quinta-feira, 28 de setembro de 2023

PRESERVAÇÃO DE UMA CASA INVENTARIADA

 Apresentamos , a seguir , alguns elementos relativos à preservação da casa situada na Rua Gen. Telles, 564, casa esta inventariada.

São elementos preliminares aos quais pretendemos ir agregando outros tantos com a  cooperação de colaboradoes de diferentes áreas, em particular de setores da área de  Preservação Patrimonial em especial vinculados à Universidade Federal de Pelotas.

 O IMÓVEL

 A casa tem projeto de construção datado de 1925, ou seja é uma casa centenária.

Um documento muito significativa a respeito é a foto aérea, datada de 1925, na qual pode-se observar que a zona bem central na qual a casa foi construída só tinha ña época habitações muito simples com pátios amplos e arborizados.

 


Por se tratar de uma casa que foi construída pelo meu tio avô e na qual viveram sucessivamente meus avõs, meus pais e meu filho e, além disto, pelo valor que dou à preservação patrimonial e cultural ,  tenho um grande apreço por ela e venho  procurando, com muitos gastos, mantê-la no seu todo resgatando aspectos da construção original e não só a fachada.

É uma proposta muito difícil, quase impossível, considerando o alto custo.

Como proprietário, no entanto, nunca abri mão de manter sempre na medida do  possível a identidade do prédio inclusive através de pequenos detalhes.


FACHADA

A fachada da casa sempre foi, desde a construção de alvenaria. Lembro de meu pai negociando várias vezes com um pintor para tratar da pintura.

A partir do reconhecimento por parte da SECULT de que a casa não é cimento penteado, reconhecimento que só foi possível depois de várias solicitações, procedemos a estudar o revestimento existente e procurar, avaliando o procedimento mais adequado, recuperar o revestimento original de alvenaria.
É um investimento que encarece muito considerando a simples pintura.. 




JANELAS

A casa mantém as aberturas originais o que nem sempre é presente nas casas inventariadas

São as aberturas da fachada mas também internas.

Esta manutenção é particurlamente cara pelo alto dcusto da mão de obra e também pelo fato de que por serem de madeira e pelas restirções de  emprego de toldo, ficam particularmente sujeitas à deterioração


PORTAL

O portal é particularmente interessante por empregar ladrilhos hidráuticos.
Este design é oportuno comentar só foi possível encontrar em Pelotas em dois lugares, numa porta lateral do Colégio São José e na entrada da Biblioteca Pública Pelotense.

A julgar por esta informação pode-se dizer que é bastante raro 



 PORTA DA FRENTE

Esta porta recentemente foi reformada

Apresentava sinais de apodrecimento que é favorecido pela exposição direta à chuva e ao sol.

Impõe-se melhor conservação o recurso a um toldo (1)








JANELAS

A casa mantém as aberturas originais o que nem sempre é presente nas casas inventariadas

Esta manutenção é particurlamente cara pelo alto dcusto da mão de obra e também pelo fato de que as janelas de madeira, pelas restirções ao emprego de toldo, ficam particularmente sujeitas à deterioração

A seguir temos fotos da janela e, em detalhe, da deterioração  que mencionamoes



FORRO

Do mesmo o forro é mantido em partes da casa



ASSOALHO

O assoalho também integra o conunto de aspectos que permitem conceder à casa manter um grau significativo de preservação. 


PORÃO


 

Associado à existência do assoalho é condições imprescindivel a do porão
É  um porão baixo, que serve basicamente para a ventilação mas que permite que alguém possa se deslcoar sob ele
gateira  



TIJOLOS

TELHAS / TELHADO

O telhado é um ponto crítico na manutenção da casa.

Originalmente foram empregadas as chamadas telhas portuguesas

São telhas enormes, pesadas, do tipo calha/canal rejuntadas com argamassa.

Perdi a conta dos números de vezes que meu pai, depois eu, contratamos um pedreiro para  resolver problemas de goteiras.

A situação com o decorrer do tempo foi se agravando pelo apodrecimento e deterioração do mandeiramento por ação do cupim. O cupím , aliás, é o inimigo número 1 da preservação de uma casa com as características da citada alcançando com sua ação contínua e invisivel praticamente tudo que seja de madeira dentro da casa. São portas, janelas assoalho, forro, marcos, escadas,móveis, etc., enfim absolutamente tudo.

