quinta-feira, 31 de março de 2016

LINHA AUXILIAR OU TERCEIRO CAMPO? - LUCIANA GENRO

Que o PT se aferre à defesa de Dilma e do governo é compreensível. Eles não tem alternativa diante do derretimento do partido, enlameado na Lava Jato e com o seu principal líder, Lula, sob suspeita de corrupção e claramente alinhado aos interesses das grande empreiteiras - que vêm corrompendo governos e partidos desde há muito tempo. Com poucas exceções, ninguém mais defende o governo, mas uma suposta democracia que significa obrigar o povo a aguentar Dilma mais 3 anos, mesmo que ela tenha perdido apoio e legitimidade por ter abraçado o programa de Aécio e pelo fato do PT ter dado continuidade ao assalto aos cofres públicos que já vinha de antes, agora descortinado pela Lava Jato. A saída do PMDB, que em 3 minutos ignorou 13 anos de condomínio governista, é o retrato dos ratinhos fugindo do barco que afunda.

Incompreensível é que lideranças do PSOL em Brasília venham a público me criticar por defender eleições gerais. Alguns chegam a dizer o absurdo que eleições gerais é golpe também. Não dizem que até o governo federal as cogitou, pois mesmo eles já dão o impeachment como um fato. A questão é o que fazer daqui para frente. Somos todos contra o impeachment que levará Temer à presidência, mas isso não significa defender que Dilma tem legitimidade para governar até 2018.

Como vamos dialogar com o povo indignado com o desemprego e com a corrupção simplesmente dizendo que esperem até 2018? Com que credibilidade seremos uma alternativa se nos colamos no governo agora, depois de tudo o que fizeram e estão fazendo?

Eu não aceito cumprir o papel de linha auxiliar do PT. Quando respondi ao Aécio em um debate presidencial – linha auxiliar do PT uma ova – fui aplaudida por TODO o PSOL. Pois na campanha não fomos linha auxiliar do PT e nem da direita. Denunciamos que a briga entre “o sujo e o mal lavado” não era nossa e que tínhamos a tarefa de construir um terceiro campo.

É preciso seguir sendo consequente com esta estratégia. Ignorar a necessidade de apresentar uma alternativa pela positiva diante da iminência do impeachment e da avassaladora falta de apoio popular de Dilma é um suicídio político. Nunca um partido de esquerda aderiu a um discurso tão reacionário quanto dizer que um presidente eleito tem que cumprir seu mandato independente de sua legitimidade popular. Nem o PT nos seus tempos de oposição à Collor, quando promoveu manifestações pelo Fora Collor, e conquistou o impeachment.

Na época, aliás, o impeachment também foi, ao final, apoiado pela Rede Globo, retrato da divisão da burguesia, cuja parte mais influente decidiu por rifar Collor. Depois Collor foi absolvido pelo STF (sinal de que não havia bases jurídicas para sua deposição?), e hoje é aliado do PT. No caso de FHC, o “Fora”, defendido pelo PT, não teve o mesmo sucesso, pois neste caso a burguesia não se dividiu e garantiu o seu mandato.

O PT se construiu e se fortaleceu nestes processos, sem discutir as questões jurídicas às quais se apega agora. A luta sempre foi política. Mas no caso deles, como eu já disse, é compreensível. Não o PSOL. A direita está crescendo. E cresce porque o PT faliu. Mas crescerá mais com a divisão no PSOL, com uma parte do partido se recusando a ser parte do terceiro campo na hora H que ele pode ser construído e ficando a reboque do PT. São daqueles que vão defender eleições gerais só quando o PT autorizar. Daí pode ser tarde demais.

Enquanto isso, tramam, governo e oposição de direita, para acabar com a Lava Jato. Precisamos lutar para evitar que ela seja enterrada como pretendem PT, PMDB, PSDB, etc, cada um com sua estratégia para atingir este mesmo fim. E defender uma saída pela positiva desta crise, que não é nem Dilma nem Temer, mas sim devolver ao povo a soberania de decidir. E não venham com o espantalho do Bolsonaro para dizer que não se pode ter eleições. É Marina quem lidera as pesquisas. E nós vamos à luta.

quarta-feira, 30 de março de 2016

CIRO GOMES - ‘Coalizão de ladrões’ quer derrubar Dilma para adotar ‘agenda entreguista’, diz Ciro Gomes

E

 Foto: Guilherme Santos/Sul21

Eu disse na entrevista e vou repetir pro senhor, se foi esse o pretexto que vai levar à ruptura do Brasil e há esse risco de ninguém mais governar o nosso país pelos próximos 20 anos, eu estou comovidamente convencido disso, eu entrarei imediatamente com um pedido de impeachment baseado no fato, que eu já tenho todos os documentos, de que o Michel Temer, como vice-presidente ocupando a presidência da República, assinou dezenas de decretos de pedaladas fiscais, igualzinho a Dilma. Portanto, se valer para ela juridicamente – evidentemente que isso é só pretexto -, vai ficar a sociedade brasileira muito esclarecida de que isto também foi uma molecagem de golpe. Mas vou entrar na hora.
CIRO GOMES


Luís Eduardo Gomes
Em Porto Alegre para participar do Seminário Dívida Pública, Desenvolvimento e Soberania Nacional,  promovido pelo Sindicato dos Engenheiros (Senge), na PUCRS, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) afirmou que o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) está sendo movido por uma “coalizão de ladrões” que deseja implementar uma “agenda entreguista”, submetida a interesses internacionais.
Em entrevista concedida ao Sul21 e ao Jornal Já, Ciro Gomes afirmou que a saída do PMDB do governo federal, sacramentada em votação que durou três minutos na tarde de terça-feira (29), em Brasília, tem o objetivo de acelerar o processo de impeachment para tentar impedir que as investigações da Operação Lava Jato atinjam mais nomes da classe política brasileira.
“O doutor [Rodrigo] Janot, procurador-geral da República, está de posse de mil contas na Suíça, com US$ 800 milhões já identificados e bloqueados, com a fina flor dos políticos e dos empresários com eles conexos. Por isso que eles precisam aceleradamente [do impeachment]. Faz cinco meses que o processo de cassação do Eduardo Cunha não anda um passo sequer na Câmara e uma presidência da República da oitava economia mundial, em menos de 15 dias, pelo que nós estamos contando hoje, pode cair”, afirma Ciro.
Para o ex-governador, provável candidato a presidência da República pelo PDT em 2018, o impeachment da presidenta ainda não é inevitável, mas será preciso que o “povão acorde” e que haja uma mudança no contexto nacional para que ele seja barrado. Ciro ainda prevê que, caso se concretize a queda de Dilma, o vice-presidente Michel Temer terá muitas dificuldades para governar diante da crise econômica e política vivida pelo país.


