quarta-feira, 11 de julho de 2018

POLITICA DE AGROTÓXICOS NO BRASIL- Rosangela Rodrigues

Na duas grandes guerras (1914-1918) e (1939-1945) o agrotóxico já estava presente como arma bélica e para tal finalidade foi desenvolvido pela grande indústria química.
Mas com o fim da guerra fria os “produtos” que muitas vezes causam intoxicação crônica mas não matam passaram a ser fabricados para a agricultura.
Os nomes se sucederam: “remédios” “venenos” “agrotóxicos” “defensivos” e “pesticida” mais recentemente no pacote de mudanças na fiscalização e controle de agrotóxicos no Brasil, o Projeto de Lei 6299/02, carinhosamente chamado de "Pacote do Veneno" que pretende liberar substâncias comprovadamente cancerígenas diretamente no prato do brasileiro.
Nada mais do que colocar venenos, sem estudos que possam garantir seu uso seguro, na alimentação das pessoas, inclusive crianças, com sistema imunológico frágil.
Além disso retira a atribuição do Ministérios da Saúde e o do Meio Ambiente do processo de análise e registro dos produtos, ou seja, apenas a quem interessa o mercado de agrotóxicos? ao Ministério da Agricultura que ficaria com supremacia para liberar qualquer substância potencialmente cancerígena desde que se reverta em lucro a sua utilização.
 O câncer já se tornou uma epidemia de grandes proporções no Brasil. O Instituto do Câncer (Inca) se posicionou contra o pacote, afinal qual será a nova estimativa de casos de câncer no Brasil? Até então era de 1,2 milhões entre 2018 e 2019.
 Além de outras organizações que se posicionaram contra tais como Ministério Público Federal, Anvisa, Ibama e ONU são os últimos focos de resistência em meio à cultura desenfreada da liberação de venenos. A ONU chegou a enviar uma carta de alerta contra a PL do veneno: http://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2018/06/onu-envia-carta-ao-governo-brasileiro-alertando-contra-o-pacote-do-veneno afinal é sempre necessário que alguém de fora nos diga o óbvio.
O argumento de que o processo para avaliação e liberação dos agrotóxicos é muito caro e demorado não corrobora com a ideia do país campeão do uso de subtâncias tóxicas na agricultura.
A votação no plenário da Câmara vai liberar geral o câncer na mesa dos brasileiros.
Isso é tudo?
Não. A cereja do bolo é a proibição da venda de orgânicos em supermercados com o projeto de lei no 4576/16 porque segundo a opinião do autor “um regramento mais rígido para a venda direta de produtos orgânicos vai trazer benefícios”.
Neste caso seria proteger o consumidor de quem diz que vende orgânico mas vende convencional...hora isso já existe e chama-se "certificação" Sr. Deputado.
Nada mais que uma ofensiva à quem produz com ética de quem não tem ética em liberar venenos proibidos no mundo todo.
Muitos países vem trabalhando na redução e até na proibição de agrotóxicos mas no Brasil cada vez mais somos depósito de venenos que contaminam a água o solo e se acumulam nos nossos corpos causando todo tipo de doenças.
Assistimos abestalhados as campanhas que arrecadam fundos para o tratamento do câncer mas ninguém fala das causas da doença, temos que nos envenenar, adoecer e depois fazer parte das estatísticas mas claro sempre vai existir uma peruca doada por uma alma caridosa para uma cabeça desprovida de proteção.
Ainda vão argumentar que é impossível produzir alimentos para acabar com a fome sem os agrotóxicos...mais um detalhe...o Brasil joga 40% do que produz no lixo.
Comida lixo envenenada vira problema ambiental...

(*) Rosangela Rodrigues, Dra, Área Ambiental,  professora do CAVG

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