quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Punta del Este, branca e sofisticada, sonho de consumo de muitos brasileiros.


A cada poucos dias surge uma discussão nova na mídia e nos grupos sociais.
A mais recente relaciona-se com o texto de Paulo Santana sobre Punta del Este que, em alguns momentos, lembra um anúncio mostrando as vantagens. sob uma ótica muito presente dentro do mercado turístico e imobiliário,  de se visitar e, eventualmente, investir no balneário uruguaio.
Ressalta, na verdade,  aspectos que frequentemente em nossa sociedade são tidos como positivos e aparecem incorporados, embora não de forma assim , obviamente, tão escrachada, em´propaganda de venda de condomínios, por exemplo.
frequentadoras de Punta del Este
E são exatamente esses aspectos que leva para Punta del Este um contingente de argentinos e brasileiros à procura de seu ambiente sofisticado e europeizado , uma espécie de Côte d´Ázur sul-americana,  assim como, um pouco segundo aspectos semelhantes, Gramado atrai turistas.
Também , até agora, já se disse muita coisa, de certa forma praticamente tudo que se podia dizer, sobre a natureza racista e xenófoba do texto.
Quase sempre levantando críticas, críticas fortes, procedentes se diria.
A única defesa com um certo alcance partiu de Marcos Coimbra que afirma, inclusive, ser desafeto de Santana.
Surgiu muito, também, a acusação do cronista estar senil.
Não é de duvidar, embora não seja demais ressaltar que senilidade não é exatamente algo a ser atacado, do ponto de vista médico é um processo ao qual todos nós, sem exceção, podemos estar sujeitos com a idade avançada.
Só não caberia, claro, alguém nessas condições ter o espaço que tem para escrever publicamente.
Hotel e Cassino Conrad, símbolo da cultura de Punta del Este
Mas , a  todas essas,  Paulo Santana fica exatamente no ponto onde sempre quis estar e que lhe permitiu ter a notoriedade que tem.
No centro de uma polêmica, do tipo falem mal de mim, mas falem.
Até hoje, porque há leitores que apreciam, o estilo deu certo.
Ou seja,  para ele e para o jornal que o emprega, parece ter sido um bom negócio.
Temos hoje na imprensa brasileira vários exemplos de jornalistas e de programas que, um dia sim outro não, dão voz a um discurso com diferentes graus de golpismo e racismo , para ficar por aqui, com público certo.
Pelo menos, hoje, os blogs e as redes sociais, criam uma alternativa para a expressão de idéias, um contraponto que tem conseguido neutralizar um pouco os efeitos desse tipo de jornalismo.
Mas, para situar melhor a questão, para quem não leu, transcrevemos ( e vejam, lhe dando mais publicidade) o texto de Paulo Santana.

P.R.Baptista

Paulo Sant'Ana: o céu de Punta

Punta del Este é um paraíso encravado no inferno do Uruguai.

Punta del Este foi erguida pelos argentinos para gozar as delícias da praia, a delicadeza do trânsito e, principalmente, a vantagem enorme de não conviver com os uruguaios. Há gente de todo o mundo em Punta, menos uruguaios. Por isso, os argentinos se refugiaram lá.

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Mas, aos poucos, os argentinos estão cedendo terreno em Punta del Este para os brasileiros, em breve haverá mais brasileiros em Punta do que argentinos.

É que as sucessivas crises financeiras que assolaram a Argentina pós-Perón foram empobrecendo os portenhos e eles passaram a vender suas casas e apartamentos em Punta del Este.

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Não vou a Punta del Este por sua beleza natural e arquitetônica, que é indiscutível. Vou por dois motivos: os cassinos e os pêssegos.

São os pêssegos mais deliciosos do mundo, os de Punta, mais doces que as tâmaras do Líbano e mais suculentos que as laranjas de Taquari.

Pena que os pêssegos de Punta não dão nas quatro estações. Mas na única estação que vicejam já me bastam para comer centenas deles em apenas 60 dias.

Não é preciso dizer que tanto o Oceano Atlântico quanto o Rio da Prata, que banham as duas margens da península em Punta, têm águas geladas, nem sei como alguns turistas se atrevem a mergulhar nelas.

Se Punta del Este tivesse as águas das suas praias quentes como as de Jurerê, seria a cidade mais frequentada do mundo.