No caso do telhado o ataque é às estruturas de sustentação (tesouras, linhas, caibros, etc) levou , num certo momento,  ao princípio de um desabamento  .

A alternativa foi a construção, às pressas, de uma estrutura mais elevada revestida com telha de fibro cimento para, dentro das condições, planejar o restauro da esturutua original com as telhas de barro originais que foram preservadas todas

  






Telhas originais


SITUAÇÃO ATUAL DO TELHADO
A implantação de um telhado de proteção é uma solução que não impede que outros problemas estejam presentes.

A parede lateral externa exigiu como medida de segurança ser suportada com barras de ferro à nova estrutura interna de caibramento.


Esta parede está fora de prumo a exigir medidas suplementares para , de momento, prevenir o desabamento a exemplo do que ocorreu no prédio da rua Benjamin Constant


  

ENCANAMENTO

Como referência quanto ao tipo de encanamentos utilizados originalmente mantivemos uma parte na parede do banheiro antigo.

O encanamento é de chumbo






ELEMENTOS DIVERSOS

Fazem parte da preservação da casa diversos elementos  dos quais destacamos alguns deles 

PLACA


A placa original da casa espera por que seja feita outra pois foi roubada


INTERIOR

Brevemente vamos nos refeir ao interior da casa que exige um atenção particularizada tanto ou mais difícil do que o exterior 

A primeira foto é o do corredor de entrada

À esquerda observamos o contador de luz original que recentemente foi recolhido pela Equantorial o que está nos exigindo todo um esforço para garantir que permaneça no ambiente da casa .
Encaminhamento um link para que se entenda a situação 

O contador da água foi possível manter






INTERIOR DA CASA











 PARTE EXTERNA

Como a casa dispõe de um pátio lateral temos a proposta de integrá-lo ao ambiente da casa com a criação de um jardim de inverno. 



quinta-feira, 21 de setembro de 2023

NEGOCIAÇÃO - Enio Andrade



O homem chegou à rodoviária esbaforido, precisava fazer uma dieta urgente. Foi direto ao guichê, não sabia ao certo se ainda era possível conseguir uma passagem para o interior. Era caso de urgência, um parente seu estava entre a vida e a morte. Não é que o moribundo fosse um seu chegado, é que esse tio distante tinha uma infinidade de campos e quem quisesse ser merecedor de alguma terrinha tinha que se fazer presente. Comprada a passagem se dirigiu ao box e embarcou no ônibus de pronto. Acomodou-se e ficou pensando em como seria sua chegada na casa do tal tio, o que diria? depois de tanto tempo... ainda não tinha passado cinco minutos quando começou a ficar ansioso quanto à partida do ônibus. Olhou pela janela e avistou três homens conversando, sabia que eram motoristas porque usavam aqueles uniformes horríveis, sempre com uma cor berrante.

Os homens pareciam felizes, riam muito. Quem é que pode estar feliz em uma situação dessas, o homem está lá num morre não morre. A conversa parecia ter terminado, um dos homens se dirigiu para o “seu” ônibus, entrou e deu a partida. Ufa, pensou o homem, Agora vai! O motorista ligou o motor e desceu, acendeu um cigarro, era o tempo de o motor esquentar. O homem não pode deixar de soltar uma imprecação, mais essa!

Foi aí que ouviu a batida na janela, ué quem poderia ser, ninguém sabia de sua partida. olhou pela janela e avistou um guri, não tinha mais do que uns treze ou catorze anos. Trazia junto ao corpo um tabuleiro de madeira lhe pareceu, coberto com um guardanapo grande de tecido. Ah, um vendedor pensou o homem, estava demorando. Abriu a janela com impaciência e ficou olhando para o menino com desdém.

-bom dia senhor, quer comprar uma rapadurinha?

O homem nem respondeu, fechou a janela num movimento rápido. Ainda bem que o ônibus já vai sair, pensou. Olhou pela janela em direção ao local em que o motorista se posicionara. O cigarro já estava pela metade, o homem já não se aguentava de tanta ansiedade. Outra vez ouviu a batida em sua janela. Dessa vez ao abrir já não demonstrava aquela paciência que tinha tido na vez anterior. O menino voltou à carga.

