quarta-feira, 5 de outubro de 2016

DIÁRIO POPULAR, CANTANHÊDE E O GOLPE - P.R.Baptista

O Julgamento de Galileu
Conheço um círculo de pessoas, bem informadas, esclarecidas politicamente que, frequentemente, comentam e, ao que parece, gostam de comentar, que não leem o Diário Popular nem assistem a Rede Globo.
Eu ainda conservo o hábito de abrir o DP, que me chega mais ou menos no horário em que estou desperto e que pego assim que o entregador o deixa sob a porta.
Algumas vezes, inclusive, pego quase diretamente das mãos dele pois, quando está passando por um lado da porta eu estou quase pegando do outro.    
Tenho argumentado com as pessoas desse círculo que o DP é uma empresa privada, com acionistas, diretores, etc., e que possui, como todo bom jornal deve possuir, uma linha editorial.
Esta linha, ninguém desconhece, pela própria história do jornal, é conservadora, politicamente alinhada com um pensamento de centro-direita.
Esparsamente abre espaço para opiniões que se afastem desse eixo procurando, talvez, mostrar-se mais democrática.
Tenho argumentado, também, que os que discordam da linha do jornal já poderiam, há muito tempo, terem se proposto a criar um outro, talvez semanal, para dar vazão às suas idéias.
Atualmente produzir um jornal tornou-se uma atividade bem mais simples do que há tempos atrás.
Além disso resta a internet que, rapidamente, vai ganhando a preferência de muitas pessoas.
Resumindo diria que, se há algo a ser superado, não é o DP que, aliás, diga-se de passagem, emprega muitos profissionais de jornalismo e fotografia, mas , talvez isso sim, a falta de outros jornais com linhas editorias diferentes.
Por outro lado, no entanto, é óbvio que o DP carrega nas tintas em algumas coisas.
Uma delas foi a capa com a cabeça do ex-presidente Lula, como se decapitado.
Um episódio negro da história do jornal.
Mas, nesse momento, diria que nada se compara ao espaço reservado para Eliane Cantanhede.
Em seu artigo de hoje (5 de outubro, p.5) dedica-se a demonstrar, como uma pregadora fundamentalista, que não houve golpe já que, a seu ver, as eleições recentes teriam como diz, "enterrado" essa interpretação.
Talvez a colunista pudesse considerar a hipótese, em meio às suas elucubrações para sustentar que o Sol gira em torno da Terra como queriam os juízes de Galileu, que o resultado das eleições justamente reforça a existência do golpe pela carga midiática, com a Rede Globo liderando, imposta aos eleitores.
Por um momento lembrou-me aqueles que defendem não ter havido tortura no Brasil.
Só posso, nesse momento, recomendar a leitura do tal artigo por mais que , a meu ver, ele pouco colabore para o entendimento do momento político brasileiro, mas serve como um exercício de paciência e de se ter noção do que é mau jornalismo e, sobretudo, como uma aula da forma como a mídia reacionária  bombardeia a mente do brasileiro.

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