, as principais áreas de expansão das operações portuárias passaram a ser ocupadas, exigindo o reestudo do planejamento de espaços e a busca de novos locais para sustentar o crescimento do porto. Fomos buscar soluções fazendo o estudo das possibilidades de expansão... surgiu então a ideia da utilização da Ilha do Terrapleno Leste, área situada em frente ao Porto Novo. Lopes diz que o Projeto Ilha do Terrapleno Leste prevê a implantação de uma nova zona portuária, projetada para um múltiplo uso de cargas.
 Dos seus atuais 920 mil metros quadrados, a Ilha do Terrapleno deverá ficar com uma área de 1.800 mil metros quadrados. A ideia, de acordo com Lopes, é utilizar os sedimentos retirados das dragagens para fazer o aterro em torno da ilha. O uso dos sedimentos serviria para diminuir os custos de dragagem, pois o descarte do material deixaria de ser feito a 24 milhas da costa, o que reduziria muito valor pago pelo serviço. Para uma capacidade estimada de 16 berços de atracação, distribuídos em sete mil metros de cais e com 14 metros de profundidade, a obra deve custar em torno de R$ 4 bilhões." O anteprojeto da dragagem de 2018 previa a retirada de um volume estimado em 18 milhões de metros cúbicos girando o custo em torno de R$ 300 MI mas deve chegar nos R$ 417 MI iniciais. Em relação a ilha do terrapleno, a mesma fora construída com material proveniente de dragagens de anos anteriores, mas o despejo neste local fora proibido pelos órgãos de controle em função do material não permanecer confinado. Esses dezoito milhões deveriam estar depositados na Iha do Terrapleno e não a milhas de distância da costa! Por que motivo$ os órgãos de controles ambientais permitem lançar material no mar e não permitem confinar esse material na ilha, tornando-a assim a base para a ampliação física do Porto do Rio Grande? O impacto ambiental gerado no bota-fora além-mar é menor? No meu entendimento, esse impacto ambiental na vida marinha é até maior. Do ponto de vista técnico, existem novas e diversas tecnologias de engenharia com a finalidade de confinar e criar novos terrenos com baixíssimo impacto ambiental. Ver link ao final do comentário sobre a obra de ampliação da Airbus na Alemanha. Em 2012, portanto, 1 ano antes da apresentação pública deste projeto, estive numa reunião na SUPRG onde o Porto fora apresentado a comunidade acadêmica. Após explanação inicial a interlocutora abriu espaço para perguntas. Questionei-a sobre os eventos de lama no cassino e por quais motivos a lama não era descartada na Ilha do Terrapleno. Os presentes ficaram espantados com meu questionamento e a interlocutora se limitou a dizer 'pode ser que as pessoas não queiram despejar o material ali'. Novamente questionei sobre quem seriam essas pessoas, a interlocutora de pronto respondeu: 'não sei lhe dizer'. Logo, me parece que não é intere$$ante para o Porto realizar essa obra. O Porto Público do Rio Grande necessita de ampliação física se desejar ser competitivo perante o comércio mundial. Do ponto de vista econômico, sua localização próxima a histórica barra diabólica que fora domada pelo homem com diversas obras de engenharia é um enorme diferencial, pois o custo de ingresso das embarcações é baixo quando se comparado a outros portos marítimos. Onde quero chegar? A lama proveniente das dragagens e a ampliação física do Porto Público possuem relação direta faltando apenas o elo de ligação desta relação. Esse elo, se trata de profissional com pulso firme para encarar o desafio perante os diversos órgãos de controle que por sua natureza existencial são burocratas e por consequência direta acabam por barrar o desenvolvimento econômico da região de influência (hinterland) do Porto do Rio Grande.
Referência : ESTACA DE AREIA
 https://coisadeengenheiro.blogspot.com/2010/10/estaca-de-areia.html?fbclid=IwAR2xhITXRc3XYfO4SJuHKdafh78Aq-mCUi16hM80Q5vQxzWuZbe-LOjlu4M

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