sábado, 17 de dezembro de 2022

JANJA PODE SE TORNAR UMA EVITA PERÓN? - Ela indica e veta nomes para a equipe de Lula


História por Mariana Haubert

A socióloga e futura primeira-dama, Rosângela da Silva, 56 anos, conhecida como Janja, tem participado ativamente das negociações para a montagem do 3º governo do seu marido, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 77 anos. Em ao menos 3 vezes ela influenciou na montagem de ministérios, com argumentos sobre o que considera impróprio ou que possam causar danos de imagem à futura gestão.

Janja vetou o anúncio do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) para o Ministério do Turismo. Ele foi indicado pelo seu partido, que já dava como certa a escolha. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), tentam agora reverter a situação.

O motivo foi o histórico de agressões de Pedro Paulo contra sua ex-mulher Alexandra Marcondes Carvalho Teixeira. Em 2015, as revistas Época e Veja revelaram que o congressista havia agredido a então companheira mais de uma vez. O registro policial, segundo as reportagens, era de 2008.

Alexandra Teixeira disse em depoimento registrado na 1ª queixa, de 26 de dezembro de 2008, que ela e o então marido discutiram dentro do carro. Pedro Paulo a teria xingado e dado socos em seu corpo e rosto.

Na época em que o caso foi revelado, Pedro Paulo e Alexandra deram entrevistas. Ela defendeu o ex-marido ao dizer que ele nunca havia sido um “cara agressivo”. Ele, por sua vez, disse que havia sido um “episódio único” e que não tinha atitudes de violência.

No mesmo dia, porém, ele admitiu ter agredido Alexandra outra vez, em 2010. Disse ter cometido um erro porque ela havia descoberto uma traição. Pedro Paulo é hoje casado com a atriz Tatiana Infante.

Janja também atuou para emplacar um aliado na secretaria executiva do Ministério da Cultura. A cantora Margareth Menezes, que assumirá o comando da pasta, queria ter como secretário-executivo o ex-presidente da Fundação Palmares Zulu Araújo. Porém, o cargo ficara´com o secretário nacional de cultura do PT, Márcio Tavares.

Como também contou com o apoio de Janja na sua escolha, Menezes aceitou o pedido. De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, Zulu deverá ser o chefe de gabinete da futura ministra.

Janja também tenta emplacar uma amiga com quem trabalhou na Itaipu Binacional para o Ministério da Mulher. Trata-se da professora paranaense e ex-diretora da estatal Maria Helena Guarezi, que foi coordenadora do Programa de Incentivo à Equidade de Gênero na empresa.

Lula delegou a Janja a escolha do nome para a pasta. A sinalização de uma possível indicação de Guarezi, no entanto, desagradou ao PT, que não a considera como representante de movimentos de mulheres ou movimentos sociais.

Procurada, a assessoria da futura primeira-dama disse ao Poder360 que quem define os indicados para ministérios é o presidente eleito, e não a futura primeira-dama.

A influência de Janja sobre as decisões de Lula é relatada por aliados desde a pré-campanha eleitoral. No início, houve estranhamento e reclamações. Segundo o Poder360 apurou, no entanto, ela ganhou espaço e respeito no partido. Suas opiniões também são muito consideradas por Lula.

Na 3ª feira (13.dez.2022), por exemplo, o ex-ministro e futuro presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que “pela 1ª vez na história, tivemos uma primeira-dama tão participativa”. Em evento de encerramento dos trabalhos do governo de transição, disse que a futura primeira-dama foi “uma militante fundamental em todo o processo”.

Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, em 13 de novembro, Janja disse não se incomodar com as críticas ao seu “jeito atuante” na campanha eleitoral.

“Sinceramente, não me incomodei com isso. Porque a opinião que importava para mim nesse momento da campanha era do meu marido. Se era importante para ele eu estar fazendo algumas coisas e estar do lado dele. E eu trouxe para mim esse papel de cuidar mesmo dele, de preservá-lo, até de segurança”, disse Janja na época.

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