Neste momento escreve um romance no qual a riqueza das pedras da cidade são um elemento central.
E se agrega, com sua visão e sua sensibilidade , à defesa da preservação deste patrimônio de Pelotas ameaçado, cada vez mais, pelo asfaltamento
As pedras, juntas, formam uma base onde todas se unem para uma finalidade. Não sendo somente somente paralelepípedos, são diferentes na forma mas não na essência. O arruamento é irregular, fazendo com que se transite com mais vagar. É como se as pedras conspirassem para que as pessoas se encontrem e tenham mais tempo para conversar.
Natércia ama essas ruas de pedras! Quando passa uma carroça o cloc, cloc dos cascos dos cavalos fica ressoando, ressoando, até desaparecer ao longe. E ela fica ali, na assimetria desses caminhos de pedras, como que também se reportando à aassimetria do interlúdio de água e céu da costa doce.
Perdida neste devaneio não nota que alguém se aproxima na calçada estreita. E são novamente dois olhos castanhos que a fitam.
“Lembras de mim?” Egon pergunta. “Lembro sim, foi no baile do Clube Hervalense,,,” E a mesma onda de calor a invade.”Tenho encontrado com os guris da tua casa. Vocês moram por aqui, não é?” “Sim, na esquina. Vês a casa de sobrado? É lá.” E mais não disse pois a timidez impediu.
“Eu te estava observando” continuou Egon. “Olhavas para as pedras do calçamento com tanto carinho! Eu sou originário da zona rural, sem ruas de pedras mas com muito chão de terra e muita vida. Conheces a Colonia das Coxilhas?” “Conheço sim”, disse Natércia, “é de lá que vem nossa manteiga”. “Provavelmente de nossa propriedade. Minha família possui um laticínio. Coisas de quem tem origem alemã. Bem, já vou indo, preciso fechar alguns negócios. Até uma próxima vez”. Até, então”, e Natércia fica acompanhando a partida dos louros cabelos de Egon."
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