-Senhor, pode pelo menos comprar uma?

O homem começou a gritar com o menino.

-Sai daqui moleque, não se enxerga, não?

Nem bem terminou a frase se deu conta que junto com as palavras algo mais se desprendeu de sua boca. Olhou para baixo e avistou sua ponte móvel que parecia rir de sua situação. Cinco dentes arranjados em uma superfície de metal, olhando assim não pareciam fazer a menor diferença ou falta. Mas, para o homem representavam a metade de seu sorriso, e agora? o homem começou a suar e sentiu que seu corpo estava pegando fogo. Olhou para o motorista e lhe pareceu que o cigarro já estava no final.

O menino estava impassível esperando a reação do homem. O homem analisou a situação, viu que não tinha saída. Se pudesse descia do ônibus e iria atrás do guri, qual o quê, imagina se teria condições de correr atrás daquele guri? Nem se passasse toda a vida correndo.

Olhou de novo, o motorista já apagava o cigarro no chão com uma pisada definitiva. Por sorte entrou na rodoviária mais uma vez. Devia ser a última ida ao banheiro, agora o tempo que o homem ainda tinha se esvaía com uma velocidade de cronômetro. Olhou para o menino e disse:

-Me dá duas.

Agora a situação era diferente, o menino estava em vantagem e respondeu com uma pergunta:

-duas?

O homem começou a alucinar, parecia enxergar o motorista saindo da rodoviária e entrando no ônibus. Não adiantou nada ser generoso e comprar duas, sentiu que estava indo para um caminho sem volta.

- tá bom, me dá cinco, cinco não, me dá dez.

O guri olhou para o homem, seu olhar zombeteiro traduzia o sentimento de quem estava esperando por aquela oportunidade.

-dez ?

O homem resolveu capitular, não tinha mesmo como resolver aquela situação de outra maneira.

- tá bom, me dá todas . . .

O guri fez o cálculo, o homem passou o dinheiro e ficou com um sacão de rapaduras. Apesar de tudo não se sentia derrotado, afinal de contas estava de posse do seu sorriso outra vez. Em seguida o motorista apareceu e o homem teve uma sensação de alívio.

Mal o motorista entrou no Ônibus e foi dar início à viagem o motor apagou, era o fim da viagem, agora só teria outro horário no próximo dia. O homem desceu do ônibus e foi andando em direção à sua casa, abriu o saco e comeu a primeira rapadura, o caminho seria longo.

Enio Andrade

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O CLIMA EM PELOTAS ESTA SEMANA- ESTAMOS PREPARADOS?

 

A previsão fala por si só.

Rezar para que não esteja inteiramente correta.   

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

MENINAS

 


 A Estrada do Engenho é uma via recentemente concluída que passa numa parte ao longo do Canal São Gonçalo. 

Exatamente nesta parte existe uma antiga ocupação que , neste momento, deve ser desalojada.

 É constituída por moradores de diferentes segmentos entre os quais charreteiros e pescadores.

Convivendo e circulando pela ocupação vemos muitas crianças e muitos animais, cachorros, gatos, cavalos e cabritos.

As crianças estão adaptadas, são alegres, em meio às dificuldades parecem muito bem cuidadas e parecem felizes .

Na cena se agruparam rapidamente para uma foto na frente das roupas penduradas para secar na corda estendida na beira da estrada. 

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

LIBERALISMO POLÍTICO, JUVENTUDE E CHOPP SE ENCONTRAM

 

Vamos espalhar a LIBERDADE por Pelotas?

Na próxima sexta-feira, dia 15/09 às 19h, teremos o primeiro Chopp Sem Impostos para promover a criação e idealização de um verdadeira movimento político para falar sobre política e liberdade em Pelotas.

Contaremos com o apoio e participação dos principais movimentos liberais do país e do RS nesse primeiro encontro e com a presença do Deputado Estadual Felipe Camozzato para falarmos sobre como espalhar boas ideias no meio estudantil e no meio empresarial.

A ideia é esse movimento de Pelotas se tornar um grupo formador de lideranças estudantis e políticas, além de ser um grupo de estudos, promovendo eventos sobre liberdade, política e economia e assim impactarmos nossa política local.