Mas a água é gelada, nem pinguim conviveria com ela.

Mas as ruas e avenidas de Punta são limpíssimas, arejadas por árvores inúmeras e têm um trânsito pacífico e convidativo como não há igual em nenhuma cidade do planeta.

Eu nunca vi um acidente de trânsito em Punta del Este. Dizem que já houve, mas eu nunca vi. É de admirar isso, afinal é estreita a península, mas acontece que o trânsito só é intenso no verão. No inverno, parece trânsito destinado exclusivamente aos pedestres, tão suavemente se comportam os motoristas em Punta.

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Finalmente, é incrível, mas não há sequer um negro em Punta del Este. A 150 quilômetros de Punta, em Montevidéu, há milhares de negros.

Mas em Punta nenhum empregado, nenhuma empregada doméstica negra, nem camareiras de hotel.

Foi feita em Punta uma segregação racial pacífica e não violenta.

Há mais negros na Dinamarca e na Noruega do que em Punta del Este.

Ou melhor, não há sequer um só negro ou uma só negra em Punta.

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domingo, 28 de dezembro de 2014

Escrever, por Lilian Velleda Soares

Entre os escritores e escritoras que vivem em Pelotas, às vezes encontro Lilian Velleda Soares.
Considerando a desatenção existente com relação aos escritores locais, imagino que ainda pouco conhecida.
No entanto mostra-se uma escritora muito sensível e talentosa, apenas à espera dos leitores.
Transcrevo da autora uma crônica publicada na "Palavraría" sobre o ato de escrever, tema que tem em "Cartas a um Jovem Poeta" de Rilke uma importante referência.

P.R.Baptista
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Escrever

Diz-me por que escreves, pediu a minha querida Hilda Simões Lopes. 
Não hoje, nem agora. Mas quero partilhar o motivo. 
Um dia encontrei Ernesto Sabato. 
Ele cochichou no meu ouvido haver “provavelmente, duas atitudes básicas que dão origem aos dois tipos fundamentais de ficção: ou se escreve de brincadeira, para entretenimento próprio e dos leitores, para passar e fazer passar o tempo, para distrair ou procurar alguns momentos de evasão agradável; ou se escreve para investigar a condição humana, empresa que não serve de passatempo nem é uma brincadeira nem é agradável”. 
Eu li e reli, alternando dias e meses, esta passagem de O Escritor e Seus Fantasmas. 
E a pergunta feita se insinuou em mim entre um escrito e outro. 
Ela me pertubou por agulhar a necessidade de uma resposta – se eu escrevia para satisfazer minha vaidade, ou por necessidade. 
Eu fugi da resposta, descobrir-me incapaz de contar histórias desconcertava. 
Dor doida.  
Aos poucos descobri que a escrita provedora da vaidade não resiste ao tempo, não suporta a crítica, não enxerga seus limites. 
Narcísica, é incapaz de ver beleza e verdade na escrita alheia – sim, o narcisista desqualifica o que não é seu, por ser incapaz de compreender. 
Acalmei minhas dores ao perceber que sempre se rediz o já dito, cada escritor com uma resposta para  essa indagação. 
E que escrever é difícil, um auto-imolamento. 
Eu me imolo nas canetas e papéis que diante de mim vou amontoando, no pensamento que persigo durante o dia e enquanto durmo em sono profundo. 
Eu me rasgo nesse ato simples e rotineiro de dizer.  
Escrevo atrás de significado para a vida minha e de outros Eus, para repousar os ossos dos dias e entender a calmaria ou o furacão do infinito de dentro. 
Mergulho nessas letras todas, acolherando signos (resiste à tentação de amontoar palavras, adverte-me o escritor!).  
Eles falam de mim e do mundo, e então sinto uma coceira desde os pés até o olho, e vou me entregando endemoniada ao branco da página em branco diante dos olhos turvos pela urgência de dizer. 
O fato é que às vezes sei o início, geralmente sei o fim, busco um meio de caminho, uma ponte que reinstale a minha inteireza e me dê um pouco de paz pelo menos até o próximo rebento. Sim, são meus filhos os meus escritos, eles re-significam a vida. 
Talvez eu não deva, talvez não tenha nada a dizer ao Outro. 
Mas se eu disser apenas para mim (também outro um instante depois), está bom. Posso, pela escrita, me salvar.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Cidade argentina proíbe concursos de beleza por considerá-los sexistas

A questão do feminismo, ou seja, da luta por parte da mulher por direitos com destaque para a dignidade de seu papel dentro da sociedade, tem ganhado, ultimamente, aspectos novos. 
Há muito, por exemplo, são contestados eventos nos quais a mulher se expõe de forma, muitas vezes, discutível . 
Mesmo considerando que são situações, em grande parte,  às quais  a própria mulher se submete  aparentemente de bom grado, cabe sua discussão.
E a notícia, a seguir reproduzida, de recente proibição em uma cidade argentina parece ser um pretexto bem interessante para isso. 

