Depois de muito tempo retorno ao Conservatório de Pelotas.
Ainda adolescente cheguei a estudar piano mas, como não tinha piano, tinha que andar em busca onde estudar.
De qualquer forma foi com uma certa dose de nostalgia que retornei ao Conservatório que, agora, tem entrada espaçosa e com elevador.
O restante permanece igual.
A oportunidade me foi dada pelo Recital para Amigas e Amigos da Virginia Mello Alves. É interessante lembrar que a conheço como professora de Física, minha colega de disciplina no IFSul. E é dela o interessante relato a seguir.
Minha mãe queria ter aprendido a tocar piano e colocou os cinco filhos a estudar esse instrumento maravilhoso. Tivemos aula no Instituto Musical Americano, com a professora Erica Rosado Gobbato, a partir dos 4 anos de idade até, no meu caso, os 11 anos.
Também estudei teoria musical na Escolinha da OSPA e, mais tarde, no Coral da UFRGS. Ainda na juventude, antes de ingressar na universidade, cantei num grupo de música popular chamado Tua Voz. Fizemos show no Teatro do IPE em Porto Alegre. Também participei, tocando piano (única vez), em outro grupo de música popular no MUSIPUC, e nossa música, Chuva Fria, ficou em terceiro lugar no festival.
Entrei na universidade, casei, fui trabalhar na ETFPel e, depois, na UFPel (onde trabalho até hoje), tive uma filha, e minha vida tomou rumos que me afastaram da música. Há cerca de dez anos, ganhei um piano digital de minha família como presente de aniversário e voltei a tocar piano. Foi uma experiência incrível pois, ao tocar as partituras que tinha guardado, a execução voltou como acontece quando se volta a andar de bicicleta. Gosto de usar essa analogia.
Quando nos mudamos para uma casa onde o piano pôde ter o seu lugar, passei a tocar mais regularmente. Mas foi durante a pandemia que intensifiquei a minha dedicação ao piano. Ele foi muito importante tanto para mim, como forma de preservação de minha saúde mental. Percebi que meus animais também apreciavam. E comecei a enviar videos para amigos que estavam passando por depressões ou mal-estar em função do confinamento e até mesmo como presente de aniversário. Passei a tocar diariamente e a perceber a evolução da execução.
Naturalmente os vídeos deram lugar a lives, quando eu ia praticar. E essa prática mostrou que, na realidade, havia ali uma troca: as pessoas gostando de ouvir música ao mesmo tempo que me estimulavam a tocar melhor para elas. E assim se manteve após a pandemia. Várias amigas e amigos acompanham há mais tempo as minhas lives e podem perceber essa minha evolução. Para mim (e meus pets) continua sendo um importante meio de presevação de saúde mental..
Então agora senti que estava pronta para oferecer uma versão presencial dessa atividade tão prazerosa e tive o apoio da Reitoria, do Centro de Artes e também do Teatro Sete de Abril para que este Recital acontecesse. Contei com o auxílio do ex-aluno Eugênio Bassi na escolha do repertório:
No primeiro bloco, executarei algumas músicas clássicas (algumas eu já tocava quando estudava) e, depois, algumas músicas populares que descobri nesse período mais recente.
Dediquei todo o segundo bloco para executar uma seleção de músicas de um compositor que conheci por sugestão de um aluno da universidade, o Ludovico Einaudi. Simplesmente amei as suas composições, me emocionam e passaram a me acompanhar mesmo sem eu executá-las. Sou muito grata ao apoio institucional, ao apoio das amigas e dos amigos e espero que o evento seja muito especial para todos.
Certamente para mim será!