A política pode ser um jogo muito cruel e, por isso, desperta muitas paixões e ódios. É ela quem revela os extremos da alma humana: a extrema nobreza e, nestes tempos estranhos que vivemos no Brasil, mais ainda, a extrema indignidade.
Escrevo no início da tarde desta sexta-feira, dia 03 de agosto do corrente e crítico ano de 2018. Os fatos estão correndo de forma tão frenética e surpreendente que preciso datar e dizer a hora. Até o presente momento ninguém do PSB me informou que decisão tomaram ou tomarão acerca de sua posição na sucessão presidencial.
Diz a grande imprensa, com certa euforia, que o PSB teria acertado um acordo com a cúpula do PT. Não, como seria natural, para apoiar o candidato do PT, mas para me isolar na luta, tirando-me segundos de tempo de TV. Em troca, a burocracia do PT cortaria o pescoço de sua jovem candidata a governadora de Pernambuco, Marília Arraes, e o PSB faria o mesmo com o seu candidato a governador em Minas Gerais, Marcio Lacerda.
Minha palavra agora é para a militância da minha candidatura e para os brasileiros e brasileiras, todos e todas que tem simpatia pela questão nacional, se preocupam com a injustiça de nossa sociedade profundamente desigual e todas as expressões de preconceito e violência que humilham amplas maiorias de nosso povo, mas especialmente as mulheres, os negros e os pobres.
Minha palavra se dirige aos progressistas, todos e todas. Aos que trabalham, por primeiro, e a quem produz.
Muita calma nesta hora!
A violência e o grosseiro equívoco desta atitude da cúpula do PT não devem nos retirar a atenção do que realmente interessa: estas eleições são a última chance, como País, de salvarmos o Brasil da legitimação, pelo voto, desta agenda antipobre, antinacional e antidecência que nos governa desde que o golpe usurpou o poder através de Michel Temer e sua gangue.
Me comprometi, já em meus primeiros movimentos nesta caminhada, a montar um Projeto Nacional de Desenvolvimento. Já há duras consequências de minha posição e, é claro, os grandes interesses da cobiça internacional, mancomunada com o baronato escravista que nos domina, estão atuando. Não sejamos ingênuos nem muito menos paranoicos. É coisa prática. Alguns exemplos:
1. Desapropriarei, com as devidas indenizações, os campos de petróleo entregues a preço de banana a multinacionais e a estatais (!) estrangeiras a partir da revogação da Lei de Partilha pelos golpistas;
2. Desfarei, se consumada, a criminosa entrega da EMBRAER aos norte-americanos, conforme consequência de carta que enviei à BOEING e à EMBRAER pedindo que aguardassem a decisão popular que se aproxima;
3. Revogarei as aberrações impostas pela selvagem Reforma Trabalhista (fui vaiado por isso na Confederação Nacional da Indústria, cujo presidente fez muitos elogios a Jair Bolsonaro);
4. Revogarei a Emenda Constitucional 95, a chamada PEC da morte, que congela os investimentos em saúde, educação, segurança, ciência e tecnologia, cultura e infraestrutura POR 20 ANOS!
5. Desfarei o cartel dos bancos que, nos últimos 15 anos, concentraram, em apenas 5 deles, 85% de todas as operações financeiras do País, impondo ao nosso povo e à nossa economia a maior taxa de juros do mundo!
6. Suspenderei ou reverterei, se necessário, a privatização da Eletrobras, que transferiria para o capital estrangeiro o controle do REGIME DE ÁGUAS em nosso país;
São apenas um dos poucos exemplos do que está de verdade em jogo nesta hora terrivelmente ameaçadora de nosso próprio futuro como Nação. É ao redor deste conjunto de valores que devemos exercitar a nossa militância.
Compreendamos com humildade e paciência o péssimo momento que a burocracia do PT está vivendo. Já não é mais política, é religião, culto à personalidade, pragmatismo da cúpula de uma organização que parece não querer aprender mais nada. Calma! Falemos com o povo, acreditemos nele, compreendamos a justa gratidão que imensos contingentes de nossa população têm com Lula. Ele foi um presidente bom para muita gente.
Não aceitemos a armadilha de nos empurrarem para o conservadorismo ou para a violação de nossos valores, muito menos por alguns - ainda que preciosos - segundos de propaganda na TV. Em nenhuma hipótese é o PT o nosso inimigo!
A cúpula do PT terá de se haver perante a história com as consequências de seus atos de agora. Lamentemos, mas nossas baterias devem permanecer apontadas contra a reação nazi-fascista ou o neoliberalismo entreguista da turma TEMER, PSDB, PMDB. Estes são os inimigos da Pátria, estes os traidores da Nação, estes os comandantes da roubalheira de alto coturno que parte deslumbrada da cúpula petista quis imitar para dar no que deu. É contra estes que devemos manter nossa luta, nossas energias e nossos entusiasmo! É a favor de uma corrente encantadora de mudanças, que devolva a esperança perdida por nosso povo, que devemos nos emocionar!
A viagem lisérgica da burocracia do PT tem data para acabar: pretendem enganar a boa gente que adora o Lula, com muitas razões, volto a repetir, de que ele será candidato. Se fosse, muito provavelmente como fiz ao longo dos últimos 16 anos, sem faltar nenhum dia, estaríamos juntos. Aliás, uma pitadinha de ironia do destino: fui convidado a sair do PSB, onde mantenho grande carinho, respeito e camaradagem, porque discordei de meu saudoso amigo Eduardo Campos para ser correto com o PT...
Não deixarão Lula ser candidato! Até as pedras do caminho sabem disso! Pior, a burocracia do PT também sabe muito bem disso. Ou seja, é para bailar à beira do abismo que os burocratas do PT convidam a Nação Brasileira.
Então fiquemos assim. Se for verdade que Lula será candidato, conversemos; se não for, por favor, Brasil: muita calma nessa hora! Nosso país não aguentará outra aposta no escuro.