sábado, 29 de novembro de 2014

Cultive-Ler , uma pausa

O editor vai descansar um pouco. Voltaremos em breve.

Com uma postagem intitulada "Férias" e o anúncio " O editor vai descansar um pouco. Voltaremos em breve"  o blog CULTIVE-LER faz uma pausa em sua atividade.

O contador de visitas,no momento desta interrupção, aponta 532 794 acessos um número bem significativo.

Segundo comenta Manoel Magalhães, escritor, cineasta e editor do blog ",
"meu ingresso no universo digital é recente, entusiasmado com a escrita e com o compartilhamento de informações, as quais fomentam discussão e, por via de consequência, cultura. 
O Cultive-ler é o resultado desta paixão, editado com responsabilidade, focado na atividade de filtrar cotidianamente fatos que estejam dentro da linha editorial, atendendo as expectativas do leitor já conquistado e procurando atingir as necessidades de informação, análise e entretenimento dos futuros leitores. 
Enfim, gerar conteúdo"

Em contato com Manoel ele nos afirma que ainda não sabe se retorna.
Ficamos na expectativa de que sim.
O blog CULTIVE-LER , pela qualidade, já se tornara uma referência de relevância no nosso mundo digital.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

OPINIÃO : EMANCIPAÇÃO DO LARANJAL

"Certamente os oportunistas querem arrumar novos cargos para si e seus parentes e amigos.

Os problemas do Laranjal não serão resolvidos com o "novo município". Apenas os "novos políticos" e "suas tropas" é que serão beneficiados. 

Querem emancipar o Laranjal? Primeiro construam um hospital e depois voltem a discutir o tema.

Emancipação do Laranjal é uma piada.
E de muito mau gosto "

Rogério Guimarães

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domingo, 23 de novembro de 2014

Dilma prepara guinada à direita na economia

Governo planeja ajuste fiscal e fará setor privado protagonizar crescimento. Com guerra no front político graças à Operação Lava Jato, é preciso trégua na economia
por André Barrocal (*)

Não importa o escolhido para o cargo de ministro da Fazenda. Dilma Rousseff dará uma guinada à direita na economia no início do novo mandato e já prepara o terreno. O ritmo “devagar quase parando” do PIB e a situação apertada das contas públicas deixaram o Palácio do Planalto sentindo-se sem opções. Para incentivar o crescimento, ficou indispensável acertar-se com os empresários e fazê-los tirar a mão do bolso.

O governo estuda uma expressiva contenção de gastos em 2015 ao mesmo tempo em que negocia com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a elaboração de medidas de estímulo às empresas. A intenção é deixar claro que está disposto a segurar verba pública e a abrir caminho para o investimento privado reinar como motor do crescimento do PIB pelo menos até meados de 2016.

No esboço do próximo orçamento, a chamada LDO, o governo propôs economizar 2% do PIB em 2015, mas a meta é considerada pouco crível. Nada indica que o País crescerá a ponto de gerar arrecadação suficiente para o alvo ser alcançado. Por isso, a equipe econômica refaz os cálculos e estuda cortes de gastos.

Os novos parâmetros macroeconômicos relativos ao ano que vem, como a previsão de crescimento, seriam enviados ao Congresso nesta sexta-feira 21. Nos próximos dias, será anunciado um plano de redução de gastos. Tudo a tempo de o relator da LDO 2015, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), apresentar seu parecer na quinta-feira 27.

Com o ajuste fiscal no forno, a Casa Civil tem sido palco de reuniões de autoridades federais com dirigentes e técnicos da CNI, numa tentativa de viabilizar medidas do agrado ao setor privado ainda este ano. Uma ideia com chances de vingar é a unificação de dois tributos federais, PIS e Cofins. Já é conhecida desde a eleição, mas não teve aval de Dilma para ser lançada naquele momento.

A unificação, segundo se ouve no governo, busca facilitar a vida das empresas, ao reduzir um pouco a burocracia. Embora os dois tributos sejam muito parecidos, eles seguem legislações diferentes, o que exige por parte de juristas, contadores e financistas privados um conhecimento específico da cada um deles.

Uma tentativa semelhante foi proposta pelo governo no ano passado, a unificação das 27 legislações do ICMS, principal imposto estadual. O projeto está no Senado, e o Planalto pretende voltar a trabalhar por sua aprovação no ano que vem. Até lá, já estarão empossados os novos governadores, com os quais Brasília terá de negociar. No passado, três estados haviam se colocado contra: Ceará, Goiás e Santa Catarina.

