sábado, 26 de fevereiro de 2022

RETALHOS DE UMA PAIXÃO - Victor Hugo Lautenschlager

 

O Vinicius Sinott diz "Olhar Para Frente". Confesso que depois do vexame que assisti no jogo em Vacaria, eu não consigo olhar para esse horizonte e me vislumbrar num futuro promissor. Fazer isso é sofrer antecipado. Nossa rotina de torcedor xavante tem sido massacrante. Ao apito do juiz no ponta pé inicial da partida já começa a acelerar e descompassar o coração do sofrido torcedor rubro negro. Sabemos por antecedência que é o apito do alerta avisando que serão mais noventa minutos de agonia profunda. Para nós, há muito, não existe jogo fácil, exceção ao do Guarani de Bagé que veio, além de desfalcado, abalado pelo surto de Covid que acometera seus profissionais. Afora tanta angústia, tem aquele dito que o jogo só termina quando o juiz dá o apito final. Aí que mora o perigo. Nosso time sofre do mal do "depois dos 40". Por ter um ataque incompetente, que não sabe definir a jogada em gol e por isso, "a pau e corda", consegue marcar, vez que outra, um golinho durante 80 minutos, entrega a rapadura quando os ponteiros ultrapassam esse tempo. Nosso time é instável. Não tem identidade. Não sabe aproveitar as chances de gol e se deixa vazar querendo fazer firula quando é hora de chutar a bola pro mato. Afinal, o que está motivando tal inconsistência dentro das quatro linhas? A jovem diretoria já mostrou competência e muita vontade de trabalhar. A torcida abraça o time com a paixão avassaladora de sempre. Os jogadores são de nível acima do que tínhamos no rebaixamento. E o técnico e sua plataforma de trabalho, seria ele a peça desajustada no conjunto da obra? Voltando as vacarias, ou melhor, as vacas magras, eu, torcedor que tantas loucuras feitas para não perder um jogo na Baixada, digo que minha preocupação começou quando o raio da bolinha definiu o Glória como adversário. Sabia que seria pedreira, coisas que essa turma nova que dirige o clube, o treinador, os atletas e o raio que o parta não sabiam. Não deu outra: faltou usarem as sandálias da humildade. Acho que se tivesse alguém da diretoria do tempo que chamavam de encarnado o vermelho da nossa cor, a história seria outra. A jornada continua. Chazinho de camomila, medidor de pressão à mão e no peito a mesma fé, o mesmo orgulho e a mesma paixão.

Vitor Hugo Lautenschläger é administrador do grupo XAVANTE - RETALHOS DE UMA PAIXÃO existente desde 24 de fevereiro de 2015 e que conta com quase 2000 membros. 

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