terça-feira, 12 de setembro de 2017

MEMÓRIA, VOZES E VERSOS QUE ALERTAM - Carlos Cogoy

Recentemente ela foi informada que um dos livros, passou a integrar acervo de biblioteca em Angola. Trata-se de “Cicatrizes da Escravidão: da história ao silenciamento”, lançado há dois anos. A divulgação é da autora Olga Pereira, que já publicou quatro livros. Os volumes, conforme salienta, têm circulado por cidades gaúchas como Porto Alegre, Arroio Grande, Herval, Canguçu, Camaquã, Piratini, Sapucaia, Jaguarão e Bagé. No País, sua obra já chegou a Estados como Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. No exterior, menciona países como o Chile, Alemanha e Estados Unidos. Nesta terça a partir das 17h, estará autografando dois novos títulos: “Roza Gonzales – a mulher que driblou a loucura” (212 páginas); “Vozes & Versos – o dito e que ficou por dizer” (120 páginas). Os livros de Olga, excetuando “Reinterpretando silêncios” (editora Nandyala), são publicados pelo selo artesanal Um2. No coquetel de lançamento, com término previsto para 19h30min, música com Daniela Brizolara e Dena Vargas. Como local, Livraria Vanguarda situada no saguão da UCPel.
MEMÓRIA – A escritora menciona sobre o livro “Roza Gonzales”: “Era minha avó materna, gaúcha, guerreira e um dos exemplos mais lindos de alteridade e preocupação com as dores do mundo. Casada com um jovem portador de sofrimentos psíquicos, teve sua vida permeada por constantes formas de superação, luta e amor incondicional. Foi mãe de seis filhos, sendo que quatro herdaram o mesmo problema do pai. Uma família que se manteve unida, apesar de tantos cortes, idas e vindas a hospitais psiquiátricos. Um tempo difícil onde os choques elétricos, usados como forma de tratamento, doeram muito mais no coração. Afinal, essa mulher lutou contra tudo e todos pela união afetiva tão incompreendida naquela época.  Nunca se considerou, como tantas vezes a fizeram crer, como sendo apenas um rótulo de esposa e mãe de loucos. Ao contrário, foi nessa loucura ainda tão indecifrável pela própria ciência, que ela amou e foi verdadeiramente amada até seus últimos suspiros.  O enredo que nomeia a travessia de cada um de seus filhos,  é o mais lindo legado que Roza poderia ter deixado não só, para aqueles que receberam o privilégio de tê-la por perto, mas a todos e todas que,  calçando as sandálias da solidariedade, estão convidados a conhecer a trajetória dessa mulher, e mãe-leoa,  cujo coração foi acariciado e coberto com o manto da mais pura alteridade”.
Escritora Olga Pereira
VOZES & VERSOS conforme a escritora: “O livro representa apenas um olhar carente de tantos outros. São aforismos e reflexões construídos a partir do olhar mais atento sobre o que realmente está acontecendo ao nosso redor. É uma espécie de convite que nos faz retirar do outro a invisibilidade construída pela pressa. É uma parada obrigatória no travesseiro onde repousam nossas atitudes e negações diárias. Na verdade, é se autopermitir sair da linha do conforto e perceber as misérias afetivas, físicas e psicológicas e, com tais percepções tão recorrentes, perceber como ainda permanecemos seres ingratos. Deixarei aqui um dos infinitos aforismos presentes no livro: ‘O cisne negro e a bailarina cega, é uma história possível onde a dança ilumina o lago e, o toque, acaricia a alma”.
ALERTA – Além da divulgação dos seis livros, Olga profere palestras e ministra oficinas. Em outubro na FURG, coordenará a oficina “Cultura africana: protagonismo e alteridade”. A autora que, ano passado, lançou os livros “Dias em que o EGO precisou dormir mais cedo”, e “O negro no espelho: legado e oralidade”, estará autografando na Feira do Livro. A sessão de autógrafos acontecerá às 19h do dia 4 de novembro. Ela conclui: “Na verdade, independente dos temas abordados nos diferentes livros, não consigo visualizar cortes abruptos, pois todos, de uma forma ou de outra,  possuem  o  viés humanitário e o mesmo grito de alerta em busca de sociedade mais justa e com pessoas melhores”. Informações no Facebook ou nos fones: (53) 9 844.21809; (53) 9 8114.7019

Publicado no jornal DIÁRIO DA MANHÃ.

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