sábado, 7 de março de 2015

A corrupção, que nunca existiu na história do Brasil, apareceu

Dep.Luiz Carlos Heinze
Acompanhando a evolução das mais recentes investigações sobre corrupção no Brasil observa-se, acompanhando as opiniões, que alguns ainda gostam de pensar que ela nunca existiu anteriormente no que costumam ser muito convictos.
Para os eles a corrupção nasceu agora, de preferência no governo atual, apenas por isso nunca foi investigada, denunciada e, óbvio, não teria como ser punida.
A tese contrária que vai buscar estudos para se fundamentar, é de que a corrupção nunca foi investigada  na profundidade e seriedade que vemos agora.
Isso demonstra que o país vive um momento novo no qual , pela primeira vez na sua história, esses fatos vem à público de forma tão consistente alcançando nas acusações os altos escalões da política e do empresariado.
Apresentada a denúncia sobre os envolvidos com a corrupção em contratos de empresas com Petrobrás, um fato chama a atenção.
São citados 47 políticos:
32 do PP, 7 do PMDB, 6 do PT, 1 do PSDB e 1 do PTB.
Na relação, há seis políticos do Rio Grande do Sul, todos ligados ao PP: os deputados Afonso Hamm, José Otávio Germano, Jerônimo Goergen, Luiz Carlos Heinze e Renato Molling e o ex-deputado Vilson Covatti.
Afonso Hamm, inclusive, é deputado federal eleito pela região sul.
Luiz Carlos Heinze é bem conhecido por suas posições bem marcadas de direita  e se tornou notícia principalmente depois de declarações em público em Vicente Dutra, no norte do Rio Grande do Sul, em novembro passado.
Na ocasião se referiu a índios, quilombolas e homossexuais como "tudo que não presta".
Mas voltando à lista de denunciados, dá prá dizer que o núcleo dessa denúncia é o PP.
Cabe lembrar que as origens do Partido Progressista estão ligadas à ditadura militar (1964–85), quando surgiu a Aliança Renovadora Nacional (Arena) — partido do governo, quando agrega partidários de partidos que apoiaram o golpe militar destacando-se a UDN de Jânio Quadros e Carlos Lacerda.
No momento em que se decidia a sucessão do presidente João Figueiredo (1979-1985), o Partido Democrático Social (PDS), então partido de apoio ao governo, conseguiu impedir, na Câmara dos Deputados, o restabelecimento das eleições diretas, mas não evitou a disputa interna pela candidatura presidencial. O PDS dividiu-se em dois grupos e dois candidatos, o então ministro Mário Andreazza e o ex-governador Paulo Maluf. Com a vitória de Maluf na Convenção, o partido se desagregou.
Uma de suas facções fundaria o PFL (Partido da Frente Liberal) e se aliaria ao PMDB para apoiar Tancredo Neves, enquanto a outra seguiria seu caminho até a derrota no Colégio Eleitoral.
A democracia brasileira deve esse favor a Maluf.
O PFL, é pertinente lembrar, vai passar por mudanças de identidade até se apresentar, atualmente, como Democratas.
Já o PDS, derrotado, vai passar de partido de governo ao declínio na oposição, à espera de melhores dias, preservando seus espaços.
A fragmentação do quadro partidário brasileiro, contudo, vai aumentando ao sabor das crises políticas pós-Constituinte de 1988.
Com a gradual normalização da vida política, após o impeachment de ex-presidente Collor de Mello, começa a nascer o atual Partido Progressista.
Em 1993, o PDS funde-se com o Partido Democrata Cristão (criado em 1988) e nasce o Partido Progressista Reformador (PPR) logo a seguir novamente rebatizado desta vez como PP ( Partido Progressista).
Ou seja, é um partido que identificado com a ditadura nos 20 anos de regime militar, poderia nesse momento  não estar representado quase que exclusivamente na lista apresentada essa noite pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal.
Talvez esteja na hora do partido mudar mais uma vez de sigla.

P.R.Baptista - Editor


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