O governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) abriu ontem a consulta pública para o futuro edital de concessão de uso de áreas da Lagoa dos Patos.
O objetivo seria implantar aerogeradores de energia elétrica (parque eólico)
Em tese a proposta permitiria oferecer soluções de médio e longo prazo para a geração de energia renovável e limpa.
Cabe salientar que a proposta, neste momento, é apenas especulativa dependendo para sua implementação de superar várias etapas que atentem não só para aspectos que possam ser de interesse imediatamente economicos mas, de forma muito importante, para as implicações ambientais.
O futuro da
implantação de novos parques eólicos no Rio Grande do Sul
Dentre os principais parques eólicos no Brasil temos o Parque Eólico Giribatu localizado em Santa Vitória do Palmar (RS) com uma potência instalada de 258 MW; o Complexo Eólico do Alto do Sertão I localizado em Caetité, Guanambi e Igaporã (BA) com capacidade instalada de 293,6 MW e o de Osório (RS) com capacidade instalada de 300 MW.
Nesse contexto
de geração de energia elétrica o Estado do Rio Grande do Sul, através da sua
Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SEMA) está abrindo audiência
pública para futuro processo de licitação de concessão da Laguna dos Patos para
fins de geração de energia elétrica através de parques eólicos offshore. A SEME
espera que, em fevereiro próximo, o processo licitatório já esteja ocorrendo.
Quanto a esse
processo de concessão, cabe alguns questionamentos:
a) Qual
o potencial eólico da Laguna dos Patos?
Segundo o
Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, editado em 2014, o potencial eólico da Laguna
dos Patos, com uma área de 9.427 km2, é de 24,5 GW. Para a elaboração do Atlas
foram realizadas medições de ventos em 70 localidades do Estado com um período
médio de medição de 2 anos mas nenhuma torre de medição foi instalada offshore
na Laguna dos Patos o que adia a instalação de parques eólicos nesta laguna por
3 anos devido a exigências da ANEEL de medição de vento no local de instalação
dos parques.
b) Onde existem redes de transmissão próximas da Laguna dos Patos para futuras conexões dos Parques eólicos a serem instalados?
A maior partes das redes de transmissão existentes perto da Laguna dos Patos estão localizadas no lado oeste. Essas redes poderão ser utilizadas para a conexão dos parques no sistema nacional de energia elétrica.
c) Quais
os impactos ambientais que poderão advir com a implantação de parques eólicos
na Laguna e como podemos mitigá-los. O principal impacto é uma possível
mortandade de pássaros mas esse fato deve ser melhor estudado e pesquisado a
fim de quantifica-lo com maior acuracidade.
d) Parques
eólicos offshore têm suas instalações e manutenção necessitando mais cuidados e
gastos que os onshore.
e) Quais
os custos de manutenção, operação e conexão na rede dos parques eólicos
offshore? Com certeza são maiores que nos onshore.
f) Quais
as fontes de financiamento e condições serão oferecidas para a implantação
desses parques eólicos pela iniciativa privada ?
g) Por
que parque eólicos offshore na Laguna dos Patos? Porque o bem do Estado a ser
concedido é a Laguna e não as terras que a margeiam. Daí a concessão para a
implantação das turbinas em água.
h) Quais
os benefícios da implantação de parques eólicos na Laguna? Incrementar
atividades econômicas nas proximidades da Laguna. Hoje, nessa região, quase não
existe atividade econômica. Além disso, o Estado contará com um acréscimo de
geração de energia elétrica proveniente de uma fonte limpa que é a eólica,
diversificando assim a matriz energética.
i) Quais
as vantagens de parques eólicos offshore em relação aos instalados em terra
(onshore) ? Os parques offshore possibilitam, com um mesmo equipamento, gerar
até 30% mais energia elétrica que os instalados em terra em função da não
incidência de obstáculos e regime de ventos em alto mar. Normalmente esses
parques offshore são instalados em oceanos distantes das margens.
j) Quais
as desvantagens de parques eólicos offshore em relação aos instalados em terra
(onshore) ? Os custos de instalação, conexão a redes de energia, operação e
manutenção mais elevados.
(*) Doutor em Energias Renováveis - UFRGS , Professor do IFSul, Campus Pelotas
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