Nos sonhos federais de estimular o setor privado, o filé será – de novo – o repasse de bens públicos à exploração particular, as chamadas concessões. O governo tem esperança de promover a partir de 2015 uma nova rodada de licitações, com foco em ferrovias, portos e aeroportos regionais. Em 2014, foram leiloados somente algumas rodovias.

Mas não será fácil. Os negócios com ferrovias esbarram em divergências com os potenciais investidores privados, partidários de um modelo um pouco diferente do defendido pelo governo. As operações com portos esperam desde o ano passado por autorização do Tribunal de Contas da União. Na aviação regional, é preciso antes aprovar uma medida provisória que provavelmente vencerá na segunda-feira 24 por falta de votação no Congresso – o governo terá de providenciar uma solução jurídica, caso a MP caduque de fato.

A inflexão à direita na economia, comenta-se no Planalto, ajudará o governo a arriscar-se a ir um pouco à esquerda na seara política, trabalhando, por exemplo, por uma reforma proibidora de doações empresariais para campanhas, vistas como foco de corrupção.

A guinada talvez seja também uma questão de sobrevivência. A Operação Lava Jato, diz um ministro, fará um estrago tão grande no front político a partir de 2015, com a revelação de nomes de parlamentares e processos judiciais, que o governo não terá como encarar ao mesmo tempo uma guerra no front econômico. Uma trégua com o setor privado na economia seria indispensável.

(*) André Barrocal é repórter de CartaCapital em Brasília

Festival de Jazz de Pelotas




Pelotas acaba de vivenciar, durante 3 dias, uma lua de mel do jazz com a cidade.
É o tempo que durou o Pelotas Jazz Festival ( traduzindo, Festival de Jazz de Pelotas) , terceira edição de uma proposta que surgiu em 2010 por intermédio do Clube de Jazz a partir das "jams" mantidas pelo grupo , de fato um quinteto, formado por Daniel Zanotelli (saxofone e flauta), Guilherme Ceron (baixo), Renato Popó (bateria), Gustavo Otesbelgue (guitarra) e Eduardo Varela (piano), todos músicos pelotenses.
A eles o mérito da iniciativa  interrompida durante 2011 e 2012, retomada em 2013 e consagrada este ano.

foto Marcelo Soares
Na edição deste ano o evento contou com um espaço privilegiado incrustado no centro histórico da cidade com a destinação para sua realização não só do magnífico Theatro Guarany  mas de uma área externa constituída pelo quarteirão à sua frente que se denominou Rua do Jazz.
Entre os artistas que se apresentaram grandes exponentes da música brasileira como João Bosco, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos.
Um evento que se destina a ficar, supõe-se agora definitivamente, como um marco da maior expressão cultural.



video Marcelo Soares

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Em questão: a que atribuir o esvaziamento do Pronto Socorro ?

A Prefeitura de Pelotas, através de sua assessoria de imprensa e também, na pessoa da vice-prefeita Paula Mascarenhas, divulga o esvaziamento do Pronto Socorro, referindo-se a "corredores vazios" fato que atribui " a um trabalho incansável do prefeito Eduardo Leite e da equipe da Secretaria da Saúde desde o ano passado. Contratualização de novos leitos e qualificação das UBSs começam a mudar a imagem da saúde em Pelotas"

Antonio Ernani Pinto, sempre atento observador dos fatos relativos a Pelotas e ao país, tem outra opinião. 
Segundo suas palavras "as pessoas continuam admiradas com o fim do atendimento nas macas pelos corredores do Pronto Socorro de Pelotas. Não tem milagre.
O próprio Prefeito Eduardo Leite disse o que está ocorrendo.
Em razão do atendimento eficiente do Programa Mais Médicos, houve uma redução de 9% para 3% do público que ia até as Unidades Básicas de Saúde e depois ia para o Pronto Socorro. As UBS não atendiam por falta de médicos e não tinham resolutibilidade. 
Com os Médicos Cubanos, especialmente estes, as pessoas estão sendo bem atendidas nas UBS e não necessitam ir ao Pronto Socorro, que só fica com os casos de urgência e emergência. 