P.R.Baptista
Editor de A METADE SUL


Com desfiles e exibições dos atributos físicos femininos, os concursos de beleza discriminam a mulher e são sexistas, considerou a Assembleia municipal de uma cidade dos Pampas argentinos, que decidiu proibir eventos deste tipo.
A medida foi adotada pelos vereadores de Chivilcoy, 160 Km a oeste de Buenos Aires, uma cidade situada em meio a verdes campos cultivados de soja e que tem uma população de 60.000 habitantes.
"Estes concursos de beleza entre meninas, adolescentes e jovens reforçam a ideia de que as mulheres devem ser valorizadas e premiadas exclusivamente por sua aparência física", diz o texto da lei, aprovada por ampla maioria.
A casa legislativa é controlada pela peronista Frente para a Vitória, no poder em nível federal, e a iniciativa é a primeira do tipo adotada em uma cidade argentina.
Os concursos para eleger a mais bela se baseiam em "estereótipos, promovendo assim, em muitos casos, uma verdadeira obsessão pela beleza física, por um ideal de perfeição que nunca se alcança", prossegue a resolução.
Os parlamentares consideraram, inclusive, que os concursos "desatam doenças como bulimia, anorexia e outros transtornos alimentares".
"A beleza não é um fato objetivável. Portanto, qualificá-la e organizar um cenário de competição é uma situação discriminatória e violenta", acrescenta a norma.
No lugar do concurso, os legisladores aprovaram que a festa municipal de Chivilcoy seja substituída por "uma convocação que reconheça pessoas de 15 a 30 anos que, de forma individual ou coletiva, tenham se destacado em atividades solidárias, com vistas a melhorar a qualidade de vida de bairros desta cidade ou localidades de campanha".
Fonte AFP 

sábado, 20 de dezembro de 2014

A vingança dos coronéis - Roberto Amaral

Empolgado pela candidatura de Eduardo Campos, o PSB após sua morte enveredou por um caminho determinado por circunstâncias momentâneas. Primeiro a candidatura de Marina que demonstrou uma fragilidade rapidamente percebida pelo próprio eleitorado e, a seguir, o apoio a Aécio Neves no segundo turno que foi o epílogo desta curta e equivocada trajetória que colocou a perigo uma longa e honrosa trajetória política do PSB de Arraes.. Roberto Amaral que discordou desse projeto ao final derrotado expõe sua visão.

