Rosana Pinheiro-Machado, Tatiana Roque
The Intercept
Mas a repercussão do caso seguiu um caminho curioso. À medida que o vídeo viralizava, como um respiro estético no deserto de boas notícias no qual estamos, o escrutínio e a reação contrária à figura política de Tabata cresciam quase na mesma velocidade. Não houve sossego até que sua “verdadeira identidade” fosse exposta e sua carteirinha de esquerda, cassada. Com ares de uma grande descoberta, postagens faziam revelações de que ela seria liberal e apoiaria a reforma da previdência. Outros internautas – estimulando inconsciente e indiretamente mais uma competição entre mulheres – questionaram por que outras deputadas federais de partidos de oposição, que fizeram intervenções igualmente boas, não conseguiram a mesma repercussão.
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Compor o campo progressista é se revoltar contra as injustiças, não aceitar um mundo com tantas desigualdades, lutar pela transformação radical da distribuição de riquezas – tudo isso com recorte de raça, gênero e respeito aos direitos humanos. A partir daí, existem diversas possibilidades, inclusive perguntas que não sabemos responder. Qual a melhor estratégia para avançar? Quais táticas podem ser mais efetivas a cada momento? Quem são aliados potenciais nesse contexto? Quais países no mundo nos servem de exemplo?
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Precisamos resgatar nossa capacidade de articular um novo pacto social.
Ao invés de debater isso a fundo entre pessoas que pensam diferente, estamos disputando o ranking de esquerda para exibir nas redes sociais. Parece suficiente se demarcar e ter a última palavra, aquela que encerra o debate. Mesmo lideranças dos partidos de esquerda têm usado essa tática, no momento em que precisamos de argumentos embasados e projetos de governo, evitando enfatizar apenas o lado defensivo de nossas propostas — como disse Tatiana Roque em entrevista recente ao jornal El País. O principal, no cenário em que vivemos, é conseguir dialogar para fora da bolha.
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