Não vamos ideologizar! O Programa Mais Médicos está sendo muito bom para os pacientes. Isto deve estar se refletindo, também, na diminuição do serviço do médico especialista e dos exames. Todos vão ganhar! As consultas necessárias aos especialistas e os exames vão acontecer em menor tempo"

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Considerando que o atendimento do Pronto Socorre tem sido, de forma recorrente e de de longa data, assunto de muita discussão e utilizado politicamente das mais diferentes maneiras, seria interessante entender corretamente o que teria, exatamente, provocado o novo quadro.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Laura Capriglione: Quem são os bandidos que batem em jornalistas e pedem o impeachment de Dilma

Laura Capriglione

Acostumados a se esgueirar pela noite, sempre em bandos, em busca de homossexuais e negros andando desacompanhados (para cobrir de porradas, quem sabe matar), predadores neonazistas agora deram para exibir sua truculência à luz do dia.
Como participantes das manifestações que a direita paulistana vem promovendo para disseminar seus ideais golpistas, esses órfãos de Hitler parecem ter encontrado uma turma disposta a acolhê-los e legitimá-los, como se fossem apenas mais alguns entre os opositores do governo da presidente Dilma Rousseff, do PT, recém-eleita.
Seria apenas uma moçada jovem, careca e muitas vezes musculosa exercendo o sagrado direito democrático de manifestação e expressão.
Só que não.
Nas redes sociais, essa gente reúne-se em comunidades com nomes carregados de simbolismos de violência explícita, como Carecas do ABC, CCC (uma homenagem ao velho Comando de Caça aos Comunistas, organização paramilitar de direita que teve seu apogeu nos anos 1970), Frente Integralista Brasileira (uma contrafação de organização nazista), Confronto 72 (anti-semita e skinhead), além do Combate RAC (Rock Contra o Comunismo) e do Front 88 (a oitava letra do alfabeto é o H; HH dá “Heil, Hitler”, a saudação dos nazistas).
Trata-se de grupos que cultivam o ódio como definição existencial, como se viu no ato público realizado no sábado (15/11) pelo impeachment de Dilma.
Pois bastou a tais lobos encontrarem a repórter-fotográfica Marlene Bergamo, da “Folha de S.Paulo”, que registrava a manifestação tendo ao lado Marcelo Zelic, vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais-SP, para começarem a salivar.
Armados de socos ingleses, muitos carecas, vestidos com camisetas ilustradas com a bandeira de São Paulo, ou com os dizeres “Fora Dilma”, ou “Hate” (Ódio), ou “Proud” (Orgulho), acharam-se no direito de urrar nos ouvidos de quem desconfiavam ser “petralha”: “Comunistaaaaa!”, “Vai pra Cubaaaaaa!”
Como hienas excitadas, e sempre em bando, prometiam “limpar a rua desses malditos”. Logo um deles desferiu cusparada no rosto de Zelic. Outro estapeou Marlene quando viu que ela filmava a agressão.
Covardes.
É claro que a direita “fina” quer parecer distante dessa turma. Não pega bem aparecer ao lado de facínoras tatuados com o número 88, ou exibindo a Cruz de Ferro com a suástica, com que se condecoravam os militares alemães, durante o Terceiro Reich.
O candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), totalmente sem eixo, perspectiva e nem noção, achou de comparecer ao ato, mas sem subir nos carros de som.
Sua adesão, entretanto, foi comemorada pela malta. Que o tucano, agora, não alegue desconhecimento sobre quem seriam seus companheiros de passeata.
A última que essa gente patrocinou,no dia 1º de novembro, acabou nas portas do Comando Militar do Sudeste, o antigo Segundo Exército, no bairro do Paraíso, em São Paulo, implorando pela “Intervenção Militar Já”.
Foi, aliás, nas tristes instalações do Segundo Exército, em seu anexo mais soturno, o DOI-Codi, que o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado em 1975, por bandidos anti-comunistas como esses que cuspiram no rosto do ativista e bateram na fotógrafa.
E o que dizer da paralisia da Polícia Militar diante das ameaças dos fascistas? Estaria inebriada com os gritos de “Viva a PM!”, entoados pela turba?
Todos se lembram quando, nas manifestações contra a Copa, a PM revistava mochilas e confiscava qualquer apetrecho “suspeito”, levando preso o seu proprietário.
Foi assim que um frasco contendo líquido amarronzado e cheirando chocolate, que depois a perícia provou ser Toddynho mesmo, custou quase dois meses de prisão a um manifestante.
No ato pelo impeachment da presidente Dilma, contudo, a polícia fez-se se de morta, enquanto rapazes com socos ingleses, canivetes e nunchakus (arma usada por praticantes de artes marciais) desfilavam impunemente, arrostando sua violência e arreganhando os dentes.
Na hora em que essa gente matar alguém, que pelo menos o senador Aloysio e o comando da PM não digam que foram pegos de surpresa.
Seu silêncio e inação são cúmplices.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Uma Carta Aberta a FHC que merece ir para os livros de história