LEIA TODA A ENTREVISTA>>>

terça-feira, 29 de março de 2016

"Desembarque" do PMDB

Ato do "desembarque" do PMDB do governo federal da presidente Dilma e que já passa a fazer parte , pelo que tem de esdrúxulo, da história política brasileira.
À direita Eliseu Padilha.
E à esquerda sua santidade Eduardo Cunha sobre quem recaem acusações fundamentadas de ações de descontrolada corrupção e a quem coube como presidente da Câmara de Deputados o acolhimento do pedido de impedimento da presidente.
Sua presença ao ato deve-se, supõe-se , para conferir-lhe um caráter de maior seriedade política.

sábado, 26 de março de 2016

Uma reflexão que procede - Entrevista com Vladimir Safatle professor da USP

Vale ver e ouvir....Precisamos refletir....Segue a entrevista com o Vladimir Safatle, professor do Dep. de Filosofia da USP, no RSP de hoje, sobre as últimas manifestações e sobre o momento do país!
Publicado por Angels Márcia Dutra em Segunda, 21 de março de 2016

Protesto de professores na Inglaterra



TEACHERS PROTESTNo forced academies – hands off our schools: London protest against Government’s plan to convert all schools to academies on 23 March 2016, organised by National Union of Teachers and the Association of Teachers and Lecturers. Filmed by Husain Akhtar.
Publicado por Britain Is The People em Quinta, 24 de março de 2016

Crime de Guerra na Bósnia


Radovan Karadzic has been found guilty of genocide
The worst war crimes in Europe since World War Two.Radovan Karadzic has been found guilty of genocide in the massacre of Bosnian Muslims in Srebrenica.The former Yugoslavia was on the edge of the European Union at the time; Bosnia formally applied to join the EU last month.
Publicado por Channel 4 News em Quinta, 24 de março de 2016

Refugiados na Grécia



15000 people. 7000 kids. 0 support, only good luck. How to proceed?
Publicado por Humanitarianman Martin Kvernbekk em Quinta, 24 de março de 2016

sexta-feira, 25 de março de 2016

Entrevista de Bresser-Pereira , fundador do PSDB, sobre o impedimento



"Mudei de opinião a respeito da Lava a Jato. Agora, pra mim, eles estão realmente praticando um abuso de direito, não é democrático isto. É a judicialização da política de maneira muito forte", opinou o economista Bresser-Pereira, um dos fundadores do PSDB, no #EspaçoPúblico desta semana. A entrevista completa você vê aqui: http://bit.ly/22s2qKu
Publicado por TV Brasil em Quinta, 24 de março de 2016

quinta-feira, 24 de março de 2016

FOTOGRAFIA - Domício Pinheiro


Durante a visita de Emílio Garrastazu Médici no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, o fotojornalista Domício Pinheiro visualizou o ângulo perfeito para sintetizar aquele momento histórico. Durante aqueles anos, a foto de Domício foi censurada e só ao final da Ditadura Militar é que ela pôde ser divulgada.

O fotojornalista trabalhou para o jornal O Estado de São Paulo do ano de 1954 até 1989. Em 1998, Domício Pinheiro faleceu aos 76 anos de idade, porém deixando esse registro para a História do Brasil.

Foto: © Domício Pinheiro, 1972. "O presidente Médici deixa o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo".

Brasil ainda pode evitar o "novo" golpe - Boaventura de Sousa Santos


Sérgio Moro recebendo prémio da Rede Globo entregue por João Roberto Marinho

"Quando, há quase trinta anos, iniciei os estudos sobre o sistema judicial em vários países, a administração da justiça era a dimensão institucional do Estado com menos visibilidade pública. A grande exceção eram os EUA devido ao papel fulcral do Tribunal Supremo nas definições das mais decisivas políticas públicas. Sendo o único órgão de soberania não eleito, tendo um caráter reativo (não podendo, em geral, mobilizar-se por iniciativa própria) e dependendo de outras instituições do Estado para fazer aplicar as suas decisões (serviços prisionais, administração pública), os tribunais tinham uma função relativamente modesta na vida orgânica da separação de poderes instaurada pelo liberalismo político moderno, e tanto assim que a função judicial era considerada apolítica.

