terça-feira, 23 de setembro de 2014

O uso da energia no setor de transportes no Brasil

Prof. Lúcio Hecktheuer

O tema Energia, abordado em sua forma mais ampla, não pode ser tratado isoladamente visto que a energia está presente em todos os processos em que estamos inseridos. Neste artigo abordaremos o tema Energia nos modais de transporte fazendo um breve paralelo entre eles. Para tanto, algumas considerações iniciais devem ser feitas.
A matriz energética brasileira tem a participação de 42,4% de fontes renováveis enquanto que a mundial tem apenas 13,2%. No Brasil, conforme pode ser observado na figura abaixo, o segundo setor produtivo que mais consome energia ao longo dos anos é o de transporte (31,3%), perdendo apenas para o setor industrial (35,1%).



 Extratificando o consumo de energia do setor de transportes temos: 59% da energia é consumida pelo modal rodoviário; 24% pelo ferroviário; 13% pelo aquaviário; 4% pelo aéreo e dutoviário.



No ano de 2012 a maior parcela do consumo de energéticos no setor transportes foi de óleo diesel, 48,1%, atingindo 38,1 Mtep (tep = tonelada equivalente de petróleo), de um total 79,3 Mtep. Na segunda posição, a gasolina com 30,98%, atingindo 24,6 Mtep. Esses dois combustíveis contribuem, juntos, com 79% da energia no setor transportes. Se a eles acrescentarmos os percentuais dos outros combustíveis oriundos de fontes não renováveis, temos um percentual de 87% ou, com outras palavras, a energia consumida no setor de transportes tem um percentual de apenas 13% oriundo de fontes renováveis.


No Brasil, 61% do transporte de cargas se dá através de caminhões mas, como sabemos, existem outros modais que podemos utilizar, com vantagens e desvantagem, entre elas citamos algumas:
a)     1 litro de combustível movimenta uma tonelada de carga por 220 km em uma hidrovia; 85 km em ferrovia e em uma rodovia somente 25 km ou em outras palavras: na hidrovia precisamos de 4 litros para transportar 1 ton/1.000 km, 6 litros na ferrovia e 15 litros na rodovia.
b)    Nas hidrovias e ferrovias os acidentes são em número muito menor. Para cada 1 acidente em hidrovias temos 2.171 acidentes com feridos em rodovias.
c)     O transporte de uma tonelada de carga por rodovia emite 3 vezes mais CO2 para a atmosfera; em relação a ferrovia é 2,1 vezes mais.
d)    O custo de construção e manutenção de uma hidrovia é muitíssimo menor que o de uma rodovia e ferrovia.
Com as colocações acima, fica obvio que precisamos rever a maneira de transportarmos cargas e outros bens no Brasil, intensificando o uso dos modais hidro e ferroviário que poderão virem a ser viáveis tecnicamente e economicamente. Quando se fala da viabilidade técnica estamos nos referindo aos rios que permitem navegação de carga e extensas regiões planas onde o transporte ferroviário é facilitado. Falta ainda a implantação de infraestrutura e logística que viabilize a utilização desses outros modais.
Por fim, não podemos esquecer que o modal rodoviário emprega, de forma direta e indireta uma quantidade muito grande de trabalhadores. A simples substituição de um modal para outro não pode causar desemprego em massa. Para tanto faz-se necessário estudos e disponibilização de capacitação dos trabalhadores para que os mesmos se adaptem às novas atividades profissionais.
Sabe-se que a mudança é sempre traumática para muitos mas não podemos nos acomodarmos e fazer de conta que tudo está bem. Vamos começar, realmente, a pensar no assunto de forma séria e racional.
A foto registra os modais rodoviário, aquaviário e ferroviário os quais, entendo, devem atuar de forma simultânea, um complementando o outro.

 Boas reflexões com as colocações acima.

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