P.R.Baptista
Editor de A METADE SUL

Uma das mais belas características da militância de esquerda, na realidade um dos seus valores mais caros, é a solidariedade. Perseguidos em seus países, ameaçados em sua sobrevivência material ou mesmo sua integridade física, socialistas, comunistas, progressistas em geral muitas vezes puderam contar com a imprescindível ajuda dos seus pares. Outras tantas vezes, foram abrigados por gente simples, trabalhadores pobres, camponeses, ignorantes de quase tudo mas não desse valor universal, que antecede e transcende o embate político: a solidariedade humana.
Justiça seja feita, militantes perseguidos pelo ‘crime’ de pensar e opinar encontraram abrigo, inclusive, no seio da burguesia. Durante a última ditadura militar, grupos empresariais os mais poderosos, incluída a emissora de televisão que começava a tornar-se um império em conluio com o regime castrense, contaram com o talento e a criatividade de jornalistas, escritores e artistas de esquerda perseguidos pelo regime. Oduvaldo Viana Filho e Dias Gomes, por exemplo, mantiveram o sustento de suas famílias escrevendo telenovelas para a vênus platinada.
Na França conturbada pela guerra da Argélia, oficiais de seu Estado-Maior pediram ao presidente De Gaulle que perseguisse Jean-Paul Sartre, por incitar os argelinos à luta pela independência. O general reagiu com sabedoria: “- Não se prende Voltaire!”
Faço essas observações para contestar o mais novo gesto lamentável da troika que tomou de assalto o PSB: exonerar funcionários ligados a mim, todos de competência jamais contestada, como forma de punição pelos meus ‘crimes de opinião’. Partem, agora, para destituir os presidentes de regionais provisórias que guardam a independência e a dignidade, que deveriam ser o apanágio de todo presidente. Começaram pelo Rio de Janeiro e pelo deputado Glauber Braga. Em vez do debate, em vez da salutar contraposição de reflexões, de argumentos, que faz a vida de qualquer agremiação digna do nome “Partido” (e muito especialmente dos partidos ditos de esquerda)… em vez disso, a reprimenda obtusa, com ranço de coronelismo.
E assim depõem as respectivas digitais no crime de desconstruir um partido. Quem viver, verá.
Após a surpreendente (fiquemos com o suave adjetivo) guinada do segundo turno da última disputa presidencial (guinada que de há muito vinha sendo costurada pelos setores mais atrasados do partido), em que optou por aliar-se à direita dita social-democrata que sempre combatera – quando sob as lideranças vigorosas de Jamil Haddad e Miguel Arraes –, o ainda PSB encontra-se numa espécie de limbo do qual dificilmente poderá sair. Renegando seu Programa, seu Estatuto, as decisões do seu último congresso, o Partido afastou-se da esquerda, mas reluta em integrar-se, de corpo e alma, às fileiras da oposição reacionária e de direita ao governo Dilma. Tampouco apresentou à sociedade brasileira suas credenciais de catalisador de uma ‘terceira via’ alternativa à dicotomia PT-PSDB. Nessas condições, vai-se assemelhando – e aproximando, como é natural – tanto ao camaleônico PSD quanto ao minguante PPS, melancólica contrafação do PCB, entre outras agremiações do estilo. Agora, o partido que sempre integrou e muitas vezes liderou blocos de esquerda, constitui na Câmara Federal um bloco bem à feição da troika, pois integrado pelo nosso PSB, pelo famigerado Solidariedade do Paulinho da Força e o citado PPS. Isso – pasmem! – sem a devida consulta à bancada atual, e menos ainda à que tomará posse em fevereiro próximo.
O PSB é conhecido do eleitorado pelas administrações municipais e estaduais que comandou, no geral com bom êxito. Mas que projeto defende, hoje, no plano nacional? Que compromissos assume (não se iludam: não se faz política sem assumir compromissos)? Está comprometido com a inovadora emergência das massas, com a superação da estrutura ‘Casa-Grande e Senzala’ que ainda molda a nossa sociedade? Ou, pelo contrário, filia-se ao velho projeto do patronato brasileiro, de fazer as mudanças necessárias para que tudo permaneça como está?
E no plano internacional? O Partido afastar-se-á, doravante, da causa palestina e árabe em geral que tanto empolgava Miguel Arraes, do compromisso com a integração latino-americana e do diálogo com países amaldiçoados pelo Departamento de Estado dos EUA, rasgando de novo toda a sua história?
Tudo isso são questões fundamentais, para as quais é fundamental haver respostas, ainda que tentativas. Trata-se, claro, de um desafio. É pena que a nova direção do ainda PSB se mostre incapaz de enfrentá-lo, e tente intimidar, com exonerações sumárias, quem o propõe.
Em lugar da Política, em lugar do debate, o gesto espúrio, a iniquidade. Ao invés da grande Política de que nos falava Gramsci, a pequena política, rasteira, pedestre.

Roberto Amaral

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Escritores Brasileiros - Manoel Magalhães

Observo, com alguma tristeza, que de um modo geral dá-se muita atenção ao que vem de fora, de preferência de Paris ou Londres, e pouca ao que é local ou até mesmo nacional.
Diria que isto se aplica a Manoel Magalhães, escritor de grande talento, mas que nem sempre recebe a atenção que lhe seria devida.
Até bem pouco mantinha o blog Cultive-Ler, de grande qualidade, mas que optou por encerrar em parte devido exatamente ao aspecto que levantei.
Aproveito para transcrever um texto de sua autoria dentro do espírito de A METADE SUL  de criar espaços de contraponto às formas de dependência.

