Diante de um contexto em que paulatinamente vão perdendo sua hegemonia econômica, política e, sobretudo, ideológica, grupos pré-abolicionistas de tendência racista, procuram ainda encontrar munição para contra-atacar e sustentar suas posições.
Vai se gerando, então, um tipo de neo-racismo que, não podendo acionar livremente a violência física ( que, não obstante, ainda aflora) e não podendo mais atacar frontalmente e humilhar negros e mestiços, entrincheiram-se em posições mais defensivas, procurando encontrar brechas e contradições nos movimentos que pregam a igualdade e a integração racial.
Mais recentemete, depois do primeiro campeão de fórmula-1 negro e de Obama se elegendo presidente dos Estados Unidos, estes grupos se vêem desprovidos, a cada dia, de alguns "argumentos" primitivos mas favoritos aos quais, acuados e à falta de outros um pouquinho menos primários, ainda se agarravam para demonstrar uma suposta inferioridade racial do negro e apelam, então, para uma espécie de terrorismo o qual, sem dúvida, é um claro indício de desespero.
É o caso do alarde feito em torno de um concurso de beleza negra. Também com relação ao emprego de camisetas com a inscrição “100 % negro”.
A arma utilizada, que se tem se tornado freqüente nestes casos, é acusar os negros de serem eles os racistas e de “segregarem” o branco.
Esquecem-se que o negro, historicamente, segregado, nunca teve outra alternativa do que criar seus próprios clubes, seus próprios espaços de convivência, seus inevitáveis "guetos".
É tipicamente um ato de fundo racista, acusar-se um grupo social de ser segregacionista quando esta é a condição que a segregação lhes deixou.
Há neste ponto uma diferença importante entre o Brasil e os Estados Unidos . Lá o negro, segregado de forma radical e impiedosa, criou suas próprias escolas, suas próprias
Universidades o que acabou se constituindo -- por força de, deste modo, terem tido acesso ao estudo que, doutra forma, não ocorreria -- no caminho que encontraram para adquirirem formação escolar.
No Brasil, como o negro nunca teve acesso aos estudos e à universidade, não chegou ainda a este patamar.
Baseado no discurso de que no Brasil não existe racismo e de que, portanto, a universidade sempre lhe esteve aberta, na prática isto representou manter o negro bem distante da formação educacional até hoje.
A acusação contra a realização de eventos exclusivos para negros mostra-se, assim, um exercício bem rudimentar de sofisma .
Propositalmente se omite que grande parte dos eventos sociais mais seletos promovidos na sociedade é, na prática, exclusiva de brancos. Ou seja "100% branco".
E que, além disto, é comum comunidades de etnias diversas como de judeus, árabes, etc.,
promoverm eventos restritos a estas etnias.
Quando uma comunidade de descendência alemã, por exemplo, promove um concurso de beleza de moças de origem germânica está realizando, obviamente, um concurso “100% branco”.
E ninguém os acusa de racistas. Mas no caso dos negros, sim.
O verdadeiro racismo deste modo se revela neste momento não mais exclusivamente por atos
integralmente explicitados ou de aberta violência, mas através de subterfúgios e de manifestações, que ocorrem até mesmo de forma inconsciente, mas conscientemente promovidos.
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