quinta-feira, 5 de maio de 2016

TRAGÉDIA SHAKESPERIANA - P.R.BAPTISTA

Assim que os historiadores se dispuserem a analisar com maior profundidade o momento político brasileiro, quero crer que vão apontar a existência de um golpe, ou seja, a quebra da normalidade institucional.
O fato novo, considerando a longa lista de movimentos golpistas ao longo da história, especialmente latino-americana, é o aspecto de normalidade que se procura dar ao processo.
Mas isto, mesmo nos regimes ditatoriais e até mesmo em tribunais de exceção, incluindo os da Inquisição, teve-se, frequentemente, o cuidado de aparentar.
Avança, assim, em nosso país, um golpe político-mediático, no qual quem aceita a alegada denúncia, o presidente da Câmara, é um parlamentar processado e em vias de perder o cargo ( e seu afastamento iminente "limpa" o processo ) e o sucessor imediato da presidência , o vice-presidente, que assumiu junto com a presidente, na mesma coalizão, é um dos mentores do golpe.
Ele, por sua vez, em assumindo vai compor com os que julgaram concedendo-lhes cargos.
Tamanha tragédia tem as dimensões de um drama de Shakespeare.
Talvez fosse o caso, a partir de agora, para entender a realidade brasileira, de conhecer melhor o seu teatro

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