Manoel Magalhães |
P.R.Baptista
Pelotas deve estar se tornando uma grande metrópole.
Conhecia Manoel Magalhães há vários anos mas apenas recentemente acabei tendo oportunidade de conhecer melhor a pessoa e o escritor.
E tanto a pessoa como o escritor deixaram-me uma impressão inteiramente favoráveis, a pessoa pela simplicidade, o escritor pela qualidade dos textos.
Indagando-lhe sobre sua relação com a literatura repassou-me um comentário que transcrevo.
“Oi... Vamos tentar...
Quis ser escritor mesmo sem saber que desejava isso. Lembro-me de garoto, na praia, dando uma de Anchieta.
Minha mãe, sempre curiosa acerca do que seus filhos faziam, indagava: estás fazendo o quê: Eu, distraído:
- Escrevendo, mãe.
Pois é... Eu já escrevia mesmo sem saber que o fazia. Quando tinha 18 anos, disse a mim mesmo: vou ser jornalista.
Enveredei redação adentro do Diário, parando na frente de Irajá Nunes, que me olhou de cima abaixo.
Disse a ele:
- Quero o ser jornalista.
Ele achou curioso aquilo.
Sorriu e respondeu:
- Senta à mesa e põe um papel na máquina.
Fiz o que ele mandou...
E estou agora digitando este texto para ti...
Passaram-se 40 e tantos anos.
Dizem que revolucionei a literatura em Pelotas...
Não sei se tanto.
O fato é que “Dois Textos Marginais”, lançado em 1995, mudou a face da literatura local, que até então dava voz aos incluídos.
Minha pequena obra escancarou o gemido dos excluídos.
Tirou o véu de Maia da Princesa...
Não sou eu a afirmar isso.
Algumas críticas pontuais (entre as quais Luiz Borges Adão Monquelat e José Wolfgang Montes Vanucci, escritor boliviano radicado em Pelotas, entre outros), dizem isso.
Meu primeiro livro, entretanto, foi Guerra Silenciosa, contando a desventura de Pedro Osório com a grande enchente de 1992.
Não o considero muito.
Mas filho é filho, ora bolas! Devo respeitá-lo.
Depois veio “O abismo na gaveta” (1999), romantizando o poeta marginal Lobo da Costa; O homem que brigava com Deus (2002); Vampiros (2008) e por último Senhora do Amor (2013), narrando as peripécias amorosas de Aldo Locatelli, nos anos 50, em Pelotas.
Não são muitos livros, mas, confesso, contém histórias significativas, as quais, como “Dois Textos Marginais”, evocam as sombras da cidade; seus vãos e desvãos; de alguma forma escancarando o lixo humano.
Enveredei algum tempo pelo teatro também, ganhando o Prêmio João Simões Lopes Neto, com a peça "Ah, esses personagens, ou comédia absurda", na linha de Ionesco e cia. “
Avaliamos que o trabalho literário de Manoel Magalhães ainda está à espera de uma divulgação e um reconhecimento mais amplo tanto em Pelotas quanto fora.
Em Pelotas talvez haja que superar a dificuldade de tirar o foco do que se produz noutros centros esquecendo o que se tem aqui.
Fora de Pelotas surge a dificuldade de todo escritor de levar sua obra com tiragens pequenas e sem estruturas de divulgação e distribuição bem montadas.
Cabe lembrar que os livros de Manoel são publicados pela Livraria Mundial que, tradicionalmente, tem mantido uma importante relação com os escritores locais.
Mas, além, da produção textual, Manoel ainda tem incursões no gênero cinematográfico (roteiros), sendo que alguns foram filmados (a maioria fora de Pelotas) e ainda pela pintura desenvolvendo um rico trabalho no gênero naïf ao qual se refere como “crônicas visuais” nas quais se propõe a narrar aspectos de “nossa Princesa sonolenta”
Por fim, last but not least, Manoel envereda pelo universo da internet criando o blog Cultive-Ler que se sobressai pela qualidade da proposta mantendo um contínuo fluxo de postagens tratando de assuntos diversos como política, filosofia e, inclusive, esporte ( é torcedor áureo-cerúleo), sempre mantendo a qualidade e um foco bem especial na literatura.
Mais informações sobre o escritor
Jornalista (journalist), escritor (writer) e pintor (painter), editor do Portal Cultiveler.com e dublê de fotógrafo (photographer) e produtor cultural. Seis livros publicados: Guerra Silenciosa – livro-reportagem; Dois Textos Marginais – contos; O Abismo na Gaveta – romance; O Homem que Brigava com Deus – romance; Vampiros - romance; Senhora do amor - romance. Também escreve para teatro e cinema. Em 1982 ganhou o Prêmio João Simões Lopes Neto – gênero teatro, e em 2005, no mesmo Prêmio – gênero contos, foi finalista com o conto A Mosca, publicado na antologia de Contos João Simões Lopes Neto. Como jornalista trabalhou no Diário Popular, Pelotas; no Diário Catarinense, Florianópolis; e Correio Braziliense, Brasília.
Editor do portal http://www.cultive-ler.com/
manoelsmagalhaes@gmail.com
https://twitter.com/ManoelMagalhes
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