sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A "lenda" do Negrinho do Pastoreio


ANTONIO ERNANI PINTO SILVA FILHO

A "lenda" do Negrinho do Pastoreio, cuja autoria é atribuída ao pelotense João Simões Lopes Neto, adquiriu, com o tempo, características de "mito". Conforme acentua o meu Professor Doutor Rogério Rosa, um antropólogo mitólogo, há diferentes versões dessa narrativa, como, por exemplo, as de “O negrinho do pastoreio”, “Negrito del pastoreo” e “el Quemadito” (ROSA, R. R. G. A relação afro-ameríndia entre o Negrinho do Pastoreio e o Saci Pererê na mitologia. Antares: Letras e Humanidades. vol.5, n°10, jul-dez 2013.
O mito é definido, ainda por Rosa, como narrativas que indicam a origem, o devir, a eternidade, as trocas simétricas e assimétricas, o processo de comunicação e mobilidade de humanos, não-humanos (espíritos, deuses, divindades, almas) e sobre-humanos (xamãs, curandores, heróis mitológicos, mães-de-santo) em um dado território (idem, ibidem).
Ao antropólogo não cabe investigar sobre a veracidade ou não do mito, mas de como ele se insere na cultura de uma comunidade humana, o que representa, qual o seu papel, assim como, ao antropólogo da religião, não cabe indagar se Deus existe ou qual o Deus verdadeiro.
É interessante perceber a forma como a narrativa de um autor, muitas vezes da sua exclusiva criação, desprende-se das páginas do livro e vai até a mente das pessoas e se transforma num mito.
Para ilustração selecionamos quatro lindas representações do Negrinho do Pastoreio, a primeira das quais em Pelotas, em cidades gaúchas.




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