P.R.Baptista
Com o término do horário eleitoral gratuito e o encerramento pelos meios de comunicação das campanhas políticas a eleição entra em sua fase final a concluir-se com a votação no domingo.
O debate pela rede Globo tem sido, neste ritual, o ato final.
Se no jornal do dia seguinte o canal de televisão não iniciar anunciando quem venceu o debate conforme agiu após o debate Lula-Collor, nisto pelo menos teremos avançado.
E o que fica deste processo?
Seriam vários pontos a considerar mas um que chama a atenção, sem dúvida, é o ressurgimento da corrente de direita.
Lula inclusive em uma de suas empolgadas intervenções declara em tom de blague na eleição de Dilma em 2010 que a direita não se fazia presente como se ela estivesse extinta..
Vemos que estava bem enganado.
Acanhada desde o final da ditadura militar, passa pela primeira vez desde então a não só ter voz, falando bem alto, mas a ter receptividade demonstrada pela eleição com votações expressivas de Bolsonaro no Rio, Feliciano em São Paulo e Heinze no Rio Grande do Sul, entre outros, candidatos aberta e assumidamente de direita..
Com o apoio manifestado por esta corrrente a Aécio, o resultado das urnas vai determinar o espaço que vai ter, inclusive, no governo.
A vitória de Dilma neste aspecto estancaria este avanço
Já com Aécio certamente iria cobrar seu apoio tendo o candidato, aliás, previamente já aderido a uma das bandeiras da direita, a redução da maioridade penal.
A campanha pelas redes sociais demonstra ter importância cada vez maior no processo.
E pode-se observar facilmente, pelas intervenções, o tipo de pensamento que dá sustentação ao pensamento de esquerda e de direita.
Qualquer estudante de segundo grau instado a realizar um trabalho escolar de pesquisa poderia distinguir , pela forma das intervenções, o que caracteriza cada um.
Sobretudo pelo tom de agressividade e de negação a aprofundar a relação teórica e histórica dos diferentes temas.
Ou seja, o pensamento de direita que parece ter assomado na política brasileira não seria o pensamento clássico dos teóricos liberais mas a sua versão de enfrentamento, que privilegia a violência e o confronto direto, ou seja, o primado da força.
A reboque desta tendência vem a propaganda de ódio claramente presente em inúmeros momentos.
Nesta discussão entendo,ainda, que dois pontos merecem destaque., a evolução da participação de Marina Silva e do PSB.
Marina Silva tinha saído da eleição anterior em 2010 com mais de 20 milhões de votos e sua isenção no segundo turno naquela ocasião, com a aura de ser uma candidata alternativa, a credenciavam como uma promissora liderança.
Desta vez prejudicada pela impossibilidade formal de registrar seu partido, candidata-se como vice de Campos e , com a morte deste, torna-se candidata à presidência.
Galgada, num primeiro momento, à condição de virtual vencedora vai, pouco a pouco, tudo indica pela forma vacilante como se comporta, perdendo esta condição até ficar longe de concorrer ao segundo turno.
Culmina com aderir à campanha de Aécio depois de ter manifestado, publicamente, que não lhe daria apoio.
Se Aécio vencer terá, certamente, um espaço dentro do governo, um ministério a princípio.
Caso contrário fica sozinha para tentar retomar sua carreira política.
De qualquer modo já sem a aura que mantinha.
O outro caso, do PSB, tem pontos em comum,
Apostando numa candidatura própria com Eduardo Campos, liderança com inegável potencial político, vê-se , de uma hora para outra, tendo que decidir o que fazer na sua ausência.
Opta, por influência em grande parte,queremos crer, de Beto Albuquerque, por apostar em Marina mesmo não sendo ela do partido já que sua filiação foi uma formalidade.
A outra alternativa, apoiar o PT foi rechaçada ainda que com importantes dissidências dentro do partido.
Do mesmo que com Marina o resultado das urnas pode determinar se tem um espaço que se supõe substancial no governo, no caso da vitória de Aécio ou, com sua derrota, ao contrário, volta a um estágio de protagonismo político de relevância menor do que tinha até então.
Uma derrota do PT, já afetado por resultados regionais como, por exemplo, as dificuldades que se apresentam no Rio Grande do Sul na eleição para governador e a derrota na eleição para o senado, pode encaminhar para algum tipo de reformulação interna.
Isto seria até positivo pois esta reformulação estaria se mostrando necessária.
De qualquer modo um segundo mandato de Dilma significaria, também, dar continuidade e, supõe-se, aprofundamento a políticas que tem se demonstrado, dentro do possível, positivas.
Pelo menos, embora quase todas tenham sido atacadas durante o mandato de Dilma, nenhum candidato, especialmente Aécio, declarou que as extinguiria ,
Em tempo: ao terminar de escrever este texto supunha que seria respeitado aos brasileiros o direito, no recolhimento de seus pensamentos, de processar o volume de informações recebidas durante a campanha eleitoral. No entanto, novamente a Rede Globo de forma aviltante para a inteligência do país, aproveita para explorar matéria da revista Veja fazendo, literalmente, terrorismo de imprensa.
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