Conto muito com teu apoio e tua divulgação para esse momento importante. 

sábado, 9 de setembro de 2023

ALBERGUE NOTURNO DE PELOTAS PEDE DETERGENTE E AÇÚCAR

O Albergue noturno está pedindo ajuda de detergente e açúcar, quem puder ajudar entrar em contato conosco pelo 53984151591 ou pelo 5332227395..
Num momento em que tantos recursos estão sendo enviados para auxiliar os afetados pelo ciclone no estado, tantos que foi feito o pedido de não enviarem mais, sempre é bom lembrar aqueles que tão perto de nós, ao nosso lado na realidade, estão necessitados de recursos minimos para sobreviverem. 

CHEGADA DE BRIZOLA DO EXÍLIO

 

Wellington Penalva

A permissão para entrar no País veio no último momento, duas horas antes que o bimotor Piper pousasse em Foz do Iguaçu. A lei da anistia já vigorava, mas os generais do decadente regime militar ainda temiam aquele que era considerado o pior inimigo da ditadura. Às 17h25 do dia 6 de setembro de 1979, encerrava o mais longo exílio de um político brasileiro: Leonel de Moura Brizola retornava ao Brasil, 15 anos depois de ter sido obrigado a deixá-lo.

“Aqui chegamos com o coração cheio de saudade, mas limpo de ódios”, disse Brizola ao retornar. O trabalhista chegava ao país esperançoso pela atmosfera de redemocratização que crescia no Brasil. “Venho para tratar do ressurgimento da nossa causa”, proferiu se referindo a reformulação do trabalhismo que, no ano seguinte, seria abrigado na nova sigla: PDT – Partido Democrático Trabalhista.

Leonel Brizola se tornou o pior inimigo dos militares golpista antes mesmo de concluírem o golpe, em 1964. Por meio da Campanha da Legalidade, em 1961, ele impediu que tomassem o poder e garantiu a posse de João Goulart como presidente da República. Três anos mais tarde, quando depuseram Jango, Brizola teve de deixar o país para se exilar primeiro no Uruguai, depois nos Estados Unidos e, por último, em Portugal.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

A IDEOLOGIA DO DISCURSO X A IDEOLOGIA DA AÇÃO - Reginaldo Bacci


O presente artigo não tem a pretensão de esgotar um tema tão importante como o

papel e a importância da ideologia como instrumento de dominação daqueles que

detêm o capital e as estruturas estatais e são capazes de utilizá-las como

instrumento de dominação cultural, social, econômica e política das classes

trabalhadoras, que nós do PDT historicamente defendemos. Essa dominação é

exercida pelos conservadores e liberais e têm a função de difundir seus ideais, para

garantir a manutenção da sua hegemonia e da posição de privilegiada que ocupam

na sociedade pós moderna. E o fazem de uma maneira tão “natural”, utilizando as

estruturais sociais e econômicas a sua disposição, que afastam de si e de todos a

ideia da existência da ideologia no mundo pós moderno como mecanismo de

dominação. Ledo engano, estamos vivendo sob a égide da ideologia de uma forma

nunca antes vivenciada.

Qual o papel de um partido político ou ainda qual o papel no PDT na compreensão

e na mediação histórica de um mundo em que os dominadores insistem no fim da

ideologia, enquanto a utilizam, subliminarmente, para continuarem mantendo sua

posição e privilégios, na medida que, a cada dia, a equiparação de armas entre o

trabalho e o capital está mais desproporcional, ou seja, os trabalhadores perdem

espaços e direitos trabalhistas e previdenciários? Mas avancemos em algumas

digressões teóricas – ainda que de forma superficial – para não alongar e não tornar

enfadonho aquilo que é, na realidade, um questionamento real e atual sobre a

situação do PDT RS.

