segunda-feira, 4 de maio de 2015

Procura-se um violoncelista ( P.R.Baptista)

Marjana Rutkowski
Abrindo o jornal pela manhã sou surpreendido pelo anúncio de um concerto do Duo Rutkowski-Loss mais exatamente Marjana Rutkowski, violoncelo e André Loss, piano, no auditório, de condições muito boas, do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas.
Digo surpreendido porque se tornaram um pouco raros concertos de música de câmara do nível do anunciado.
Um pouco antes do início do concerto estou no saguão.
É a oportunidade de conhecer Tiago Ribas, professor de violino da Universidade, um dos organizadores do recital, que tem como mote Reencontro no Romantismo,  e que estaria tomando a si a iniciativa de promover esses eventos.
Como diz ter estudado em Porto Alegre revelo que fui aluno de História da Música de Bruno Kiefer, falecido e nome importante na música erudita gaúcha.
Mas conversamos especialmente sobre música de câmara e falo de minha decepção de não termos em Pelotas conjuntos especialmente um quarteto.
Revela-me, então, que a par de outras dificuldades uma decisiva, para os quartetos, é a falta de um violoncelista pela própria circunstância da Universidade ainda não oferecer curso do instrumento.
Mais adiante, ao fazer uma apresentação do concerto, lembra o nome de Jean-Jacques Pagnot , violoncelista da OSPA, que morou um tempo em Pelotas formando um trio do qual fazia parte, no piano, Milton de Lemos.
Consolo-me com a explicação e entro para ouvir o concerto.
Na primeira parte uma sonata de Mendelssohn, n.2 , opus 58 , interrompida a cada movimento por aplausos. Entre o terceiro e o quarto os concertistas não fazem nenhuma pausa e os aplausos só vão ser ouvidos no final da peça. O fato dá um ar menos formal à apresentação até porque a platéia é constituída principalmente por jovens, presume-se estudantes de música, mas aparecem alguns apreciadores alertados, como eu, pelo jornal.
Ao final da sonata de Mendelssohn os músicos se retiram para um breve intervalo.
É o momento no qual, tradicionalmente, o público se dirige para o saguão para conversar, antigamente para fumar.
Eu aproveito para sair.
Para o jejum de concertos em que me encontrava, a primeira parte preencheu plena e positivamente  minha expectativa.
Na rua a noite fria é contemplada pela lua cheia.
Vamos aguardar agora, talvez também em noites de lua cheia, outros concertos de música erudita pois é o tipo de programação, embora possa ficar a impressão de que continua a ser o tipo de evento que não encontra muita receptividade por parte de um público maior, que a cidade reencontra, além de pessoas dedicadas,condições e estrutura para oferecer .
Isto mesmo na falta de um violoncelista.

P.R.Baptista

>> Sonata n.2, op.58
Felix Mendelssohn Cello Sonata No. 2 in D major, Op. 58 Complete HD Full Complete all movements was composed in June 1843. The work, which was dedicated to the Russian/Polish cellist Count Mateusz Wielhorski, has four movements:
Allegro assai vivace
Allegretto scherzando
Adagio
Molto allegro e vivace
A typical performance lasts 25 minutes.
Of particular interest is the Adagio, because it mirrors Mendelssohn's fascination with the music of J. S. Bach. (He was then musical director of the Gewandhaus concerts at Leipzig and, as such, Bach's distant successor.) The movement consists of a chorale in Bach's typical style, played by the piano in rich arpeggios. In between the phrases of the chorale, the cello plays recitative-like passages.

Um comentário:

Tiago Ribas disse...

Paulo, obrigado pela presença e pelo texto que, certamente, valorizou o evento. Obrigado especialmente por chamar a atenção sobre essa lacuna que é a falta de um curso de violoncelo no curso de música da UFPel. Estamos mirando nesse objetivo, mas sempre é bom que as coisas partam de uma necessidade da comunidade. Nesse sentido, manifestações assim como a sua são essenciais. abraços! Tiago.