P.R.Baptista
Editor



O silêncio é bom filósofo. E conselheiro.
 Em uma sociedade barulhenta como a nossa, a maioria das pessoas sentem-se desconfortáveis com ele. Geralmente deseja comunicar-se com nosso interior, com o intuito de ouvir-nos e recomendar-nos instantes de reflexão. 
Entretanto, fechamo-nos a ele, ouvidos atentos ou não aos ruídos característicos da vida contemporânea. 
Confesso-lhe, amigo leitor, que gosto muito do silêncio e de estar em silêncio.
Criei-me numa zona da cidade onde à noite ouvia-se claramente o coaxar dos sapos nos charcos, o estalar da madeira da casa, o piar da coruja, o vento confessando mistérios às árvores e outros fenômenos causados pela falta de barulho. Tudo isso reforçado pela luz do lampião a querosene, aumentando o sossego e diminuindo a fronteira entre o visível e o invisível. À noite tudo me parecia mágico. 
À cabeça do menino que fui havia a certeza de que a quietude causava a magia que se desenrolava à minha volta. Sem pressa, quase como num ritual, pegava lápis e papel na tentativa de relatar as sensações oriundas do momento.
 O relato, em letras praticamente ilegíveis, ia brotando de meu interior, aquecendo-me o peito, tornando o silêncio absurdamente palpável. 
Hoje, ao sentir-me sacudido pelas inquietações, fecho os olhos e tento materializar a mesma paz.
 Aos poucos sobrevém o sossego, o coração se desacelera e sou capaz de ouvir, de forma tímida inicialmente, a sinfonia dos sapos, o piar da coruja, o segredar do vento às árvores, o estalar de tábuas...
E no fundo dos olhos brilha a chama do lampião.

Manoel Magalhães

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domingo, 7 de dezembro de 2014

Aécio vs Alckmin, golpismo vs. jogo político, a disputa dentro do PSDB




Enquanto Aécio Neves, procurando manter o espaço obtido nas eleições, com ar meio tresloucado envereda por uma estratégia kamikaze de incentivar manifestações na avenida Paulista. sob o vão do Masp, que pregam o impeachment de uma presidenta que acabou de ser eleita e a volta dos militares ao poder, seu  oponente dentro do PSDB, o governador eleito Geraldo Alkmin toma um caminho diverso no qual, inclusive, tece elogios à presidenta Dilma.     

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), marcou um gol político ao criticar os pedidos de impeachment da presidente Dilma e de intervenção militar no governo. Ele se distanciou de um segmento mais radical, que não aceita o resultado da eleição e que não tem apreço pela democracia.

A democracia é tão boa que permite que haja uma manifestação em que se defenda o seu fim. Quem pede intervenção militar deveria se lembrar de que, se estivesse numa ditadura, não poderia estar na rua defendendo o golpismo. Portanto, Alckmin acertou.

O senador Aécio Neves (MG) e Alckmin certamente vão disputar a indicação do PSDB para concorrer à Presidência em 2018. E têm estratégias diferentes para atingir seus objetivos. Aécio vai assumir uma linha mais radical do que Alckmin. Ao condenar o golpismo,o governador de São Paulo saiu na frente do senador mineiro.

Alckmin também deverá dialogar com a presidente Dilma sobre a oferta de ajuda para combater a falta de água em São Paulo. Como tem de governar um Estado  e não terá de enfrentar Dilma em 2018 se for candidato à Presidência, ele pode fazer uma oposição mais moderada ao governo federal.



A página do Facebook “Vem pra rua Brasil!” fez campanha ao longo de toda a semana para reunir pessoas. Em posts, a página pede para que todos os seguidores participem do ato marcado e que, de verde e amarelo, também convidem outros manifestantes para participar.

Na rede social, foram postados vídeos de políticos e personalidades, tais como dos senadores Aécio Neves (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM) e Aloysio Nunes (PSDB), além do ex-candidato Eduardo Jorge (PV), e o cantor Paulo Ricardo, que chamavam as pessoas às ruas.

Aécio Neves, aparecendo em vídeo um tanto descomposto, como se estivesse sem dormir, afirma que  "mais do que nunca devemos estar mobilizados. Essa é a arma que nós temos, a nossa mobilização e a nossa capacidade de indignarmos com tudo o que aconteceu e acontece no Brasil”,



Fonte : BLOG DO KENNEDY
 DANIELA MARTINS