Contribuía também para isso o fato de os tribunais só se ocuparem de conflitos individuais e não coletivos e estarem desenhados para não interferir com as elites e classes dirigentes, já que estas estavam protegidas por imunidades e outros privilégios. Pouco se sabia como funcionava o sistema judicial, as características dos cidadãos que a ele recorriam e para que objetivos o faziam.
Tudo mudou desde então até aos nossos dias. Contribuíram para isso, entre outros fatores, a crise da representação política que atingiu os órgãos de soberania eleitos, a maior consciência dos direitos por parte dos cidadãos e o fa to de as elites políticas, confrontadas com alguns impasses políticos em temas controversos, terem começado a ver o recurso seletivo aos tribunais como uma forma de descarregarem o peso político de certas decisões. Foi ainda importante o fato de o neoconstitucionalismo emergente da segunda guerra mundial ter dado um peso muito forte ao controle da constitucionalidade por parte dos tribunais constitucionais. Esta inovação teve duas leituras opostas. Segundo uma das leituras, tratava-se de submeter a legislação ordinária a um controle que impedisse a sua fácil instrumentalização por forças políticas interessadas em fazer tábua rasa dos preceitos constitucionais, como acontecera, de maneira extrema, nos regimes ditatoriais nazis e fascistas. Segundo a outra leitura, o controle da constitucionalidade era o instrumento de que se serviam as classes políticas dominantes para se defenderem de possíveis ameaças aos seus interesses decorrentes das vicissitudes da política democrática e da “tirania das maiorias”. Como quer que seja, por todas estas razões surgiu um novo tipo de ativismo judiciário que ficou conhecido por judicialização da política e que inevitavelmente conduziu à politização da justiça.
Classes dominantes viram, na politização do Judiciário,
recurso para se defender dos “riscos” da democracia
e da suposta “tirania das maiorias”
A grande visibilidade pública dos tribunais nas últimas décadas resultou, em boa medida, dos casos judiciais que envolveram membros das elites políticas e econômicas. O grande divisor de águas foi o conjunto de processos criminais que atingiu quase toda a classe política e boa parte da elite econômica da Itália conhecido por Operação Mãos Limpas. Iniciado em Milão em abril de 1992, consistiu em investigações e prisões de ministros, dirigentes partidários, membros do parlamento (em certo momento estavam a ser investigados cerca de um terço dos deputados), empresários, funcionários públicos, jornalistas, membros dos serviços secretos acusados de crimes de suborno, corrupção, abuso de poder, fraude, falência fraudulenta, contabilidade falsa, financiamento político ilícito.
Dois anos mais tarde tinham sido presas 633 pessoas em Nápoles, 623 em Milão e 444 em Roma. Por ter atingido toda a classe política com responsabilidades de governação no passado recente, o processo Mãos Limpas abalou os fundamentos do regime político italiano e esteve na origem da emergência, anos mais tarde, do “fenômeno” Berlusconi. Ao longo dos anos, por estas e por outras razões, os tribunais têm adquirido grande notoriedade pública em muitos países. O caso mais recente e talvez o mais dramático de todos os que conheço é a Operação Lava Jato no Brasil.
Iniciada em março de 2014, esta operação judicial e policial de combate à corrupção, em que estão envolvidos mais de uma centena de políticos, empresários e gestores, tem-se vindo a transformar pouco a pouco no centro da vida política brasileira. Ao entrar na sua 24ª fase, com a implicação do ex-presidente Lula da Silva e com o modo como foi executada, está provocando uma crise política de proporções semelhantes à que antecedeu o golpe de Estado que em 1964 instaurou a uma odiosa ditadura militar que duraria até 1985. O sistema judicial, que tem a seu cargo a defesa e garantia da ordem jurídica, está transformado num perigoso fator de desordem jurídica. Medidas judiciais flagrantemente ilegais e inconstitucionais, a seletividade grosseira do zelo persecutório, a promiscuidade aberrante com a mídia ao serviços das elites políticas conservadoras, o hiper-ativismo judicial aparentemente anárquico, traduzido, por exemplo, em 27 liminares visando o mesmo ato político, tudo isto conforma uma situação de caos judicial que acentua a insegurança jurídica, aprofunda a polarização social e política e põe a própria democracia brasileira à beira do caos.
Com a ordem jurídica transformada em desordem jurídica, com a democracia sequestrada pelo órgão de soberania que não é eleito, a vida política e social transforma-se num potencial campo de despojos à mercê de aventureiros e abutres políticos. Chegados aqui, várias perguntas se impõem. Como se chegou a este ponto? A quem aproveita esta situação? O que deve ser feito para salvar a democracia brasileira e as instituições que a sustentam, nomeadamente os tribunais? Como atacar esta hidra de muitas cabeças de modo a que de cada cabeça cortada não cresçam mais cabeças? Procuro identificar neste texto algumas pistas de resposta.
Como chegamos a este ponto?
Por que razão a Operação Lava Jato está ultrapassando todos os limites da polêmica que normalmente suscita qualquer caso mais saliente de ativismo judicial? Note-se que a semelhança com os processos Mãos Limpas na Itália tem sido frequentemente invocada para justificar a notoriedade e o desassossego públicos causado pelo ativismo judicial. Mas as semelhanças são mais aparentes do que reais.
Há, pelo contrário, duas diferenças decisivas entre as duas operações. Por um lado, os magistrados italianos mantiveram um escrupuloso respeito pelo processo penal e, quando muito, limitaram-se a aplicar normas que tinham sido estrategicamente esquecidas por um sistema judicial conformista e conivente com os privilégios das elites políticas dominantes na vida política italiana do pós-guerra. Por outro lado, procuraram investigar com igual zelo os crimes de dirigentes políticos de diferentes partidos políticos com responsabilidades governativas.
Por sua partidarização, Lava-Jato não pode ser comparada
à Mãos Limpas. Talvez esteja instalando uma
República Judicial das Bananas
Assumiram uma posição politicamente neutra precisamente para defender o sistema judicial dos ataques que certamente lhe seriam desferidos pelos visados das suas investigações e acusações. Tudo isto está nos antípodas do triste espetáculo que um setor do sistema judicial brasileiro está a dar ao mundo. O impacto do ativismo dos magistrados italianos chegou a ser designado por República dos Juízes. No caso do ativismo do setor judicial lava-jatista, podemos falar, quando muito, de República judicial das bananas. Por que? Pelo impulso externo que com toda a evidência está por detrás desta específica instância de ativismo judicial brasileiro e que esteve em grande medida ausente no caso italiano. Esse impulso dita a escancarada seletividade do zelo investigativo e acusatório. Embora estejam envolvidos dirigentes de vários partidos, a Operação Lava Jato, com a conivência da mídia, tem-se esmerado na implicação de líderes do PT com o objetivo, hoje indisfarçável, de suscitar o assassinato político da Presidente Dilma Roussef e do ex-Presidente Lula da Silva.
