segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020
UM DIA NA COLÔNIA MACIEL - Maria Clara Michels Pinho
Pense em um dia quente. Não tórrido, não de desesperar, mas quente. Sol alto brilhando, raios luminosos reverberando no verde aumentando a sensação de calor, a garganta fechando, seca, já com uma certa irritação...
E aí chega aquela cervejinha gelada, num copo alto, suado, as gotas escorrendo, frescas ao toque... Uma transparência linda, a cor vibrante... Tão clara, tão pura... E os " oh! " e "ahhhh" se repetem, os sorrisos aparecem, os brindes festejam o dia, as companhias, o sol, o verde, a vida...
Num banco rústico, sentados pelo chão, no balanço que lembra a infância, sob uma imensa, bela, centenária figueira, cercados de árvores, plantas, flores, vamos esquecendo o calor e lembrando de coisas que se perderam no tempo, que fulgem na memória... Tanta coisa bonita, tanta recordação imprecisa que volta... Tempo de frequentes passeios pelo mato, por rios e cachoeiras, família grande reunida... Tempo em que nos banhávamos em arroios, colhíamos frutas no pé, andávamos a cavalo, com mães e país reclamando da nossa selvageria, dos pés sujos de terra, da gritaria quase indomável.E subíamos em árvores, em pedras do arroio, nos perdíamos em fugas pelo meio de bosques e plantações,com os pés tateando pedras, areia, folhas, insetos, bichinhos e os olhos iluminados... Nossa infância, nossa juventude ainda tem esse cheiro de mato e aqui fica fácil lembrar delas.
Pois a cerveja é gostosa, escorre suave e nos leva a um riso feliz e a novos caminhos e descobertas.
Com o verde à volta, estamos na Vinhos João Bento, ainda no Quilombo, 8o. distrito de Pelotas, Rincão da Cruz, na estrada da Colônia Maciel, onde se produz vinho e cerveja, sucos e onde um interessante museu nos mostra os primórdios da fabricação de vinhos no local, além dos costumes da época. E podemos visitar a área de fabrico e todas as cercanias.
Finalmente, voltamos para casa, pelas saltitantes estradinhas de terra.Cansados mas felizes. Como não poderia deixar de ser, pelo menos alguns sucos voltam comigo. Pudera eu trazer o mato, os arroios e as cachoeiras junto! Assim como as lembranças que vieram e agora ainda ficam num cantinho reservado , naquele lugarzinho onde se guarda o que foi belo,o que marcou, o que nos encheu de risos e sonhos.O que faz a vida valer a pena.
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