"As pessoas estao cansadas de se relacionar com o serviço público, estão muito justamente ressabiadas com o loteamento fisiológico das estruturas públicas e ficam meio vulneráveis a essa simplificação grosseira que diz que é melhor até dar as estatais de graça porque isso será bom para o país. Isso é uma mentira. A Oi acabou de quebrar. Sabe onde ela espetou os R$ 65 bilhões de prejuízo? Na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil e no BNDES. Há 10 anos, quando ela lucrava, era para os bancos privados que se financiava. Eu pergunto: a Odebrecht, a JBS e Andrade Gutierrez são estatais?"
Na sequência, o ex-ministro projetou que o país chegará às vésperas do pleito de 2018 com a dívida pública correspondendo a praticamente 100% do PIB, e emendou: "é véspera de colapso." Ciro criticou o "esquerdismo infantil" do ex-presidente e, por enquanto, adversário na corrida de 2018, Luiz Inácio Lula da Silva. Afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) "emasculou" a presença do RS e de Minas Gerais no cenário nacional quando promoveu a renegociação das dívidas dos estados e considerou que, no caso do RS, o Palácio Piratini virou uma "usina de destruição de lideranças". "O acordo foi um torniquete que, no RS, é agravado por algumas peculiaridades: aqui o custo dos aposentados é superior ao dos servidores ativos, o Ministério Público custa mais caro do que a média brasileira e o Judiciário também. Isso faz com que o ajuste seja sempre sobre uma fatia muito pequena do orçamento."
O pedetista informou que seu programa inclui a consolidação das dívidas dos estados, um novo sistema tributário, um novo desenho previdenciário e uma reforma política, e enumerou três propostas com alto potencial de polêmica. "Quero levantar o limite constitucional do imposto sobre heranças, que hoje é 8%, criar uma CPMF com alíquota de 0,38%, sendo 0,20% vinculado ao abatimento da dívida e 0,18% partilhados com estados e municípios, que poderão optar entre colocar na dívida ou na previdência. E vou cobrar imposto sobre lucros e dividendos. Só o Brasil e a Lituânia não cobram. Aqui cobrávamos e o FHC tirou. Não há como resolver o problema brasileiro sem algum a amargo e esse amargo pode ser concentrado em quem ganha mais."
Apesar de se dizer parlamentarista, Ciro discorda da proposta ventilada por Temer de implantar o sistema político. "Depois de Pedro II, todas as vezes em que se discutiu o parlamentarismo no país foi como golpe, que é o que está acontecendo de novo."
CORREIO DO POVO, 24/08/2017
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