Pela importância do impulso externo e pela seletividade da ação judicial que ele tende a provocar, a Operação Lava Jato tem mais semelhanças com uma outra operação judicial ocorrida na Alemanha, na República de Weimar, depois do fracasso da revolução alemã de 1918. A partir desse ano e num contexto de violência política provinda, tanto da extrema esquerda como da extrema direita, os tribunais alemães revelaram uma dualidade chocante de critérios, punindo severamente a violência da extrema esquerda e tratando com grande benevolência a violência da extrema direita, a mesma que anos mais tarde iria a levar Hitler ao poder. No caso brasileiro, o impulso externo são as elites econômicas e as forças políticas ao seu serviço que não se conformaram com a perda das eleições em 2014 e que, num contexto global de crise da acumulação do capital, se sentiram fortemente ameaçadas por mais quatro anos sem controlar a parte dos recursos do país diretamente vinculada ao Estado em que sempre assentou o seu poder. Essa ameaça atingiu o paroxismo com a perspetiva de Lula da Silva, considerado o melhor Presidente do Brasil desde 1988 e que saiu do governo com uma taxa de aprovação de 80%, vir a postular-se como candidato presidencial em 2018.
A partir desse momento, a democracia brasileira deixou de ser funcional para este bloco político conservador e a desestabilização política começou. O sinal mais evidente da pulsão anti-democrática foi o movimento pelo impeachment da Presidente Dilma poucos meses depois da sua tomada de posse, algo, senão inédito, pelo menos muito invulgar na história democrática das três últimas décadas. Bloqueados na sua luta pelo poder por via da regra democrática das maiorias (a “tirania das maiorias”), procuraram pôr ao seu serviço o órgão de soberania menos dependente do jogo democrático e especificamente desenhado para proteger as minorias, isto é, os tribunais.
A Operação Lava Jato, em si mesma uma operação extremamente meritória, foi o instrumento utilizado. Contando com a cultura jurídica conservadora dominante no sistema judicial, nas Faculdades de Direito e no país em geral, e com uma arma mediática de alta potência e precisão, o bloco conservador tudo fez para desvirtuar a Operação Lava Jata, desviando-a dos seus objetivos judiciais, em si mesmos fundamentais para o aprofundamento democrático, e convertendo-a numa operação de extermínio político. O desvirtuamento consistiu em manter a fachada institucional da Operação Lava Jato, mas alterando profundamente a estrutura funcional que a animava por via da sobreposição da lógica política à lógica judicial. Enquanto a lógica judicial assenta na coerência entre meios e fins ditada pelas regras processuais e as garantias constitucionais, a lógica política, quando animada pela pulsão anti-democrática, subordina os fins aos meios, e é pelo grau dessa subordinação que define a sua eficácia.
No poder, PT governou à moda antiga. E acreditou
que seria tratado com benevolência, ao
cometer as irregularidades de sempre
Em todo este processo, três grandes fatores jogam a favor dos desígnios do bloco conservador. O primeiro resultou da dramática descaracterização do PT enquanto partido democrático de esquerda. Uma vez no poder, o PT decidiu governar à moda antiga (isto é, oligárquica) para fins novos e inovadores. Ignorante da lição da República de Weimar, acreditou que as “irregularidades” que cometesse seriam tratadas com a mesma benevolência com que eram tradicionalmente tratadas as irregularidades das elites e classes políticas conservadoras que tinham dominado o país desde a independência. Ignorante da lição marxista que dizia ter incorporado, não foi capaz de ver que o capital só confia nos seus para o governar e que nunca é grato a quem, não sendo seu, lhes faz favores. Aproveitando um contexto internacional de excecional valorização dos produtos primários, provocado pelo desenvolvimento da China, incentivou os ricos a enriquecerem como condição para dispor dos recursos necessários para levar a cabo as extraordinárias politicas de redistribuição social que fizeram do Brasil um país substancialmente menos injusto ao libertarem mais de 45 milhões de brasileiros do jugo endêmico da pobreza.
Findo o contexto internacional favorável, só uma política “à moda nova” poderia dar sustentação à redistribuição social, ou seja, uma política que, entre muitas outras vertentes, assentasse na reforma política para neutralizar a promiscuidade entre o poder político e o poder econômico, na reforma fiscal para poder tributar os ricos de modo a financiar a redistribuição social depois do fim do boom das commodities, e na reforma da mídia, não para censurar, mas para garantir a diversidade da opinião publicada. Era, no entanto, demasiado tarde para tanta coisa que só poderia ter sido feita em seu tempo e fora do contexto de crise.
O segundo fator, relacionado com este, é a crise econômica global e o férreo controle que tem sobre ela quem a causa, o capital financeiro, entregue à sua voragem autodestrutiva, destruindo riqueza sob o pretexto de criar riqueza, transformando o dinheiro, de meio de troca, em mercadoria por excelência do negócio da especulação. A hipertrofia dos mercados financeiros não permite crescimento econômico e, pelo contrário, exige políticas de austeridade por via dos quais os pobres são investidos do dever de ajudar os ricos a manterem a sua riqueza e, se possível, a serem mais ricos. Nestas condições, as precárias classes médias criadas no período anterior ficam à beira do abismo de pobreza abrupta. Intoxicadas pela mídia conservadora, facilmente convertem os governos responsáveis pelo que são hoje em responsáveis pelo que lhes pode acontecer amanhã. E isto é tanto mais provável quanto a sua viagem da senzala para os pátios exteriores da Casa Grande foi realizada com o bilhete do consumo e não com o bilhete da cidadania.
