quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Abaixo o tabu redutor que confina os mais pobres à música brega - Tárik de Souza

Especial para o UOL
06/01/2016

"O povo sabe o que quer

Mas o povo também quer o que não sabe"

Infelizmente, as sagazes palavras de nosso ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, em "Rep" (composição gravada no disco "Sol de Oslo", de 1998) andam esquecidas pela mídia principal do país. Quase só se transmite e propaga o já sabido, mastigado, clonado, copiado e colado. Andamos "mascando clichê", como cantaria o grupo paulistano Premeditando o Breque –o Premê–, em "Quase lindo", de 1983.

Desde o BRock –e lá se vão mais de três décadas– não surge um movimento de baixo para cima, revelando artistas (Cazuza, Renato Russo, Lobão, Leo Jaime), grupos (Blitz, Titãs, Paralamas, Legião, Barão, Kid Abelha, Engenheiros, Capital Inicial, Ira!, Ultraje) e tendências ou linguagens com tão ampla repercussão popular. O movimento mangue beat e suas consequências (Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre s/a, Mestre Ambrósio, Siba, Otto, Cordel do Fogo Encantado e Lira) já bateu no guichê do mercadão fechado a inovações, tal como acontecera um pouco antes com a chamada vanguarda paulista, do próprio Premê, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Grupo Rumo, Língua de Trapo, Eliete Negreiros, entre outros.

O reconhecimento desses artistas deu-se –quando aconteceu– a conta-gotas. As exceções nessa transversal do tempo se confirmam, como tal: Skank, Sepultura, Cássia Eller, Los Hermanos, Marisa Monte, Lenine, Mônica Salmaso, Chico César, Zeca Baleiro, Vanessa da Mata, Seu Jorge, Planet Hemp, Zélia Duncan, Racionais MC's, Moska, O Rappa, Ana Carolina, Carlinhos Brown. Todas à custa de muita ralação -e, em alguns casos, a concessões ao banal.

Vedar o acesso do experimentalismo à mídia principal equivale a fechar os laboratórios que impulsionam o avanço das descobertas científicas e tecnológicas. O grande público precisa entrar em contato com propostas diferentes, aptas a abrir horizontes estéticos. Abaixo o tabu redutor que confina as classes menos favorecidas economicamente ao brega acachapante!

SEGUE >>>

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