Carta Aberta de Theotonio dos Santos, economista, cientista político e um dos formuladores da Teoria da Dependência. Hoje é um dos principais expoentes da Teoria do Sistema Mundo. Mestre em Ciência Política pela UnB e doutor “notório saber” pela UFMG e pela UFF. Coordenador da cátedra e rede UNU-UNESCO de Economia Global e Desenvolvimento sustentável – REGGEN.

Meu caro Fernando,
"Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960.
A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete contudo este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação.Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população.
Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependência: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000). Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartilhar com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação.
Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário. No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos.
TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”.
ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese? Conclusões: O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999
.
Segundo mito – Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do exterior em moeda forte a juros nominais de 3 a 4%, não pode fugir do fato de que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava.
Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou drasticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. Vergonha, Fernando. Muita vergonha. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.
Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição os 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID.
Tudo isto sem nenhuma garantia. Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em consequência deste fracasso colossal de sua política macroeconômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações.
A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa. Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este país.
Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entrou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional.
Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o verdadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista.
E dessa política vocês estão fora. Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a frequentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.
Com a melhor disposição possível, mas com amor à verdade, me despeço."

Francisco Antônio Vidal : Noite Gaúcha

Transcrevemos texto de Francisco Antônio Vidal publicado em seu blog Pelotas Capital Cultural, sobre a artista pelotense Carmen Garrez.
Interessante contribuição para o conhecimento de nossa arte e de nossos artistas.

O naïf de Carmen Garrez, para um espectador brasileiro, tem traços europeus, como o geometrismo, a nitidez, a minúcia. Aos olhos europeus, no entanto, as cores tão vivas da natureza e a simplicidade colonial das construções evocam o modo de vida latino-americano. Essa fusão de características se faz possível porque nós, como pessoas, somos uma mescla de origens culturais e porque nossos campos e cidades são misturas de recortes do Velho Mundo dentro do Novo.

De fato, é no Morro Redondo, município gaúcho da Serra dos Tapes, que Carmen vem observar essas colagens visuais e humanas, para esboçar um tratado de antropologia sensível, ao modo da arte. O próprio nome do quadro, "Noite Gaúcha", vem reiterar que esta visão é brasileira, e mesmo tropicalista, pois só nos trópicos uma Noite pode ser tão brilhante e cheia de vida. O calor ambiental está sugerido pelo azul claro no céu, e a umidade, pelo halo lunar.

Mas sabemos que o quadro é de Carmen, e não qualquer naïf, por algumas de suas marcas nestas paisagens: o pontilhismo que contrasta com a ingenuidade, a profusão de flores das árvores (como querendo combinar com as estrelas), a perspectiva na distância e a grande variedade cromática dos verdes.

Percebe-se também uma anotação que faz com bom humor: duas pessoas escondidas no declive da estradinha. É inevitável pensar que elas vão conversando e caminham lentamente.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Bruxelas em Chamas - manifestações invadem as ruas



Estimados 120 000 manifestantes ocuparam as ruas de Bruxelas em protesto contra as medidas de austeridade.
Os choques com a polícia foram muito violentos.
Segundo as notícias vários feridos e muitos prejuízos.

Uma foto

Sempre fica aquela dúvida, o que a palavra pode acrescentar ao objeto de arte?
Há quem sustente que nada. Mas ainda me arrisco a buscar o seu auxílio.
 No caso da foto de Marcelo Soares salientaria que a foto subverte nosso olhar.
O que é encima, o que é embaixo? Sem referencias, somos subjugados a uma realidade na qual não temos a que nos agarrar para manter o equilíbrio.
 Perdemos o sentido da verticalidade e quase temos que sentar para nos orientar.
O meio-fio de pedra vai cair em nossas cabeças?
 O prédio vai se dissolver na poça? O céu, tão explicitamente expressionista ( Munch, van Gogh ?) é também a poça.
 E a flor ainda nos lembra, como referência temporal, que é primavera.
Tudo isto sendo de fato uma foto

 P.R.Baptista

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Frei Betto: PT despolitizou país nestes 12 anos