O terceiro fator a favor do bloco conservador é o fato de o imperialismo norte-americano estar de volta ao continente depois das suas aventuras pelo Médio Oriente. Há cinquenta anos, os interesses imperialistas não conheciam outro meio senão as ditaduras militares para fazer alinhar os países do continente pelos seus interesses. Hoje, dispõem de outros meios que consistem basicamente em financiar projetos de desenvolvimento local, organizações não governamentais em que a defesa da democracia é a fachada para atacar de forma agressiva e provocadora os governos progressistas (“fora o comunismo”, “fora o marxismo”, “fora Paulo Freire”, “não somos a Venezuela”, etc, etc.). Em tempos em que a ditadura pode ser dispensada se a democracia servir os interesses econômicos dominantes, e em que os militares, ainda traumatizados pelas experiências anteriores, parecem indisponíveis para novas aventuras autoritárias, estas formas de desestabilização são consideradas mais eficazes porque permitem substituir governos progressistas por governos conservadores mantendo a fachada democrática. Os financiamentos que hoje circulam abundantemente no Brasil provêm de uma multiplicidade de fundos (a nova natureza de um imperialismo mais difuso), desde as tradicionais organizações vinculadas à CIA até aos irmãos Koch, que nos EUA financiam a política mais conservadora e que têm interesses sobretudo no setor do petróleo, e às organizações evangélicas norteamericanas.
Como salvar a democracia brasileira?
A primeira e mais urgente tarefa é salvar o judiciário brasileiro do abismo em que está entrando. Para isso, o setor íntegro do sistema judicial, que certamente é maioritário, deve assumir a tarefa de repor a ordem, a serenidade e a contenção no interior do sistema. O princípio orientador é simples de formular: a independência dos tribunais no Estado de direito visa permitir aos tribunais cumprir a sua quota parte de responsabilidade na consolidação da ordem e convivência democráticas. Para isso, não podem pôr a sua independência, nem ao serviço de interesses corporativos, nem de interesses políticos setoriais, por mais poderosos que sejam.
O princípio é fácil de formular, mas muito difícil de aplicar. A responsabilidade maior na sua aplicação reside agora em duas instâncias. O STF (Supremo Tribunal Federal) deve assumir o seu papel de máximo garante da ordem jurídica e pôr termo à anarquia jurídica que se está a instaurar. Muitas decisões importantes recairão sobre o STF nos próximos tempos e elas devem ser acatadas por todos qualquer que seja o seu teor. O STF é neste momento a única instituição que pode travar a dinâmica de estado de exceção que está instalada. Por sua vez, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a quem compete o poder de disciplinar sobre os magistrados, deve instaurar de imediato processos disciplinares por reiterada prevaricação e abuso processual, não só ao juiz Sérgio Moro como a todos os outros que têm seguido o mesmo tipo de atuação. Sem medidas disciplinares exemplares, o judiciário brasileiro corre o risco de perder todo o peso institucional que granjeou nas últimas décadas, um peso que, como sabemos, não foi sequer usado para favorecer forças ou políticas de esquerda. Apenas foi conquistado mantendo a coerência e a isonomia entre meios e fins.
A guerra não está perdida, mas não será ganha
se apenas se acumularem batalhas perdidas,
o que sucederá se se insistir nos erros do passado
Se esta primeira tarefa for realizada com êxito, a separação de poderes será garantida e o processo político democrático seguirá o seu curso. O governo Dilma decidiu acolher Lula da Silva entre os seus ministros. Está no seu direito de o fazer e não compete a nenhuma instituição, e muito menos ao judiciário, impedi-lo. Não se trata de fuga à justiça por parte de um político que nunca fugiu à luta, dado que será julgado (se esse for o caso) por quem sempre o julgaria em última instância, o STF. Seria uma aberração jurídica aplicar neste caso a teoria do “juiz natural da causa”. Pode, isso sim, discordar-se do acerto da decisão política tomada. Lula da Silva e Dilma Rousseff sabem que fazem uma jogada arriscada. Tanto mais arriscada se a presença de Lula não significar uma mudança de rumo que tire às forças conservadoras o controle sobre o grau e o ritmo de desgaste que exercem sobre o governo.
No fundo, só eleições presidenciais antecipadas permitiriam repor a normalidade. Se a decisão de Lula-Dilma correr mal, a carreira de ambos terá chegado ao fim, e a um fim indigno e particularmente indigno para um político que tanta dignidade devolveu a tantos milhões de brasileiros. Além disso, o PT levará muitos anos até voltar a ganhar credibilidade entre a maioria da população brasileira, e para isso terá de passar por um processo de profunda transformação.
Se correr bem, o novo governo terá de mudar urgentemente de política para não frustrar a confianças dos milhões de brasileiros que estão a vir para a rua contra os golpistas. Se o governo brasileiro quer ser ajudado por tantos manifestantes, tem que os ajudar a terem razões para o ajudar. Ou seja, quer na oposição, quer no governo, o PT está condenado a reinventar-se. E sabemos que no governo esta tarefa será muito mais difícil.
A terceira tarefa é ainda mais complexa porque nos próximos tempos a democracia brasileira vai ter de ser defendida tanto nas instituições como nas ruas. Como nas ruas não se faz formulação política, as instituições terão a prioridade devida mesmo em tempos de pulsão autoritária e de exceção antidemocrática. As manobras de desestabilização vão continuar e serão tanto mais agressivas quanto mais visível for a fraqueza do governo e das forças que o apoiam. Haverá infiltrações de provocadores tanto nas organizações e movimentos populares como nos protestos pacíficos que realizarem. A vigilância terá de ser total já que este tipo de provocação está hoje a ser utilizado em muitos contextos para criminalizar o protesto social, fortalecer a repressão estatal e criar estados de exceção, mesmo se com fachada de normalidade democrática. De algum modo, como tem defendido Tarso Genro, o estado de exceção está já instalado, de modo que a bandeira “Não vai ter golpe” tem de ser entendida como denunciando o golpe político-judicial que já está em curso, um golpe de tipo novo que é necessário neutralizar.
Finalmente, a democracia brasileira pode beneficiar da experiência recente de alguns países vizinhos. O modo como as políticas progressistas foram realizadas no continente não permitiram deslocar para esquerda o centro político a partir do qual se definem as posições de esquerda e de direita. Por isso, quando os governos progressistas são derrotados, a direita chega ao poder possuída por uma virulência inaudita apostada em destruir em pouco tempo tudo o que foi construído a favor das classes populares no período anterior. A direita vem então com um ânimo revanchista destinado a cortar pela raiz a possibilidade de voltar a surgir um governo progressista no futuro. E consegue a cumplicidade do capital financeiro internacional para inculcar nas classes populares e nos excluídos a ideia de que a austeridade não é uma política com que se possam defrontar; é um destino a que têm de se acomodar. O governo de Macri na Argentina é um caso exemplar a este respeito.
A guerra não está perdida, mas não será ganha se apenas se acumularem batalhas perdidas, o que sucederá se se insistir nos erros do passado."