Considere o seguinte paradoxo, como nos aponta o Terry Eagleton, em seu livro

Ideologia. “A última década testemunhou um ressurgimento notável de movimentos

ideológicos em todo o mundo. No Oriente Médio, o fundamentalismo islâmico

emergiu como uma potente força política. No chamado Terceiro Mundo ... o

nacionalismo revolucionário continua em luta com o poder imperialista. Em alguns

estados pós-capitalistas do bloco oriental, um neostalinismo ainda obstinado

mantém-se em combate contra um batalhão de forças oposicionistas. A nação

capitalista mais poderosa da história foi arrebatada, de ponta a ponta, por um tipo

particularmente nocivo de evangelismo cristão.” Fica evidente que a ideologia não só

existe no mundo pós moderno como ela alcançou todos os continentes e centenas

de países.

Eagleton continua: “Como explicar tal absurdo? Por que, em um mundo

atormentado pelo conflito ideológico, a própria noção de ideologia evaporou-se, sem

deixar vestígios, dos escritos pós-modernistas e pós-estruturalistas?” A resposta é

complexa e difícil, mas se pode inferir que os liberais e conservadores mantêm sob

seu comando os aparatos financeiros e de comunicação, e assim “vendem” o que

lhes apraz e o que é pior, até mesmo os homens e mulheres de bem da centro

esquerda e da esquerda “engolem” tais teorias.

Eagleton continua e é enfático ao afirmar: “A chave teórica para esse enigma é um

dos assuntos que abordaremos neste livro. De modo muito sucinto, argumento aqui

que três doutrinas essenciais do pensamento pós-modernista conspiraram para

desacreditar o conceito clássico de ideologia. A primeira dessas doutrinas gira em

torno da rejeição da noção de representação - na verdade, a rejeição de um modelo

empírico de representação, no qual o bebê representacional foi displicentemente

lançado fora junto com a água do banho empírica. A segunda diz respeito a um

ceticismo epistemológico segundo o qual o próprio ato de identificar uma forma de

consciência como ideológica implica alguma noção indefensável de verdade

absoluta. Como a última ideia atrai poucos adeptos hoje em dia, acredita-se que a

primeira desmorona em seu rastro. ... A terceira doutrina refere-se a uma

reformulação das relações entre racionalidade, interesses e poder, em bases mais

ou menos nietzschianas, a qual, segundo se acredita, torna redundante todo o

conceito de ideologia. Tomadas em conjunto, essas três teses foram consideradas

por alguns suficientes para descartar toda a questão da ideologia.”

Percebam que exatamente neste momento histórico em que a ideologia se propaga e

sustenta ações em todo o planeta, ela é varrida para baixo do tapete. O absurdo é

tanto que o filósofo italiano pós-modernista, Gianni Vattimo, afirma que o fim da

modernidade e o fim da ideologia são momentos idênticos. “Postmodern Criticism:

Postmodern Critique”. In: David Woods (Ed.), Writing the Future, London, 1990,

p.57). Essa supressão da ideologia não foi a primeira vez que aconteceu no mundo.

Lembre-se, que após a segunda guerra mundial esse fato também ocorreu, “mas

enquanto esse movimento podia ser explicado, pelo menos em parte, como uma

reação traumatizada aos crimes do fascismo e do stalinismo, nenhuma

fundamentação política escora a aversão contemporânea à crítica ideológica.”

Observa Eagleton, que “Hegel observa em algum lugar que todos os grandes eventos

históricos acontecem, por assim dizer, duas vezes. (E aqui ele esqueceu de

acrescentar: a primeira como tragédia, a segunda como farsa).

Além disso, a escola do “fim da ideologia” era, claramente, uma criação da direita

política, ao passo que nossa própria complacência “pós-ideológica” exibe, com

muita frequência, credenciais radicais. Se os teóricos do “fim da ideologia”

consideravam toda ideologia inerentemente fechada, dogmática e inflexível, o

pensamento pós-modernista, por sua vez, tende a encarar toda ideologia como

teleológica, “totalitária” e fundamentada em argumentos metafísicos.”

Para Marilena Chauí a ideologia “é um conjunto lógico, sistemático e coerente de

representações (ideias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e

prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o

que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem

sentir, o que devem fazer e como devem fazer. ... “(Marilena Chauí, O que é ideologia

1980).

Obviamente, que poderíamos aprofundar esse tema a partir da compreensão de

Marx, Althousser e Laclau, entre tantos outros autores, cuja contribuição são

inarredáveis, ainda que as conclusões possam receber críticas, releituras,

adaptações e ampliações.