A disputa presidencial se resumiu em um verbo predominante na campanha: desconstruir. 
Em 12 anos de governo, o PT construiu, sim, um Brasil melhor, com índices sociais “nunca vistos antes na história deste país”. Porém, como partido, houve progressiva desconstrução.
A história do PT tem seu resumo emblemático na fábula “A cigarra e a formiga”, de Ésopo, popularizada por La Fontaine. Nas décadas de 80 e 90, o partido se fortaleceu com filiados e militantes trabalhando como formigas na base social, obtendo expressiva capilaridade nacional graças às Comunidades Eclesiais de Base, ao sindicalismo, aos movimentos sociais, respaldados por remanescentes da esquerda antiditadura e intelectuais renomados.
No fundo dos quintais, havia núcleos de base. Incutia-se na militância formação política, princípios ideológicos e metas programáticas. 
O PT se destacava como o partido da ética, dos pobres e da opção pelo socialismo. À medida que alcançou funções de poder, o PT deixou de valorizar o trabalho da formiga e passou a entoar o canto presunçoso da cigarra. O projeto de Brasil cedeu lugar ao projeto de poder.
O caixa do partido, antes abastecido por militantes, “profissionalizou-se”. Os núcleos de base desapareceram. E os princípios éticos foram maculados pela minoria de líderes envolvidos em maracutaias.
Agora, a cigarra está assustada. Seu canto já não é afinado nem ecoa com tanta credibilidade. Decresceu o número de sua bancada no Congresso Nacional. A proximidade do inverno é uma ameaça.

Mas onde está a formiga com suas provisões? Em 12 anos, os êxitos de políticas sociais e diplomacia independente não foram consolidados pela proposta originária do PT: “Organizar a classe trabalhadora” e os excluídos.
Os avanços socioeconômicos coincidiram com o retrocesso político. Em 12 anos de governo, o PT despolitizou a nação. Preferiu assegurar governabilidade com alianças partidárias, muitas delas espúrias, em vez de estreitar laços com seu esteio de origem, os movimentos sociais.

Tomara que Dilma cumpra sua promessa de campanha de avançar nesse quesito, sobretudo no que diz respeito ao diálogo permanente com a juventude, os sem-terra e os sem-teto, os povos indígenas e os quilombolas.
O PT até agora robusteceu o mercado financeiro e deu passos tímidos na reforma agrária. Agradou as empreiteiras e pouco fez pelos atingidos por barragens. Respaldou o agronegócio e aprovou um Código Florestal aplaudido por quem desmata e agride o meio ambiente.

É injusto e ingênuo pôr a culpa da apertada e sofrida vitória do PT nas eleições de 2014 no desempenho de Dilma.
Se o PT pretende se refundar, terá que abandonar a postura altiva de cigarra e voltar a pisar no chão duro do povo brasileiro, esse imenso formigueiro que, hoje, tem mais acesso a bens materiais, como carro e telefone celular, mas nem tanto a bens espirituais: consciência crítica, organização política e compromisso com a conquista de “outros mundos possíveis”.

FONTE: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/frei-betto-pt-despolitizou-pais-nestes-12-anos/

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Ilustrador quer processar o PT pelo uso de desenho de Dilma

Sattu Rodrigues quer ser indenizado pelo PT por não ter sido consultado a respeito do uso de sua ilustração na campanha da presidente
"Quando vi, no final do primeiro turno, já estava rolando", disse o ilustrador

O ilustrador Sattu Rodrigues, responsável pela criação do desenho estilizado de Dilma Rousseff (PT), feito sobre uma foto de 1970, e usado ativamente pela sua campanha à Presidência neste ano, afirmou que nunca permitiu que a imagem fosse utilizada para tais fins e quer que o partido pague indenização por direitos autorais. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.


foto Rocha Lobo/ Futura Press
Segundo a publicação, o autor da imagem diz que nunca foi procurado por nenhum integrante da campanha do PT para que desse autorização do uso do desenho. "Ninguém nunca me procurou. Fiquei surpreso. Quando vi, no final do primeiro turno, já estava rolando", disse à Folha.

O ilustrador explica que fez a ilustração em 2010, a pedida da revista Época, para estampar uma das capas da publicação. Quatro anos depois, a imagem foi amplamente usada pela campanha de Dilma, na televisão, em banners, em folhetos, na internet, em comícios e em diversos materiais de divulgação.

A ilustração foi utilizada em camisetas e em diversos materiais de campanha de Dilma
O advogado de Sattu, André Marsiglia diz que "houve uso indevido da obra, de forma comercial e também com implicações ideológicas". "Houve violação autoral e buscaremos uma forma para que Sattu se sinta protegido e ressarcido", explica.