segunda-feira, 21 de março de 2016

BRASIL X FORTALEZA : UMA DECISÃO HISTÓRICA



Histórica decisão de uma vaga para o Brasileiro Série B de 2016.
Brasil 1x0 Fortaleza no primeiro jogo no estádio Bento Freitas em Pelotas

Assista ao gol que deu a vitória ao nosso Xavante!


Bom dia, e pra relembrar o gol do acesso!
Publicado por Apaixonados Pelo Xavante em Terça, 17 de novembro de 2015






SEGUNDO JOGO . O segundo jogo, empatado em zero, disputado no estádio  Castelão em Fortaleza, teve o impressionante público de 64 mil torcedores.

domingo, 20 de março de 2016

NOTA EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.

 

Os/as Promotores de Justiça, Procuradores/as da República e Procuradores/as do Trabalho abaixo nominados/as, integrantes do Ministério Público brasileiro, imbuídos da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos direitos fundamentais, individuais e coletivos, previstos na Constituição Federal de 1988, vêm a público externar sua profunda preocupação com a dimensão de acontecimentos recentes na quadra política brasileira, e que, na impressão dos/as subscritores/as, merecem uma reflexão crítica, para que não retrocedamos em conquistas obtidas após anos de ditadura, com perseguições políticas, sequestros, desaparecimentos, torturas e mortes.
1. É ponto incontroverso que a corrupção é deletéria para o processo de desenvolvimento político, social, econômico e jurídico de nosso país, e todos os participantes de cadeias criminosas engendradas para a apropriação e dilapidação do patrimônio público, aí incluídos agentes públicos e privados, devem ser criteriosamente investigados, legalmente processados e, comprovada sua culpa, responsabilizados.
2. Mostra-se fundamental que as instituições que compõem o sistema de justiça não compactuem com práticas abusivas travestidas de legalidade, próprias de regimes autoritários, especialmente em um momento em que a institucionalidade democrática parece ter suas bases abaladas por uma polarização política agressiva, alimentada por parte das forças insatisfeitas com a condução do país nos últimos tempos, as quais, presentes tanto no âmbito político quanto em órgãos estatais e na mídia, optam por posturas sem legitimidade na soberania popular para fazer prevalecer sua vontade.
3. A banalização da prisão preventiva - aplicada, no mais das vezes, sem qualquer natureza cautelar - e de outras medidas de restrição da liberdade vai de encontro a princípios caros ao Estado Democrático de Direito. Em primeiro lugar, porque o indivíduo a quem se imputa crime somente pode ser preso para cumprir pena após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (CF, art. 5º, LVII). Em segundo, porque a prisão preventiva somente pode ser decretada nas hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo Penal, sob pena de violação ao devido processo legal (CF, art. 5º, LIV).
4. Operações midiáticas e espetaculares, muitas vezes baseadas no vazamento seletivo de dados sigilosos de investigações em andamento, podem revelar a relação obscura entre autoridades estatais e imprensa. Afora isso, a cobertura televisiva do cumprimento de mandados de prisão, de busca e apreensão e de condução coercitiva – também utilizada indiscriminada e abusivamente, ao arrepio do art. 260 do Código de Processo Penal – redunda em pré-julgamento de investigados, além de violar seus direitos à intimidade, à privacidade e à imagem, também de matriz constitucional (CF, art. 5º, X). Não se trata de proteger possíveis criminosos da ação estatal, mas de respeitar as liberdades que foram duramente conquistadas para a consolidação de um Estado Democrático de Direito.
5. A história já demonstrou que o recrudescimento do direito penal e a relativização de garantias não previnem o cometimento de crimes. Basta notar que já somos o quarto país que mais encarcera no mundo, com mais de 600 mil presos, com índices de criminalidade que teimam em subir, ano após ano. É certo também que a esmagadora maioria dos atingidos pelo sistema penal ainda é proveniente das classes mais desfavorecidas da sociedade, as quais sofrerão, ainda mais, os efeitos perversos do desrespeito ao sistema de garantias fundamentais.
6. Neste contexto de risco à democracia, deve-se ser intransigente com a preservação das conquistas alcançadas, a fim de buscarmos a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Em suma, como instituição incumbida da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, o Ministério Público brasileiro não há de compactuar com medidas contrárias a esses valores, independentemente de quem sejam seus destinatários, públicos ou anônimos, integrantes de quaisquer organizações, segmentos econômicos e partidos políticos.
Adriane Reis de Araújo – MPT
Afonso Henrique de Miranda Teixeira - MPMG
Afrânio Silva Jardim – MPRJ (Procurador de Justiça aposentado)
Alexander Martins Matias - MPSP
Antonio Alberto Machado – MPSP
Antonio Visconti – MPSP (Procurador de Justiça aposentado)
Arthur Pinto Filho - MPSP
Bettina Estanislau Guedes – MPPE
Cristiane de Gusmão Medeiros - MPPE
Daniela Maria Ferreira Brasileiro - MPPE
Daniel Serra Azul Guimarães – MPSP
Domingos Sávio Dresh da Silveira - MPF
Eduardo Dias de Souza Ferreira - MPSP
Eduardo Maciel Crespilho – MPSP
Eugênia Augusta Gonzaga – MPF
Eumir Ducler Ramalho - MPGO
Fabiano Holz Beserra - MPT
Fernanda Peixoto Cassiano – MPSP
Francisco Sales de Albuquerque – MPPE
Gilson Roberto Barbosa - MPPE
Gustavo Roberto Costa – MPSP
Helio José de Carvalho Xavier – MPPE
Inês do Amaral Buschel – MPSP
Jackson Zilio - MPPR
Janaína Pagan - MPRJ
João Porto Silvério Júnior – MPGO
José Roberto Antonini – MPSP (Procurador de Justiça aposentado)
Júlia Silva Jardim - MPRJ
Júlio José Araújo Junior – MPF
Jecqueline Guilherme Aymar – MPPE
João Bosco Araújo Junior - MPF
José Godoy Bezerra de Souza – MPF
Laís Coelho Teixeira Cavalcanti - MPPE
Maísa Melo – MPPE
Marcelo Pedroso Goulart – MPSP
Márcio Soares Berclaz - MPPR
Margaret Matos de Carvalho - MPT
Maria Ivana Botelho Vieira da Silva – MPPE
Maria Izabel do Amaral Sampaio Castro – MPSP
Nívia Mônica Silva - MPMG
Osório Silva Barbosa Sobrinho – MPF
Paulo Busato - MPPR
Plínio Antonio Britto Gentil - MPSP
Raphael Luis Pereira Bevilaqua – MPF
Renan Bernardi Kalil – MPT
Renan Severo Teixeira da Cunha – MPSP
Roberto Brayner Sampaio - MPPE
Rômulo de Andrade Moreira – MPBA
Sérgio de Abritta - MPMG
Silvia Amélia de Oliveira - MPPE
Sueli Riviera – MPSP
Thiago Alves de Oliveira - MPSP
Thiago Rodrigues Cardin - MPSP
Tiago Joffily – MPRJ
Tadeu Salgado Ivahy Badaró – MPSP
Taís Vasconcelos Sepulveda - MPSP
Westei Conde Y Martin Junior - MPPE
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sexta-feira, 18 de março de 2016

O fascismo no Brasil, um exercício de memória

Entre os movimentos políticos que abalaram a cidade no período pré-guerra, nada foi mais forte que os participantes do Integralismo cujo líder era Plínio Salgado. Movimento fascista espelhado tanto em Mussolini como no nacional socialismo de Hitler, encontrou apoio principalmente entre os descendentes de alemães e italianos, que residiam em Curitiba, tendo também como adeptos seguidores das religiões católicas e luteranas.
Eram comum os desfiles dos simpatizantes do integralismo pelas ruas da cidade, todos vestindo camisas verdes, uma cópia tupiniquim dos camisas negras do fascismo italiano e dos camisas marrons, do nazismo alemão. Ficou famosa a reunião realizada no Teatro Guayra, à noite, após um desfile pela cidade com os participantes portando archotes. Uma verdadeira marcha au flambeau.
(extraído da coluna Nostalgia da Gazeta do Povo- Paraná)

A imagem aterradora do fascismo

Impressionante e assustador registro do que está sendo provocado no Brasil sob o olhar cínico de políticos e empresários que estão aderindo ao golpe, a campanha midiática comandada pela rede Globo e o uso seletivo da Lei .

ALERTA- mantenham distancia dos fascistas.
Um estudante de 17 anos com mochila vermelha foi agredido fisicamente e quase foi linchado pelos manifestantes. Reparem que tem pessoas fazendo uso de bebidas alcoólicas e estão completamente alteradas. Sim senhoras e senhores, esta é a imagem do FASCISMO.ATENÇÃO- aviso para quem tem opinião contrária aos fascistas, não tentem argumentar, a violência é clara, mantenham distância desse tipo de pessoa.
Publicado por Geração Coca-Cola em Quinta, 17 de março de 2016

quinta-feira, 17 de março de 2016

Vice-prefeita procura um partido


A vice-prefeita Paula Mascarenhas parece estar à procura de um partido.
Filiada ao PPS, pelo qual concorreu ao cargo que ocupa, desde que Bernardo de Souza foi praticamente excluído do PSB numa disputa de poder com Beto Albuquerque, já ensaiou uma negociação frustrada com o PMDB  numa reunião , bastante divulgada e um pouco insólita, em que pediu aos intermediários que primeiro se entendessem.
Desta vez, atraída por um convite de Beto Albuquerque, voltou-se ao PSB.
Fica-se em dúvida se tem conhecimento que o partido já vem mantendo um trabalho da candidatura própria de Rogério Salazar , integrante histórico do PSB, discutido ao longo de várias reuniões inclusive, duas delas, com a participação dos pré-candidatos.
Este trabalho busca resgatar a identidade do partido localmente e reorganizar sua estrutura partidária bastante afetada desde que Beto Albuquerque negociou a vinda de Catarina Paladini para a sigla o que representou o afastamento de Marcus Cunha, um quadro qualificado, hoje vereador pelo PDT e potencial candidato a prefeito.
Estamos, assim, diante de mais uma situação em que os interesses e  projetos individuais de candidatos, são colocados acima dos interesses partidários.
Pobres partidos, pobre política brasileira.