Peço desculpa ao companheiro/a que chegou até aqui e ainda não compreendeu

com clareza o objetivo deste artigo, escrito por um militante do PDT sem nenhuma

credencial acadêmica e para não me estender mais, pois acredito que agora

nivelamos o ponto de partida – vamos ao que interessa.

Por que o PDT deve ou pode participar de um governo liberal? Qual o papel do

discurso/narrativa ideológica quando confrontado com a ação ideológica

necessária. Essa é a pergunta que quero fazer e debater com os companheiros/as

do PDT.

Existe um comprometimento ético ou moral por trás de um discurso ideológico

capaz de restringir o acesso ao poder – compreenda-se aqui toda e qualquer

estrutura capaz de ação eficaz para transformação da realidade por intermédio de

uma ação ideológica?

Até onde o discurso ideológico nos impedirá de avançar para a ação ideológica e o

que podemos fazer para afastar as falsas dicotomias e focar naquilo que realmente

importa – transformar a sociedade?

O mero discurso ideológico para ascender à estrutura de poder sem a ação

ideológica efetiva interessa ao PDT, já que as consequências são tão somente o

locupletamento individual – seja financeiro ou de imagem?

A minha modesta contribuição, vai no sentido de que podemos sopesar o discurso e

ou a narrativa ideológica para a construção efetiva de uma ampla frente político

partidária para chegar ao poder e assim utilizar sua estrutura para consolidar

ações ideológicas transformadoras em prol de uma sociedade fraterna, solidária e

justa.

Claro, que nestes casos, o PDT deve liderar essa frente, se não em todas as

ocasiões, pelo menos na grande maioria delas. Ao liderar essa ampla frente político

partidária deve ter em mente o que poderá ceder e quanto poderá ceder sem perder

a sua essência trabalhista, daí porque preservar para si áreas como educação,

saúde, segurança, finanças e desenvolvimento. Áreas estruturantes na construção

da sociedade que queremos. Quando não tivermos a liderança dessa frente, temos

que buscar áreas da estrutura do Estado, que nos permitam exercer uma ação

ideológica consistente em favor da sociedade que queremos e defendemos e para

tanto deixar claro, desde o início do processo de negociação com as demais forças,

que não abrimos mão do exercício da ação ideológica transformadora.

Por outro lado, participar tão somente da estrutura de governo/poder para não ter

uma ação ideológica alinhada ao nosso passado trabalhista e capaz de transformar

o futuro de nossa gente, será uma tarefa inócua e sem qualquer benefício para o

conjunto do partido. Estar-se-á beneficiando pessoas e ou pequenos grupos – que

sem qualquer capacidade de ação ideológica – estarão, na melhor das

possibilidades, reproduzindo as políticas liberais e ou conservadoras sem qualquer

afinidade com nossos princípios ideológicos e na pior das situações essas pessoas e

grupos estarão tirando proveito próprio, locupletando-se financeiramente e

promovendo suas imagens às custas da nossa ideologia trabalhista, impondo a

grande maioria dos militantes partidários a vergonha e a pecha de oportunistas sem

qualquer princípio ideológico ou programático.

De toda a sorte, sopesar os princípios ideológicos construídos a duras penas por

homens e mulheres trabalhistas, que deram suas vidas para a construção do nosso

Rio Grande e do nosso país, só terá algum sentido, no meu entender, se e somente

se, nos espaços que nos são oferecidos, sejamos capazes de construir e realizar

ações ideológicas afinadas com nossos ideais.

Essa é apenas uma pequena reflexão ideológica despretensiosa, mas que espera

poder despertar o bom debate entre nós trabalhistas.


(*) Reginaldo Bacci – Presidente do PDT Pelotas- RS

sábado, 2 de setembro de 2023

VEREADOR CAUÊ - A CULTURA COMEÇA A TER VOZ NA CÂMARA DE VEREADORES



O vereador Cauê Fuhro Souto que acaba de assumir na Câmara já demonstra, em suas primeiras intervenções, a disposição de fazer da Cultura uma das questões a qual se dispõe a dar destaque e importância. Há muito tempo que vinha existindo, com uma ou outra intervenção isolada, um vazio neste aspecto. A METADE SUL saúda este fato novo e se coloca como parceira nas iniciativas.