Embora o contato com a campanha não tenha sido feito por meio do advogado, a Folha de S.Paulo, após a entrevista com o ilustrador, procurou a campanha da petista. Eles confirmaram que nunca entraram em contato com Sattu e afirmaram que o caso foi encaminhado para a análise de seu setor jurídico.

Cena cotidiana na Palestina



Na zona de guerra da Palestina e dos territórios ocupados a violência deixa marcas profundas e os direitos são ignorados. 
A cena de uma criança ser conduzida detida como uma criminosa dá bem a dimensão dessa realidade

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Morte de policiais em serviço: alarmantes estatísticas



 O enterro do corpo do sargento Alexandre Hiath de Lima, que morreu após ser baleado em uma abordagem policial em São Paulo, aconteceu nesta sexta-feira (26), no Cemitério Areia Branca, em Santos, no litoral de São Paulo. 
O Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Benedito Roberto Meira, acabou se emocionando durante a cerimônia e desabafou. 
Segundo Meira, o Brasil vive uma 'situação de guerra'. 
Ele afirma também que é preciso repensar os modelos de segurança pública no país com urgência mas também salienta que as responsabilidades são de vários setores e as soluções exigem ser pensadas em sua integralidade.
Depoimento que merece atenção já que aponta, de forma bem ponderada, para um fato de grande gravidade que costuma ser pouco salientado nos meios de comunicação e nas discussões.

domingo, 2 de novembro de 2014

Nossos autores - Lobo da Costa

O Hospital ( Auras do Sul)

Eis -- mar alto -- a galera... vai sumida
No bojo azul do pélago profundo ;
Nos infectos porões leva a maruja,
Filhos de Deus -- que fogem deste mundo

Os furacões estalam nas enxarcias,
Dobra-se o cabo às iras da tormenta;
Já sem mastros adeja o escuro bojo,
No turbilhão da vaga que rebenta.

Entre a balburdia, a grita da procela,
Fecham-se uns olhos, sente-se chorar;
E depois ... e depois, um baque apenas ...
É mais um corpo que se atira ao mar !

Consolo, meus irmãos! nesta galera
Quanta esperança vai ao mar profundo!...
Ruja a tormenta embora ... Deus bondoso,
Há de salvar-nos dos parcéis do mundo!

Lobo da Costa - Jornalista, poeta e escritor brasileiro. Nasceu a 12 de julho de 1853, em Pelotas, Rio Grande do Sul. Morreu a 19 de junho de 1888, na mesma cidade.

sábado, 1 de novembro de 2014

Capitalismo criou ser humano adequado ao consumo



Ester Vaisman, organizadora de 'Lukács: Estética e Ontologia', diz que a manipulação do capital atravessa relações humanas, apoiando conservadorismo.        
O ano de 1848 marca, na Europa, a emergência de um novo sujeito histórico: a classe trabalhadora. A partir daí, o pensamento da direita, enraizado no capital, entra em declínio, no que é considerada a decadência ideológica burguesa. 
Essa é a análise de Ester Vaisman, professora de filosofia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). 
Organizadora do livro Lukács: Estética e Ontologia, ela cita o filósofo húngaro György Lukács para exemplificar como o capital mostrou no decorrer dos últimos séculos “uma sobrevida, uma capacidade de autoperpetuação e reprodução inimagináveis”.
 “A decadência ideológica se manifesta, primeiro, na afirmação de uma impotência do ser humano, não só de conhecer a realidade, mas de mudar e transformar o mundo. Portanto, qualquer ideia de libertação ou emancipação é considerada como uma utopia, ou uma recaída tardia às tendências socialistas, de constituição de um mundo onde todas as pessoas possam viver bem em todos os níveis, não só no material, mas também no cultural”, analisa. 
“O capital não é algo material. Pelo contrário, é uma relação social. Porém, ele ganha uma autonomia, como se tivesse uma vontade própria, construindo um ser humano adequado a ele. 
Portanto, o fato de um shopping center se tornar um lugar de lazer no fim de semana é um símbolo maior dessa alienação que se dá no nível do consumo. 
Logo, a alienação não se dá apenas na fábrica, na indústria: ela atinge a todos, mesmo os que não atuam, no chão de uma fábrica”, analisa. 

Fonte : Dodô Calixto e Rodolfo Machado | São Paulo - 30/10/2014 -  http://operamundi.uol.com.br