Para entender o que se passa hoje - recorrendo a João Capiberibe












O golpe militar de 1964 é o desfecho de uma conspiração que começou a ser desenhada uma década antes. Os eventos trágicos de 31 de março de 1964 que culminaram no dia seguinte, 1º de abril, com o fim do governo democrático do presidente João Goulart, o Jango, não se resumem ao que é contado nos bancos escolares de hoje em dia. É uma longa história, até hoje mal contada.   A meu ver, é preciso viajar no túnel do tempo até o ano de 1954.
Em 1963, com a volta do sistema presidencialista, expressa pelo voto popular em plebiscito, os governadores da Guanabara, Carlos Lacerda, e de Minas Gerais, Magalhães Pinto, em conluio com chefes militares, iniciam o processo de desestabilização do governo Jango, contando com o apoio das elites e da imprensa.    SEGUE >>> 

A Bicicleta Vermelha: quando vamos acordar e entender o que está acontecendo no Brasil?


Manifestantes agridem dois jovens durante ato contra o governo...
Eu estava na Avenida Paulista com alguns amigos quando começou uma manifestação de opositores ao governo Dilma. Vi quando esses dois jovens foram hostilizados por simplesmente estarem com uma bicicleta vermelha e, segundo os manifestantes, terem "cara de petistas". As agressões começaram quando um dos manifestantes gritou "Fora Lula" no ouvido da moça que respondeu "Não!". Acompanhamos os dois até a base da PM, eles reconheceram um dos agressores, que deu um soco no rapaz, e foram para a delegacia registrar ocorrência.Eu também fui hostilizado por estar com um boné vermelho com o escrito: Zona Sul.É isso que o Moro e a Globo estão fazendo pelo Brasil! Dando "combustível" para uma gente claramente desequilibrada (é só ver todos vídeos bizarros das manifestações).
Publicado por Warley Alves em Quarta, 16 de março de 2016


quarta-feira, 16 de março de 2016

Eu e Naná - Antonio Nobrega













A desproporção com que a vertente cultural ocidental ou americanoeuropeia se sobrepõe à índio-africano-ibérico-popular é de atordoante violência.

Admiro muitíssimo a música de Stravinsqui, de Bach, de Mozart; acho um deleite escutar tanto sinfonias de Beethoven como canções de Bob Dylan, dos Beatles, etc. Mas o seguinte é esse: temos de ser bem mais a favor da música do Brasil, porque se não tivermos o zelo e cuidado que ela merece e precisa, em breve desaparecerá, ou se degenerará. Ou vai virar folquilore!

Vai-se Naná Vasconcelos, acompanha-o um país que se esvai, que se contorce, que sangra...e que não consegue se recompor. Não é simplesmente pelo fato de ser brasileiro que me determino a arrazoar da maneira como aqui estou hoje a fazer!

Essas considerações decorrem da percepção de que o grande armazém, o nosso exuberante caldeirão de representações simbólico-populares – pulsos rítmicos, formas e gêneros poéticos, modos de atuação teatral, etc. e etc. – não é devidamente legitimado, reconhecido. É cada vez mais proscrito, isso sim!

É uma lástima não conseguirmos dar ouvidos a escritores como Mário de Andrade, Darcy Ribeiro, Ariano Suassuna, para citar só os mais recentes dentre tantos outros que já se foram, pensadores que se empenharam em buscar entender e diagnosticar os nossos males e problemas culturais.

Não pensamos Brasil.

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terça-feira, 15 de março de 2016

Feitiço contra o feiticeiro - P.R.Baptista



Se tivéssemos que apontar um ponto positivo da presidente Dilma poderia ser ter impedido, com sua vitória nas eleições, que Aécio Neves assumisse.
Dentro do quadro dos políticos brasileiros, que é decepcionante, o ex-governador de Minas e atual senador, consegue ser particularmente patético e histriônico.
No caso das manifestações do dia 13 um fato ressaltou esse aspecto.
Após convocar enfaticamente para que houvesse adesão e conseguindo encorajar a que o acompanhasse até mesmo o governador Alkmin, normalmente muito cauteloso, foi surpreendido por uma reação muito forte, revoltada e agressiva, contrária à sua presença na avenida Paulista no dia 13.
Tanto Aécio quanto sua comitiva na qual se encontrava o próprio Alkmin, sob ataques e insultos indignados com suas presenças, aos gritos de oportunistas, tiveram que ser escoltados para que pudessem sair do local.
 Enquanto isso, em Brasília, Bolsonaro era saudado como herói.
Isso deixa claro que essa massa humana, colorida, indignada, mas em grande parte despolitizada, instigada pela grande mídia tendo a Rede Globo a conduzir um coro,  e que tem acorrido às ruas, está extremamente vulnerável a ser conduzida por um líder que lhe pareça mais decidido, mais radical, que possa impor, se necessário, o emprego da força e toque de recolher

domingo, 13 de março de 2016

É agora ou nunca - Roberto Amaral




O governo precisa de um novo rumo 
e deve iniciá-lo denunciando o golpe do qual é vítima

Não era previsível a brutalidade humana e política do espetáculo, mas a ninguém de juízo pode haver surpreendido a coação – sequestro é a definição preferida – e a ilegalidade ostensiva de que foi vítima o ex-presidente Lula no último dia 4.

De há muito ele sabia, e a militância pressentia, que era a bola da vez, a pedra incômoda no meio do caminho, posto que pouco renderia à direita a deposição pura e simples da presidente Dilma Rousseff se permanecesse de pé (como de pé permanece) a possibilidade – ameaça para ela, direita – de o governo ser recuperado pelas forças progressistas mediante eventual eleição de Lula em 2018.

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sexta-feira, 11 de março de 2016

A praça está enfeitada - P.R.Baptista

"Os senhores apagaram as mulheres trabalhadoras da história. 
Nós trabalhadoras varreremos os senhores do mundo"
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Manifestação feita na praça da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas. A Faculdade foi fundada em 12 de setembro de 1912, por iniciativa de um grupo de professores do Ginásio Pelotense, sendo a segunda mais antiga do estado precedida apenas pela de Porto Alegre. O primeiro diretor foi o professor José Júlio Albuquerque Barros, que formou a primeira turma de direito no ano de 1916.
Entre as inúmeras mulheres que cursaram a faculdade cabe lembrar as pioneiras Heloísa do Nascimento ( primeira professora de Direito da Brasil) e Sophia Galanternick, (primeira mulher Promotora Pública no RS),.
A encantadora praça em frente à faculdade, infelizmente, permanece permanentemente mal cuidada sem receber a devida atenção quer da própria faculdade, da Prefeitura e tampouco dos alunos que devem supor não se tratar de algo que lhes diga respeito.
Costuma abrigar moradores de rua que se misturam com os alunos nos intervalos.
Para não ser incorreto vejo por vezes, quando por ali passo, um trabalhador, creio da Prefeitura, varrer as folhas caídas.
Só não sei se junto varre também os senhores do mundo...


quinta-feira, 10 de março de 2016

Roberto Amaral segue Erundina e sai de um PSB desfigurado













PSB, ADEUS ÀS SUAS BANDEIRAS
Após apoiar Aécio no segundo turno e alinhar-se com forças da direita, tendo Beto Albuquerque como um dos articuladores, o horizonte do PSB parece levar inexoravelmente a trazer Alckmin para candidato a presidente.
Aos se afastar do PSB , Roberto Amaral, declarou que o PSB “está virando instrumento do golpismo”.
Em setembro de 2015, disse que a então provável definição do PSB de deixar a posição de independência em relação ao governo Dilma Rousseff, assumindo o papel de partido de oposição, era um “ato de absoluta coerência com o caráter dos atuais dirigentes do PSB”.
“Eu acho até que é mais correta a posição assumida do que de uma independência fraudulenta. 
O PSB, desde outubro de 2014, joga no campo da direita", disse à época..
LEIA TODA A MATÉRIA >>>

quarta-feira, 9 de março de 2016

FEMINISMO : Fidelidade Histórica - P.R.Baptista

Tem sido veiculado reiteradamente que "no Dia 8 de março de 1857, morreram aproximadamente 130 mulheres carbonizadas, quando foram trancadas na fábrica de tecelagem, em Nova York, onde trabalhavam, por estarem em greve. Em homenagem a estas mulheres, em 1910, este acontecimento entre tantos foi um dos que incentivou a criação do dia 8 de março como o “Dia Internacional da Mulher”.
Buscando as fontes, verifica-se que a data de 8 de março de 1857 corresponde à uma manifestação de operárias do ramo de confecção reivindicando melhores condições de trabalho, jornada de 10 horas e direitos iguais para as mulheres.
O incêndio que se costuma associar à data do Dia Internacional da Mulher ocorreu em 25 de março de 1911 na The Triangle Shirtwaist Factory em Manhattan, New York City .
A foto ( anexa) que se incorpora ao texto pode não estar vinculada diretamente ao fato.

Um exército de Doutores desempregados- por Hugo Fernandes-Ferreira






O resumo da história é… Temos um exército de graduados analfabetos funcionais e de mestres que não merecem o título. Em um pelotão menor, mas ainda numeroso, doutores cujo diploma só serve para enfeitar a parede. Bilhões de reais gastos para investir e manter um grupo cujo retorno científico é pífio para o país. Entretanto, esse não é o pior cenário.
Vou contar uma história para vocês, para que entendam em que ponto a Ciência brasileira se insere nessa crise. Ao personagem, dou o nome de Carinha. Obviamente, é uma história generalista, que jamais pode ser aplicada a todos, mas pelo menos a uma enorme parcela dos acadêmicos. Você verá muitos amigos seus na pele do Carinha. Talvez, você mesmo.
1 – No começo dos anos 2000, principalmente a partir de 2005, novas universidades começam a surgir e o número de vagas, inclusive nas já existentes, aumentam vertiginosamente. A estrutura também melhora e as taxas de evasão de cursos de Ciência básica (Física, Química, Biologia e Matemática, por exemplo) caem. O Carinha, então, ingressa em um desses cursos.
2 – O Carinha que entrou em 2005 e se formou em 2009 passou o período da faculdade desconhecendo o mercado de trabalho do seu curso fora do meio acadêmico. Ao seu lado, muitos colegas que passaram quatro anos sem saber nem o que estavam fazendo. Para o Carinha, não havia outra solução a não ser lecionar em escolas ou tentar o Mestrado, que oferecia bolsa de pesquisa de R$ 1.100,00. Mas, para isso, teria que passar por uma difícil e concorrida seleção. Até que, com o aumento do número de programas e bolsas de pós-graduação, ele viu então que aquilo não era tão difícil assim. Em 2010, torna-se mestrando.
3 – Enquanto seu amigo engenheiro civil****, recém-formado, já está dando entrada para comprar um carro, o Carinha usa sua bolsa para pagar seus pequenos gastos pessoais, além de sua pesquisa sem financiamento externo
(****PS. Permitam-me uma edição aqui. Fui infeliz quando exemplifiquei o colega como um engenheiro civil, pois o mercado para esse profissional atualmente também encontra-se em crise. Tente imaginar qualquer profissão facilmente absorvida pelo mercado de trabalho privado e o texto continuará com o mesmo objetivo).
Em dois anos, o Carinha tenta produzir alguns artigos para enriquecer o currículo. Tem planos para publicar cinco, mas publica um, em revista de qualis baixo. Em paralelo, entra num forte estresse para entregar sua dissertação e passar pelo forte crivo da banca, que pode reprová-lo. Será? Na semana de sua defesa, seu colega também é aprovado, mas com um projeto medíocre e mal conduzido, que, apesar de criticado, foi encaminhado pela banca porque reprovações não são interessantes para a avaliação de conceito do Programa. Normas do MEC.

sexta-feira, 4 de março de 2016

MARCO AURÉLIO: MORO ATROPELOU REGRAS



Primeira crítica contundente do Supremo Tribunal Federal à ação do juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula nesta sexta-feira 4 veio do ministro Marco Aurélio Mello; 
"Condução coercitiva? O que é isso? 
Eu não compreendi. Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão de resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado", afirmou; 
"Precisamos colocar os pingos nos 'is'", continua; 
Mello criticou o argumento de Moro, de que a medida foi tomada para assegurar a segurança de Lula; 
"Nós, magistrados, não somos legisladores, não somos justiceiros", e ensinou: "Não se avança atropelando regras básicas"